Olá Rio de Janeiro.

Continuo encarando a mesa, buscando de alguma forma encontrar a Gabi ali, seus cabelos cacheados chamam a minha atenção, mas não na nossa mesa e sim no balcão do bar.

Caminho rapidamente até lá.

-Que bom que encontrei você, acho que fiquei perdida no caminho do banheiro até a nossa mesa.-eu parecia mesmo aliviada, o que fez a Gabriela rir.

-Só você mesma pra se perder em um trajeto tão curto Mel, a nossa mesa tá bem ali!-Gabi aponta na direção da mesma mesa que eu fiquei encarando nos últimos minutos.

-Eu tinha certeza de que realmente era aquela mesa, mas porque tem dois homens sentados nela?-talvez fosse a bebida, mas eu sentia que meu cérebro não estava funcionando muito bem.

Gabriela continuou rindo e depois de pegar as bebidas sobre o balcão ela apenas me puxou de volta para mesa, onde agora estavam sentados dois estranhos. Paramos de frente para eles, o que chamou a atenção de ambos.

Pela primeira vez eu pude ver o rosto do homem que estava de costas, e porra, era simplesmente o rosto mias lindo e bem esculpido que eu já vira. A voz da Gabi me tirou do pequeno transe no qual entrei ao ver de perto aqueles dois homens.

-Mel, esses são o Ian e o Dante. -Ian se levantou rapidamente e apertou a minha mão calorosamente, me puxando para um beijinho no rosto, algo típico dos cariocas. O seu perfume era incrível, e único.

-Um prazer finalmente conhecer você, Mel. A Gabi não tem falado sobre mais nada desde que você aceitou vir morar aqui, fico feliz que você seja tudo o que ela tinha idealizado para uma colega de quarto ideal. -sua voz é melódica e muito gentil, as palavras gentis e o sorriso em seu rosto me passam a deliciosa sensação de que nos daríamos muito bem. Eu adorava pessoas como o Ian.

Retribuo o cumprimento e também beijo o seu rosto.

-É um prazer conhecer você também, ouvi coisas maravilhosas sobre você.

Continuei ali parada, até Dante se levantar e também me cumprimentar.

Diferente de Ian, o toque de Dante era mais dominador e confiante do que caloroso, e isso foi o suficiente para que eu percebesse o contraste entre a personalidade dos dois.  O perfume deles também era muito diferente, e o toque de suas peles também me causavam sensações diferentes.

-Bom Mel, seja bem vinda. -Dantes foi simples e direto e então se sentou novamente na sua cadeira, eu agradeci sutilmente e depois da rodada de apresentações eu também me sentei novamente na minha cadeira.

Depois de um gole longo na minha cerveja, eu apenas fiquei encarando as pessoas na mesa por um segundo, até Gabi finalmente dizer alguma coisa e quebrar o silencio constrangedor.

-Então Mel, o Ian é o responsável por um projeto social bem bacana nas escolas publicas aqui do Rio, como você disse que sente falta de atuar nessa área, eu achei legal apresentar vocês. -meus olhos brilharam ao ouvir sobre o projeto de Ian.

-Serio? Caramba, isso é ótimo. Me conta tudo sobre o seu projeto, Ian.- a minha empolgação fica evidente diante da forma quase desesperada em que eu peço mais informações sobre o seu projeto.

Ian sorri, um sorriso tão perfeito que faria qualquer uma se derreter, e quando ele começa a falar sobre as crianças que ajuda, e como se sente realizado em poder fazer isso, o brilho em seus olhos entrega o quanto ele realmente ama estar envolvido nisso.

O seu projeto consistia em prestar ajuda educacional para as crianças e adolescentes mais carentes, em escolas públicas, fornecia livros, reforço escolar, os aconselhava e ouvia os seus problemas, e pude perceber que ele fazia tudo o que estava ao seu alcance para ajudá-los a resolver esses problemas. No fim da sua explicação, eu estou maravilhada com tudo o que ouço.

