A Doce Vingança De Mel

A Doce Vingança De Mel

Melanie.

A vida era pacata e sem grandes emoções quando eu morava no interior de Minas Gerais, eu sentia que continuar ali era um grande desperdício da minha vida e juventude, foi esse sentimento de não pertencimento que me levou até o Rio de Janeiro, eu me preparava para o momento em que eu deixaria o marasmo do interior pra trás desde a adolescência, então quando eu encontrei um bom apartamento compartilhado e consegui transferir a matricula da faculdade, eu não pensei duas vezes antes de arrumar as minhas malas e embarcar rumo ao meu destino, foi como se os astros tivessem se alinhado para que os meus sonhos se realizassem.

A minha relação com Minas era incrível, eu amava o meu estado e as minhas raízes, mas eu tinha ambições que ultrapassavam as barreiras da minha pequena cidade. Eu estava eufórica pela oportunidade de finalmente começar a trilhar o meu caminho. Eu tinha 22 anos e nunca havia saído de casa para me aventurar sozinha, os meus pais sempre estiveram por perto em todas as situações, então por mais realizada que eu me sentisse com essa mudança eu também estava apavorada.

Convencer os meus pais de que seria uma boa ideia eu me mudar foi mais difícil do que eu esperava, eles não conseguiam concordar com nenhum dos meus argumentos, e quando perceberam que eu não mudaria de ideia, eles acabaram aceitando e me apoiando a contragosto. O que eu mais amava na minha mãe e no meu pai era o fato de eles sempre priorizarem a minha felicidade, e dessa vez não foi diferente.

Meu pai estabeleceu algumas regras antes de eu ir, ele pagaria pelo meu aluguel e gastos essenciais e em troca eu deveria ligar pelo menos uma vez ao dia para conversar com eles, focar totalmente nos meus estudos e ficar fora de qualquer tipo de confusão, eu achei as suas condições razoáveis e não via nenhum problema em cumpri-las. Os meus pais sempre me deram a vida mais confortável que podiam o que já era mais do que a maioria das pessoas tinham, minha mãe era psicóloga e trabalhava como terapeuta de casais há anos, meu pai era psiquiatra e atendia no hospital público de Alfenas.

A minha relação com a minha família era um dos maiores privilégios que eu tinha, eu sempre tive tudo o que precisava principalmente afetivamente, o fato dos meus pais serem estudiosos da mente humana fez com que eles compreendessem cada uma das fases da minha vida e apoiassem sempre a tomar a melhor decisão, a maior tristeza na minha mudança era o fato de não estar mais com eles todos os dias, ouvindo suas histórias repetidas sobre suas juventudes e relacionamento. A história sobre o meu nascimento e a escolha do meu nome era a preferida deles, e eu nunca me cansava de ouvi-la.

O meu nome era Melanie pela junção de Mel e Anne, os meus pais fizeram do cartório um campo de guerra enquanto discutiam qual dos dois nomes seria mais apropriado para a bebê loira de olhos arregalados deitada nos braços da minha avó. Diante do caos que havia se tornado o cartório de registro pela discussão infindável dos meus pais, a minha avó Ruth resolveu interceder e sugeriu Melanie.

Eu particularmente gostava muito do meu nome, e o fato de ter sido uma escolha da minha vozinha só fez com que eu o amasse ainda mais.

Minha família havia organizado uma pequena festinha de despedida pra mim, foram convidados apenas os meus amigos mais íntimos e os poucos parentes que moravam próximos da gente, como era esperado a festa acabou em xorôrô e melancolia, eu estava com saudade antecipadamente.

Com as malas na traseira do carro do meu pai, dirigimos até o aeroporto de Alfenas, todo o trajeto foi ao som da minha mãe repassando mais uma vez a lista de cuidados que eu deveria ter agora que não teria mais eles por perto pra me protegerem. Eu com certeza sentiria falta da minha mãe e suas paranoias em relação à minha segurança.

A despedida no portão de embarque foi tão emocionante quanto deveria ser, eu não estava me despedindo apenas dos meus pais, era toda a vida que eu conhecia que ficava pra trás, em algumas horas eu estaria do outro lado do país, vivendo em um apartamento estranho com uma garota que eu mal conhecia, estudando em outra universidade, vivendo uma vida bem diferente da que eu sempre tive. Mas não era isso que eu queria, uma vida diferente da que eu vivia?

Olhar pela janelinha do avião e observar o quanto o mundo lá embaixo parecia minúsculo visto de cima, me acalmou por um momento, eu estava pronta pra essa nova etapa da minha vida e por mais nervosa ou medrosa que eu estivesse, eu estava pronta. Tão pronta quanto o possível.

Com as possibilidades surgindo em minha mente, eu consigo relaxar e dormir um pouco sentindo uma súbita necessidade de descansar a minha mente e o meu corpo, eu não sabia o que me esperava no Rio.

Eu sabia que meus sonhos não seriam realizados enquanto eu estivesse ali, eu queria conhecer o mundo, expandir os meus horizontes e viver a minha própria vida.

Dali pra frente eu estava por conta própria, apesar de os meus pais deixarem muito claro que estavam prontos pra me ajudar no que eu precisasse, eu sabia que eu precisava me tornar independente o mais rápido possível, precisava de um emprego no Rio, eu não queria viver pra sempre sendo sustentada pelos meus pais.

Uma das razões para que eu me mudasse era exatamente essa, eu queria amadurecer e me sentir auto suficiente, os meus pais sempre estiveram presentes, mas eu devia estar preparada para o dia em que não estivessem mais.

Com a minha mente girando de ansiedade e nervosismo, eu só conseguia pensar em como a minha vida seria dali pra frente, daria tudo certo?

Eu estava disposta a arriscar e descobrir por conta própria.

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Comments

Edjane Gomes

Edjane Gomes

vamos lá começando agora 😃

2023-03-03

5

Milca Silva

Milca Silva

atualiza por favor!

2023-02-04

1

Ver todos

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