CAPÍTULO 19

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Wallis.

   Apesar da tribo de Yuki não marcar o tempo como os humanos marcam, e sim pelas fases das três luas juntadas de uma maneira que provavelmente nunca irei entender, sei que já se passaram mais ou menos umas quatro semanas desde que cheguei aqui nessa caverna enorme. Talvez alguns dias a mais ou a menos.

     Cada Membro adulto da tripo é designado a uma tarefa para ajudar ocasionalmente no funcionamento da pequena sociedade que vive nessas cavernas. Os alienígenas fortões geralmente ficam com as tarefas mais pesadas como mover rochas de lugar para abrir mais espaço ou ir buscar mais lenha na floresta mais próxima.

     Meu trabalho é ajudar na limpeza e com a comida, o que na verdade é bem tranquilo e muito melhor do que ficar sem fazer absolutamente nada o dia inteiro. E cá entre nós, se eu ficar cada segundo do meu dia perto de Yuki, ele vai querer transar comigo de dois em dois minutos!! Nunca vou me acostumar com o fogo que aquele alienígena tem...

    — Hey Wallisi!— Azd surge do nada e passa correndo por mim, usando um apelido que o pestinha criou e que agora só se refere a mim se for assim.

    — cuidado!— grito de volta quando ele faz uma curva brusca e quase dá de cara com uma parede. Para um garotinho desse tamanho, correr numa velocidade dessas é absurdamente impressionante.

     — AAAAAAZD!— uma voz grossa ecoa pelo corredor, antes que uma figura enorme e musculosa assim como a maioria dos outros surge no corredor correndo. O cara está correndo tão rápido atrás de Azd que só consigo ver um aglomerado de borrões azuis e pretos com chifres grandes no topo e músculos para todo lado.

     Ele desaparece no corredor dois segundos depois, mas consigo ouvir os passos ecoando e a risada de Azd bem mais a frente.

     — volta aqui seu pestinha!!— o homem grita, fazendo o garotinho rir mais alto ainda. Não consigo evitar a risada que escapa de mim também.

    Tenho dó do coitado que está ajudando Tyew a cuidar de Azd. Mas se bem que eu também ajudaria, aquele pestinha consegue fazer o dia de qualquer um ficar mais divertido.

    — Mas papai...! — o protesto do garotinho que indica que ele provavelmente foi pego é substituído rapidamente por uma gargalhada alta.

     — papai!!— ele grita mais alto, ainda rindo sem parar. Acho que ele encontrou com Tyew no corredor e os dois adultos se juntaram para dá uma pequena vingança em forma de cócegas em Azd. As risadas e conversas vão ficando mais distante a medida que eles se afastam.

    Reviro os olhos e continuo organizando as coisas e colocando algumas tigelas nas prateleiras escavadas na rocha. Yuki já deve está chegando com os outros que haviam saído horas atrás para buscar lenha para as fogueiras.

    Os minutos se passam rapidamente e quando percebo já tenho limpado da melhor maneira possível praticamente tudo ao meu redor.

    — hey, Wallis. Viu Azd passando por aqui?— uma voz pergunta atrás de mim, me fazendo olhar por cima do ombro e dar de cara com Tyew, vindo da direção oposta a onde pensei que estava com seu filho e o amigo que estava ajudando com ele.

    — ele foi por ali — aponto para o corredor da direita. — mas você não estava com ele agora pouco? Ouvi ele conversando com o pai...

     — acho você confundiu. Não era comigo que ele estava conversando.— Tyew diz gentilmente, dando de ombros. Ele se despede e segue por onde eu indiquei sem esperar que eu diga alguma coisa.

    Sem entender nada, começo a caminhar em direção aos andares inferiores onde ficam os lagos termais para tomar um banho rápido e esperar meu Yuki chegar.

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    Já estou espatifado na cama repleta de peles do nosso quarto quando Yuki finalmente cruza a entrada e caminha na minha direção com um prato cheio de carne assada. Seu cabelo está meio bagunçado e ainda com alguns flocos de neve presos neles.

    — você custou bastante.— digo manhoso quando ele senta ao meu lado. Pego-o pelos chifres e beijo seus lábios cheios e macios, sentindo-o devolver o beijo na mesma intensidade.

   — tivemos que ir um pouco mais longe dessa vez.— ele explica, roçando o nariz na minha bochecha e acariciando minhas costas com suas mãos grandes e calejadas, mas cuidadosas e gentis. Me entrego ao seu toque e coloco a cabeça no seu colo, sentindo os músculos duros por baixo.

    — trouxe comida para você.— ele diz, estendendo os braços longos para pegar a tigela. Observo a comida e franzo as sobrancelha para o conteúdo. Acho que comer apenas carne durante tanto tempo tem feito mal ao meu estômago, pois já vomitei três vezes na última semana.

    — estou sem fome.— esfrego a bochecha no seu abdômen durinho e tento respirar apenas pela boca para evitar o cheiro da carne, e antes que ele possa protestar, levanto rapidamente e subo no seu colo.

    Suas mãos vão automaticamente para minha cintura. Olha me lança um olhar curioso e a sombra de um sorriso se forma naqueles lindos lábios. Lhe dou um beijo rápido, antes de começar a lhe dar os pequenos pedaços de carne na boca, ainda evitando não respirar pelo nariz para não sentir o cheiro.

    Ele roça propositalmente a língua gostosa nos meus dedos só para provocar, sem desgrudar os olhos dos meus. Então rebolo propositalmente sobre seu membro, fazendo-o ganhar vida instantaneamente embaixo de mim.

    Yuki rosna e aperta minha cintura com as mãos, mas continua comendo com calma cada pedaço que coloco na sua boca. Adoro observar os movimentos do seu pomo de Adão enquanto ele engole, assim como as presas longas que aparecem quando ele abre a boca o suficiente para eu colocar a comida por entre seus lábios.

     — não consigo parar de olhar para você.— sussurro baixinho, encarando os olhos mais lindos que já vi em toda minha vida. Dou um peteleco na ponta do seu nariz quando ele lambe meus dedos para tirar qualquer resquício da comida.

    Algumas mechas do seu cabelo tão escuro quanto petróleo caem no rosto, então as coloco atrás da orelha, roçando os chifres espiralados e pontudos. Confesso que foi um pouco difícil assimilar tudo isso no começo, mas agora sou completamente apaixonado por cada centímetro dele. Os chifres, a cauda, os pequenos cumes, o pau diferenciado, a pele, os músculos... Tudo isso faz de Yuki a coisa mais deslumbrante e quente que eu já vi.

    Mas o que eu sinto por ele não se resume apenas a sua aparência. Amo como ele me olha para mim, como é atencioso, carinhoso e gentil. Eu amo tanto esse Alienígena que quero lhe dar tudo o que posso, mesmo que não tenha praticamente nada além desse sentimento que cresce cada vez mais aqui dentro.

    — eu amo você.— sussurro baixinho no seu ouvido, precisando me inclinar bastante para poder alcança-lo. Consigo sentir o tremor que ecoa por todo o seu corpo enorme quando ele assimila as palavras, as mãos grandes apertam minha cintura e me puxam para mais perto ainda.

    — E-eu também de amo. Você é meu mundo, Wallis.— sua voz soa rouca e faz os pelos da minha nunca se eriçarem. Meu coração martela dentro do meu peito e eu aproximo seus lábios dos meus, querendo mostrar com ações o quanto eu o amo.

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