A luz do sol invadiu a janela do meu quarto assim que o dia amanheceu, acordei meio perdida em meio ao ambiente quase desconhecido pra mim, era minha primeira manhã naquele apartamento, tudo era muito novo pra mim. Depois da visita da Gabriela ao meu quarto na noite passada, antes dela sair, eu não a vi mais e nem a ouvi chegar, depois de falar com os meus pais pelo celular, eu acabei adormecendo profundamente.
Rolei na cama por um tempo até resolver finalmente me levantar, eu estava ansiosa para conhecer a cidade, e depois de um banho rápido eu sai em direção às ruas do Rio de Janeiro. Cada lugar pelo qual eu passava era único pra mim, até mesmo os detalhes mais simples da vida urbana, por mais curiosa e ansiosa que eu estivesse para desbravar a cidade, eu me limitei a explorar somente as proximidades do meu prédio.
Um dos locais mais legais que eu conheci nesse pequeno passeio, foi uma feira que ficava a dois quarteirões da minha rua, a quantidade de produtos e a quantidade de pessoas nessa feira, era impressionante, muito diferente das feiras que eu frequentava em Alfenas, a descoberta daquele lugar me agradou muito, eu sempre prezei por produtos mais naturais e adorava cozinhar, saber que eu poderia adquirir os ingredientes orgânicos tão facilmente me animou muito.
Voltei do meu pequeno tour com ingredientes suficientes para preparar um café da manhã delicioso para mim e minha nova colega de quarto, eu queria muito agradecer pela recepção calorosa que recebi da Gabriela.
Quando cheguei ao apartamento não havia nenhum sinal da Gabriela, tudo estava silencioso e tranquilo, provavelmente ela ainda estava dormindo, depois de voltar tarde da balada ontem a noite. Comecei a preparar as panquecas e o suco de maracujá, e enquanto eu me movia pela cozinha tentando descobrir onde ficava cada utensilio, uma voz soou atrás de mim.
-Parece que alguém madrugou hoje. -me virei para encarar a voz sonolenta, e encontrei a Gabriela encostada na ilha da cozinha. Seu cabelo estava um pouco bagunçado e os olhos inchados de dormir.
Olhei para o relógio na parede e constatei que minha concepção de “madrugar” era diferente da dela, já era um pouco mais que 9:00 horas da manhã, e a expressão no rosto da Gabriela deixava claro que ela estava disposta a dormir um pouco mais.
-Eu acordei você com o barulho? -perguntei, me sentindo um pouco culpada por estar revirando sua cozinha e a acordando.
Gabriela puxou um dos bancos da ilha e se sentou, com um pequeno sorriso tranquilizador.
-Não esquenta, eu disse que podia me chamar se precisasse de alguma coisa, e você claramente precisa de algo agora. Como posso ajudar?
-Eu pensei em preparar o café da manhã para nós duas, e estou um pouco perdida na sua cozinha, não sei onde fica os utensílios de que preciso. -eu assumo.
Ela se levanta e caminha em direção aos armários, eu vou ditando todas as coisas da qual preciso para fazer a refeição, depois me dispor na minha frente todos os itens que eu peço, Gabriela se senta novamente na banqueta alta.
-Você gosta de cozinhar? -ela me pergunta distraidamente, enquanto digita algo em seu celular.
-Sim, eu gosto muito de preparar as minhas refeições, e adoro oferecer as minhas receitas para as pessoas ao meu redor. -eu digo, me concentrando em preparar a massa das panquecas.
-Eu sou uma negação na cozinha, por favor, não espere que eu retribua esse gesto culinário, tá? Mas se você quiser tomar uma bebidinha, eu sou a pessoa certa para preparar. -ela brinca, descontraída.
Eu rio de sua sinceridade.
-Não se preocupe, esse café da manhã é apenas um agradecimento a sua hospitalidade.
Ela ergue os olhos da tela do celular e presta atenção em mim.
-De verdade, a forma como você me recebeu ontem fez toda a diferença. Eu me senti instantaneamente em casa.
Ela sorriu afetuosamente, sincera.
-Não precisa me agradecer por isso, eu estou feliz por ter encontrado uma colega de quarto como você. Eu tenho um ótimo pressentimento sobre a nossa relação, Mel. -O tom dela é extremamente amigável.
