Capítulo 4

Antonella

Ao chegar em casa, tomei um banho, deixei as lágrimas rolarem, enquanto a água limpava os cortes superficiais que ele fez nas minhas costas, um ódio instalou-se no meu peito. Se eu odiava, esse tipo de homem, agora odeio mais ainda.

Eu e as minhas irmãs, dormimos abraçadas.

Acordei, elas já não estavam ao meu lado, havia apenas um bilhete.

"Nella, fomos trabalhar, descansa mais hoje, conversamos com a Poliana, ela disse que vai colocar alguém para te cobrir hoje... Fica bem, nós te amamos. Bjs Dani e Ena.

Estou com as costas muito dolorida, levantei, fiz as minhas higienes pessoais, tomei um banho, e tentei olhar no espelho, para ver como estava minhas costas, além de alguns cortes superficiais, estava muito roxa. Senti mais uma vez, um ódio no peito.

Tomei café e fiquei deitada no sofá, tentando imaginar o que fazer da minha vida, não vou me casar com um mafioso, ontem já tive provas suficientes do que passarei, nas mãos de um homem como esses. Nossa única saída, seria fugir.

Saí dos meus devaneios, com a campainha tocando. Atendi e era Poliana, ela veio me abraçar, mas gemi de dor.

Poliana: O que foi? -perguntou assustada. -Suas irmãs disseram que está indisposta!

Antonella: Entra!

Fechei a porta assim que ela entrou, levantei a camiseta e mostrei-lhe as minhas costas, ela imediatamente cobriu a boca com uma das mãos.

Poliana: Amiga! Quem fez isso?! -perguntou perplexa.

Antonella: O Giuseppe!

Poliana: Que crápula! Você tem que denunciá-lo!

Nos sentamos no sofá, para conversar. Contei-lhe tudo o que aconteceu, a deixando extasiada.

Poliana: Seu pai é muito pior do que imaginei! O que pretende fazer?

Antonella: Não sei...

Poliana: Faz algum tempo que quero voltar para o Canadá, porque vocês não vêm comigo? Fujam deles... ninguém vai nos encontrar, lá também o meu pai tem vários conhecidos que podem ajuda-las!

Antonella: Seria ótimo sair daqui e começar uma vida nova!

Fiquei feliz, com uma pontinha de esperanças, de que as coisas começariam a melhorar.

Ficamos conversando, quando o meu celular tocou, achei estranho, pois era o número do namorado de Lorena.

📱Antonella: Alô!

📱Gustavo: Antonella, a Lorena passou mal e está aqui no hospital... eu...

Senti um arrepio ruim, percorrer o meu corpo e a preocupação, invadiu o meu ser.

📱Antonella: Como ela está, Gustavo?!

📱Gustavo: Eu não sei, entraram com ela na emergência e ainda não tive notícias!

Ele me passou o endereço e imediatamente seguimos para lá, no caminho avisei Daniela. Chegamos juntas no hospital, Gustavo estava sentado na recepção aguardando notícias.

Daniela: Alguma notícia? -perguntou agoniada.

Gustavo: Ainda não!

Médico: Familiares de Lorena Ferrari! -disse entrando na recepção.

Antonella: Somos nós! — disse nos aproximando.

Daniela: Ela está bem doutor?

Médico: Infelizmente, não trago boas notícias! A paciente, está a apresentar problemas cardíacos..., realizamos um ecocardiograma e detectamos cardiomiopatia hipertrófica!

Antonella: Como? -perguntei com a voz embargada.

Médico: É uma doença, em que os músculos cardíacos, tornam-se anormalmente espessos. A cardiomiopatia hipertrófica, dificulta o bombeamento de sangue pelo coração!

Ficamos sem chão.

Daniela: Nossa irmã..., a nossa irmã, pode morrer, doutor? -perguntou temerosa.

Médico: A vida dela não será mais a mesma, terá que fazer o tratamento, não poderá praticar atividades físicas, pois qualquer atividade competitiva de intensidade, pode sim, causar a morte súbita!

Foi um baque enorme, ouvir tudo isso. Sentimos como o chão desmoronar de debaixo dos nossos pés. Choramos abraçadas a Poliana.

Mais calma, acompanhei o médico e ele me passou todo o tratamento, mas sem dinheiro não conseguiríamos fazer o tratamento, nem pagar as consultas e tal. Pedi um tempo a ele, até resolver toda essa situação.

Saí de lá sem chão...

Daniela: O que faremos, Nella?

Antonella: Não consigo pensar em mais nada, que não seja aceitar casar-me, com esse homem! -disse com os olhos fixos no nada.

Poliana: Eu posso pedir o dinheiro emprestado para os meus pais e...

Antonella: Agradeço muito, Poli, mas e depois, como vamos conseguir pagar? Não tenho outra saída! É muito dinheiro.

