LOUCA OBSESSÃO
“Hoje é mais um dia frio em minha vida.”
Assim pensou Aurora ao abrir os olhos. Ela olhou para os lados e se viu completamente sozinha em seu quarto enorme e escuro. Levantou-se, foi até o banheiro, escovou os dentes e tomou um longo banho. Ao terminar, foi até o espelho e o limpou, revelando sua imagem borrada.
— Céus, como eu deixei chegar a esse ponto...
Ela disse, se analisando.
Aurora não era feia, pelo contrário, era uma das moças mais lindas da cidade. Seus 1,69 m de altura eram distribuídos por seus 62 kg. Seus cabelos pretos e lisos estendiam-se até a cintura. Seus seios não eram grandes nem pequenos — como costumavam dizer, eram na medida certa. Seu culote era de dar inveja a muitas mulheres, mas mesmo assim, ela se sentia feia.
Ao sair do banheiro, foi até o closet, pegou um vestido floral simples que ia até os joelhos, calçou um chinelo de dedos, passou as mãos pelos cabelos para ajeitá-los e desceu para tomar café.
Assim que chegou, foi surpreendida por Salete, empregada da casa e uma de suas melhores amigas.
— Parabéns pra você...
Aurora ficou triste. Ela não gostava dessa data. Afinal, foi aos 15 anos que perdeu o pai, bem no dia da sua festa. E naquele mesmo dia, viu não só Ramona a acusando de tudo quanto é coisa, como também seu único parente a abandonando.
Aurora começou a chorar e Salete parou com a canção.
— Me desculpa, senhora... Eu... eu não queria te deixar triste...
— Não se preocupe, Sal. Eu não estou triste, é que essa data me deixa nostálgica.
Ela respondeu, fazendo Salete voltar a se animar.
— Aqui, senhora, assopre as velas e faça um pedido.
Salete disse, entregando um bolinho de chocolate com morangos — os preferidos de Aurora.
— Não precisava, Sal...
— Claro que precisava! Afinal, hoje comemoramos o dia do seu nascimento. Faça um pedido com muita fé.
Aurora achou desnecessário, mas ao mesmo tempo se pegou pensando. Hoje ela completava 24 anos. Uma vida cheia de dor e sofrimento. Seis anos de casamento com um homem que a odeia e a despreza.
A dor, o sofrimento... tudo o que ela viveu a fez chorar ainda mais. Quando soprou a vela, seu único pedido foi: “Quero ser feliz.”
— Parabéns, senhora! — Salete disse, eufórica.
— Obrigada, Sal. Mas não me chame de senhora, afinal você é mais velha que eu.
Ela falou rindo, e Salete fez uma careta engraçada.
— É questão de respeito, senhora. Afinal, você é minha patroa.
— Não, eu não sou sua patroa. Eu sou sua amiga.
Salete abaixou a cabeça e deu a conversa por encerrada, pois já haviam tido essa mesma discussão diversas vezes durante os seis anos em que ela trabalhava na casa de Henry e Aurora. Ela sabia de muita coisa, já tinha visto muita coisa e também considerava Aurora como amiga.
Após as duas se sentarem e tomarem o café da manhã juntas, Salete se levantou e foi em direção à cozinha.
— O que você vai fazer hoje?
— Nada. Vou até a faculdade pegar alguns documentos e depois volto para casa. Tenho alguns currículos para enviar.
Aurora disse esperançosa. Ela se formou em dança na melhor universidade de Salt Lake City. Foi escolhida como a melhor aluna e recebeu até prêmios. Estava feliz por ter tido essa oportunidade.
Assim que chegou à universidade, foi direto à secretaria, pegou seus papéis e saiu de lá confiante.
“Minha vida vai mudar, tenho certeza.”
Pensou, ao embarcar em um ônibus na porta da faculdade. Aurora tinha motorista e funcionários, mas não usava nenhum. Tanto que todos na universidade não sabiam que ela era casada, muito menos com um dos homens mais ricos da cidade. Bom, como ela sempre dizia:
“Henry é rico. A família dele é rica. Eu, não.”
Então, nunca usava nada que não conseguisse pagar por conta própria.
Assim que chegou em casa, Salete veio em sua direção e, com um tom de tristeza, disse:
— O senhor Louis ligou e pediu para avisar que haverá um jantar na casa da vovó para homenageá-la pelo seu aniversário.
Aurora entristeceu, pois sabia o que a esperava.
— Obrigada, Sal.
Dito isso, subiu e foi se arrumar. Ela não gostava de saltos, maquiagem ou vestidos elegantes — isso a deixava com dor de cabeça. Mas quando se tratava da família de Henry, ela fazia esse esforço para não ouvir os desaforos da sogra e nem receber o olhar de reprovação do marido.
Às sete em ponto, o carro do senhor Louis estacionou na frente da casa. Aurora se olhou no espelho e gemeu em frustração. Examinou o vestido e a maquiagem e saiu.
— Boa noite, senhora Louis. — Disse Matias, o motorista de Henry.
— Boa noite.
Assim que entrou no carro, o ambiente gélido a atingiu. Henry simplesmente não a olhou, permaneceu virado para a janela ou mexendo no celular — e assim ficou até chegarem à casa da vovó Louis.
Assim que desceram do carro, a única coisa que Henry disse foi:
— Essas roupas não condizem com o ambiente em que você irá. Deveria ter gasto meu dinheiro com algo melhor.
Ele saiu, deixando-a para trás. Aurora olhou novamente pelo vidro do carro e observou seu vestido azul-marinho na altura do joelho. O caimento cobria todo seu dorso e colo, não ressaltava curvas, não a deixava provocante — e sim graciosa e elegante. O salto alto a deixava nervosa, mas ela aprendeu, às duras penas, a andar com eles. A maquiagem? Era neutra, com pouca cor nos lábios. Então, ela realmente não entendia por que ele a reprovava.
Virou-se e caminhou sozinha até a porta, onde foi recebida com olhares de reprovação de Elisângela Louis, sua sogra. Na família Louis, além da vovó Mariana e da cunhada Franchesca, ninguém mais gostava dela. Todos os primos, primas, tios e agregados a olhavam com desdém, o que a machucava muito.
— Boa noite a todos.
— Boa noite, minha querida! — Franchesca disse, assim que a viu, e foi correndo abraçá-la.
— Parabéns, Rory. Eu desejo que você seja muito feliz.
— Obrigada, Ches.
— Parabéns, Aurora. — Disse Elisângela, pegando em sua mão.
— Obrigada, dona Elisângela.
— Parabéns, minha filha.
Assim que ouviu a voz da vovó, seu coração se alegrou.
— Obrigada, vovó.
— Te desejo toda sorte e bênçãos na sua vida.
— Obrigada por tudo que tem feito por mim...
— Não fiz nada que você não mereça. Você é muito especial para mim, e quero que saiba que tudo o que eu puder fazer para te ver bem, eu farei.
A vovó disse em um tom de carinho e amor.
A noite ocorreu, de fato, de forma agradável. E, apesar de não dizer uma palavra, Henry a olhava a todo momento.
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Atualizado até capítulo 85
Comments
Cristina Silva
você tem este livro em áudio gosto muito de ouvir em quanto trabalho
2025-03-24
0
Marcia Mota
Roms, qual seria a ordem melhor para ler todos os livros 📚?
2025-07-12
0
Marcia Mota
Começando mais um!(Amei Vincent Macnamara)./Rose//Heart/
2025-07-12
0