Enquanto eu preparo o café da manhã, nós duas conversamos sobre muita coisa, e a cada minuto em que nos conhecemos um pouco mais, eu percebo o quanto temos em comum. A Gabriela é tão livre e ambiciosa quanto eu, seu senso de humor é tão único e autentico, eu não consigo ficar mais do que 2 minutos sem rir perto dela.
Desligo o fogo e sirvo as panquecas em dois pratos, sirvo o suco em um copo alto com gelo e disponho a comida na frente dela. O cheiro do queijo derretido, misturado aos tomates e azeitonas é divino.
-Você não tava brincando, isso aqui tá com uma cara ótima. -ela parte um pedaço da panqueca e leva até a boca, depois de mastigar e engolir a expressão em seu rosto é de prazer.
-Isso tá muito bom, caramba. Você não devia ter exibido esse seu dote, eu vou precisar de uma assim todos os dias. -eu rio da sua empolgação com a minha comida, e sinto um quentinho por dentro, ao ver que consegui agrada-la.
-Disponha, Gabriela. -eu falo com um enorme sorriso no rosto.
Ela toma um gole do suco antes de dizer algo.
-Podemos parar com essa formalidade? Todos os meus amigos me chamam de Gabi, normalmente só minha mãe me chama de Gabriela.
-Bom, claro. Gabi tá ótimo.
Continuamos comendo e conversando por um tempo, em meio a tantos assuntos e com a nossa recém adquirida intimidade, eu resolvo pergunta-la sobre o apartamento, pra mim era estranho que uma jovem universitária tivesse um imóvel daquele nível.
-Gabi, você se importaria de me responder uma duvida sobre o apê? -pergunto um pouco receosa, por não saber qual seria a sua reação.
-Claro, o que quer saber? -ela me olha, esperando que eu prossiga com o meu questionamento.
-É que o apartamento é muito grande, o prédio é muito bom. Eu sei que o valor que pago aqui não daria para alugar nem uma kitnet aqui no bairro. Então, qual a história? Como você mantém isso aqui?
Ela sorri como se já tivesse respondido essa mesma pergunta um monte de vezes.
-O apartamento é dos meus pais, mas eles moram em Londres há 3 anos, eu não quis abandonar a faculdade para ir com eles, então fiquei morando aqui. Como os meus pais arcam com todas as despesas da casa, eu apenas cobro um valor simbólico para ter alguém que me faça companhia, é muito triste viver sozinha aqui.
-Eu sou sua primeira colega de quarto? -ela nega com a cabeça.
-Oh, não. Eu tive 3 colegas diferentes nos últimos anos, e passei quase um ano vivendo sozinha, antes de encontrar você. Eu meio que tinha desistido de encontrar alguém.
-O que houve com as outras meninas? -pergunto com curiosidade.
Ela dá de ombros enquanto mastiga sua comida.
-Digamos que eu tenha um estilo de vida muito ativo, eu gosto de receber os meus amigos, sempre nos reunimos, eu tenho bom senso, jamais faria uma festa aqui em uma semana decisiva na faculdade ou enquanto minha colega estivesse estudando ou passando por alguma situação. Mas eu queria alguém que se entrosasse comigo, e não alguém que agisse como se isso aqui fosse um hotel impessoal, eu quero conviver e criar laços com a pessoa que mora no mesmo teto que eu. -eu assinto, concordando com seu pensamento.
-Então depois de alguns meses, elas apenas iam embora por não se adaptarem aqui. E devo confessar que era um alivio.
Eu tinha muitas perguntas sobre a Gabi, mas não queria ser invasiva demais. Então apenas mudei o assunto e contei pra ela sobre o meu passeio pelo bairro mais cedo.
-Ai Gabi, pelo pouco que eu vi já sei que vou gostar muito dessa cidade.
-O Rio é incrível né? Tenho certeza de que a cidade vai atender todas as suas expectativas. Nós temos alguns dias antes das aulas começarem novamente, eu posso me encarregar de te mostrar tudo o que você precisa ver. -ela sugere com entusiasmo.
-Seria ótimo, eu tô muito ansiosa pra conhecer tudo, eu meio que fantasio com esse momento há anos.
Ela ouve atentamente sobre todos os lugares que eu já tinha planejado conhecer quando me mudasse, me mostrou fotos de outras lugares incríveis que eu nem mesmo sabia que existia, e depois do café fui levada pela Gabi rumo aos encantos cariocas.
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Atualizado até capítulo 42
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