Daniela: A nossa irmãzinha! -disse a chorar.

Antonella: Precisamos ser fortes, Dani! Não será nada fácil para a Lorena, quando descobrir que terá que deixar de fazer aquilo que ela ama!

Poliana: Ela vai precisar de vocês ao lado dela!

Antonella: Preciso ir falar com o nosso pai! Vou aceitar esse casamento, mas com a condição dele pagar o tratamento dela! Não vamos contar-lhe que o casamento, será por esse motivo, se não ela vai se sentir culpada!

Daniela: Está bem!

Antonella: Onde está o Gustavo? Ela vai precisar muito do apoio dele!

Poliana: Desculpe o que vou falar, não sei se foi impressão minha, mas ele não demonstrou nenhum tipo de reação, e foi embora assim que soube do problema dela!

Daniela: Nem percebi... Espero que seja só impressão, porque uma decepção amorosa, num momento desses não será nada fácil!

Antonella: Vamos falar com ela..., tenho que ir logo falar com o Giuseppe!

Fomos até o quarto dela, ela estava acordada, a enfermeira estava terminando de medica-la, o médico entrou logo atrás de nós.

Médico: Como está mocinha?

Lorena: Com um pouco de falta de ar!... Está tudo bem comigo, doutor? — perguntou, notando o nosso semblante de preocupação.

Médico: Você está com cardiomiopatia hipertrófica, um problema no seu coração e agora teremos que fazer um tratamento!

Lorena: Eu vou morrer? — perguntou com os olhos marejados.

Daniela: Claro que não, maninha!

Médico: Se tomar as precauções devidas, e fazer os tratamentos necessários corretamente, vai ficar bem!

Lorena: Quais precauções?

Médico: Nada de atividades físicas, com muita intensidade!

Lorena: Eu... eu não vou poder mais dançar?

Médico: Com intensidade não!

Lorena começou a chorar compulsivamente, choramos juntos com ela..., preocupado, o médico acabou tendo que seda-la.

Saí do hospital arrasada, e fui para a casa do Giuseppe, acompanhada de Poliana.

Ao chegarmos, ele e a sua esposa estavam acompanhados do tal do Mário, o que nos ajudou ontem. Assim que nos viu entrar, levantou-se e encarou Poliana.

Antonella: Bom dia!

Todos: Bom dia!!!

Giuseppe: O que essa mulher faz na minha casa? -perguntou irritado.

Ele não gosta de Poliana e até hoje não sei o motivo.

Poliana: Não que eu faça questão, de estar na casa de um velho feio, sem escrúpulos como o senhor, porém estou acompanhando a minha amiga, para que não venha acontecer tal coisa, que aconteceu ontem..., caso contrário, eu mesmo faço a denúncia contra o senhor e nem precisa me ameaçar, porque não tenho medo de gente velha! — o desafiou, o rapaz a olhou com uma das sobrancelhas arqueadas.

Antonella: Só vim te avisar, que a Lorena está interna, o caso dela é grave e precisa fazer um tratamento, só que não temos esse dinheiro! -disse segurando-me para não chorar.

Giuseppe: E o que eu tenho haver com isso? — perguntou com frieza.

Antonella: Nada! Por que não é pai dela, não é?! — disse irônica é perplexa, com tal atitude. — Só vim aqui, fazer uma proposta para o senhor!

Ivana: Proposta?! -perguntou curiosa.

Poliana: A conversa está reta querida, ainda não se desviou para o serpentario! -disse e ela semicerrou os olhos.

Antonella: Eu aceito me casar com esse noivo, que o senhor me arranjou, mas a minha condição, é que arque com todas as despesas do hospital, médico e tratamento da Lorena! Já adianto, que se não for assim, não vou me casar com esse homem e ainda vou fazer da sua vida um inferno!

Giuseppe: Já disse que não tem escolha! Vai se casar, nem que...

Ivana: Querido! É melhor ela se casar por livre e espontânea vontade, do que ser obrigada... já pensou que vexame!

Poliana: Nossa, pelo menos abriu essa boca, para falar algo útil! -disse cruzando os braços.

Giuseppe: Está bem! Eu concordo!

Antonella: E quando será essa palhaçada toda?

Mário: Vim exatamente, tratar disso com o seu pai, os papéis estão prontos e Marco, quer que assinem amanhã mesmo!

Antonella: Assim será! -disse séria.

Mário: Esse é o meu número! -disse a entregar-me um cartão. — Assim que estiver pronta, o motorista irá busca-la! Já leve as suas malas! Quer levar alguma testemunha?

Antonella: Você vai Poli?

Poliana: Claro amiga, estarei ao seu lado!

Nos despedimos de Mário com um aperto de mão e fomos embora, por mais que ele faça parte dessa corja toda, não me parece uma má pessoa..., bom, pelo menos ele me ajudou.

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