-Isso é incrível, cara. Eu gostaria muito de fazer parte disso, caso precise de voluntarias. -eu me ofereço imediatamente, sabendo que isso faria da minha estadia no Rio algo ainda mais incrível do que eu tinha planejado inicialmente.

-Claro, sempre precisamos de voluntários. -ele sorri novamente.

A nossa conversa depois disso caiu no campo das amenidades, Ian queria saber um pouco mais sobre a minha vida e eu também estava interessada em saber sobre a vida dele, ele parecia extremamente interessante, descobri em poucos minutos de conversa que Ian Castro além do trabalho social, também era músico e gostava muito da natureza, pela sua pele bronzeada eu perceber que ele passava bastante tempo na praia surfando ou coisas do tipo, e também estava cursando o último período de Arquitetura. Sim, ele era esse tipo de cara.

Durante o tempo em que  eu fiquei conversando com a Gabi e o Ian, em nenhum momento eu ouvi a voz do Dante, mas sentia os seus olhos em mim enquanto eu falava, então depois de muito tempo em silencio, ele finalmente resolveu participar da nossa conversa.

-Você pretende atuar como advogada, quando se formar?-sua pergunta pareceu meio fora de contexto, e até me assustou um pouco ouvir a sua grave voz soando pela mesa.

Eu estava no ultimo período de Direito, na próxima semana eu iniciaria os meus estudos na PUC Rio, que como eu já tinha ficado sabendo era a mesma faculdade em que Dante, Gabi e Ian também estudavam. A pergunta de Dante me pegou desprevenida também pelo fato de eu não ter certeza da minha resposta.

-Eu ainda não me decidi. -eu disse apenas, tomando um gole da minha cerveja.

Ele sorriu sarcasticamente.

-Como não sabe? Você não tá no último período como eu?-ele perguntou.

-Hm, sim.-eu não sabia onde ele queria chegar com aquilo, até ouvi-lo falar novamente.

-Isso é loucura, que tipo de pessoa não tem essa simples resposta a essa altura?-sua arrogância ao dizer isso, me incomodou profundamente.

Gabi olhou e o repreendeu duramente com o olhar, o que ele pareceu ignorar completamente já que continuou a falar.

-Só estou dizendo que você parece muito perdida em relação á sua vida.-ele disse despreocupadamente, como se me conhecesse.

Eu engulo seco ao ouvir as suas palavras, que tipo de babaca diz esse tipo de coisa para alguém que mal conhece.

-O que te faz pensar isso?-eu resolvo finalmente dizer alguma coisa.

Ele dá de ombros, tomando um gole de sua cerveja.

-A forma como você parece desesperada para se encaixar em algum lugar, deixar tudo para trás e se arriscar em lugar como o Rio de Janeiro, e ainda nem saber se vai exercer a profissão para a qual tem estudado nos últimos 4 anos.-ele sorriu novamente, um sorriso cínico e um pouco maldoso.- Apenas acho que isso é uma tentativa desesperada de dar sentido a sua vidinha medíocre.

Uau, isso foi totalmente de graça.

Ian e Gabriela fizeram sons exasperados antes de repreenderem Dante, mas eu não conseguia ouvir nenhuma palavra que saia da boca deles, eu ainda estava encarando o rosto do Dante e ele também não piscava enquanto sustentava o meu olhar.

Eu podia dizer muita coisa, ele nem mesmo me conhecia para fazer aquele tipo de comentário sobre mim, mas algo no que ele disse era mais verdadeiro do que eu gostaria: Eu realmente estava tentando dar algum sentido pra vida medíocre que eu tinha tido até agora.

Me levanto e caminho até o banheiro, a conversa para imediatamente enquanto eu saio da mesa.

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Comments

Fabi Ribeiro

Fabi Ribeiro

Vixe Mel tenha atitude mulher, ñ pode deixar esse babaca do Dante falar coisas e vc ñ falar nada..

2023-02-05

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