A Casa Preta
Capítulo I
A Casa Preta 🏡
Quem em sã consciência pintaria a sua Casa de preto? Raro não é? Pois bem o Sr Lupércio Quintino fez esta proeza porém, de forma justificável. Na verdade, a Casa Preta só passou a ser a protagonista da história depois que a família Quintino foi dizimada num trágico acidente automobilístico numa rodovia Serrana, mais exatamente a SP-620 ironicamente na Rodovia Caminhos do Céu. O Espaço Cecilia Quintino fez muito sucesso com os variados eventos e talentos por todos que passaram por lá, a gastronomia molecular da dona Cecília sempre deu um show.
Porém, para ter chegado num patamar dessa magnitude, não foi nada fácil, o patriarcado lá do início desde a época da escravatura, tomaram chicotadas e suaram muito a camisa. Com muito esforço através do trabalho honrado e honesto foram conquistando seus espaços com sabedoria, aproveitando as fases abolicionistas das épocas e ocupando paulatinamente uma pequena parcela dos espaços nobres na sociedade com essa herança material e DNA deixado pelos avós e bisavós que foram amigos de ilustres personalidades e autoridades da época como o Dr Luiz Gama, José do Patrocínio, André Rebouças, Theodoro Sampaio, Chiquinha Gonzaga, até a família imperial e outros.
A história da descendência Quintino transcorre no município de San Paolo nos anos 2000, a família Quintino depois de passar despropositadamente por um período escolar de todos os membros, a sua esposa Cecília Quintino ao regressar da França 🇫🇷 para o Brasil 🇧🇷 formada pela Universidade LeCordon Black, após ter adquirido e vivido uma grande experiência em gastronomia no norte da França 🇫🇷, resolve abrir um "Bistrô" (Restaurante de pequeno porte onde só trabalha entre família) que recebeu o nome de "Espaço Cecília Quintino" que na verdade acabou virando uma casa de cultura e eventos, na própria residência, que ganhou espaço nas mídias nacionais e internacionais.
Até que em um desses finais de ano, uma tragédia acabou com a família numa rodovia serrana a caminho das férias. Neste trágico acidente só o Sr Lupércio não faleceu porque não estava com a família.
Este acidente chocou o país e muitas pessoas pelo mundo pois, os Quintinos eram também mundialmente conhecidos.
Meses após, curtindo a tristeza, a solidão e o luto, o Sr Lupércio Quintino resolve pintar a sua casa na cor preta que ficou novamente famosa e conhecida no bairro como A Casa Preta.
A origem da Família Quintino
A Casa Preta é uma belíssima e emocionante história da família Quintino, vou explanar sobre a ancestralidade dos Quintinos que são a quinta geração representado pela figura do Sr Lupércio Quintino que faz questão de falar e contar com muito orgulho para o público o quão é valioso o sangue do seu sangue que veio de Angola. Não tem como falar da família Quintino sem citar a sua origem!
Data-se o penúltimo ano do século XVlll em 1799 ano em que a ancestralidade da Família Quintino estavam cativos, escravos recém chegados de vários territórios do continente africano. Ao aportar no Brasil boa parte foram para o sul do país no Rio Grande do Sul, boa parte dos negros foram para o município de Farroupilha trabalhar como escravos nas fazendas de lavouras e pecuária. Foi um período instável de muitas guerras e revoluções. A história narra que a mão de obra do negro serviu até nas guerras (Os Lanceiros). Inclusive para lutar contra o temido e sanguinário paraguaio, o General Solano López, que queria a todo custo conquistar o Brasil e destronar o Príncipe Regente Imperador Dom Pedro I, o qual mobilizou e recrutou muitos homens da população brasileira que ficaram conhecidos como "OS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA" e posteriormente tudo foi se encaminhando a passos largos para o derramamento de sangue muito sangue.
Os Lanceiros!
O Sr Lupércio Quintino sempre quando narra a história da sua ancestralidade, seu olhos ficam marejados num misto de tristeza com uma grande onda de emoção, uma honra imensurável em ter na história da sua família grandes heróis, também na história que o Brasil não conhece, são nomes que marcaram o seu tempo.
Durante a Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul (1835-45), quando um homem branco livre era chamado para o front à servir tanto nas forças rebeldes quanto no exército imperial, eles podiam trocar e mandar outro em seu lugar (ou no lugar de um filho seu) obviamente sempre iam os negros trabalhadores escravizados. No caso, a ancestralidade dos Quintinos , primeiro receberam a carta de alforria e depois alistados para o combate. Manoel Quintino o tataravô e o José Francisco Quintino bisavô do Sr Lupércio que vai dissertando a história dos seus antepassados heróis, fatos reais como se fossem uma ficção mas, eles lutaram pelo Brasil na verdade, deixaram muito sangue nos campos de batalha.
Conforme a história, Manoel Quintino e José Francisco Quintino foram um dos primeiros a serem recrutados para a primeira leva de negros escravizados no exército Imperial como soldados. Muitos serviram como "bucha de canhão" numa infantaria formada só por negros, seriam os primeiros a morrer eram os famosos Lanceiros Negros. Os farrapos e imperiais, prometiam a liberdade àqueles que desertaram das tropas rivais, mudando de lado. (o fato é que os alforriados, só podiam pegar as suas cartas de alforria se voltassem vivos que era muito raro e mesmo assim nem sempre as autoridades cumpriam o que prometiam).
Segundo os relatos escritos por Manoel Quintino, a maioria dos cativos que combateram nesta guerra foram obrigados mediante à imposições. Apesar da guerra ser horrível e violenta, muitos preferiam a vida militar, com seus esporádicos combates, do que as agruras cruéis da escravidão. A promessa de liberdade após o fim da luta certamente pode ter influenciado em muito o recrutamento daqueles homens, como já sabemos jamais fora cumprida.
...Comandante David Canabarro...
A traição do Comandante Canabarro
O massacre de Porongos
Ao final da guerra e já quase totalmente derrotados, os farrapos incluíram entre suas exigências para o Império o cumprimento da promessa de liberdade que haviam feitos aos Lanceiros (principalmente porque temiam que eles formassem uma guerrilha negra na província já que a quebra da promessa os faria se rebelar ou fugir para o Uruguai, destino comum de diversos cativos fugitivos da época). Queriam entregar-se ao Império, acabar a guerra, voltar à normalidade, mas tinham os Lanceiros e a promessa que lhes haviam feito e o Império escravista até a medula, não queria cumprir essa parte do acordo.
(continua)...
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Atualizado até capítulo 39
Comments
Amaruk
legal, gostei
2023-02-04
1