CAPÍTULO 6

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Yuki.

Estou quase explodindo de felicidade. Meu parceiro está finalmente dando sinais de que também gosta de mim, assim como eu gosto dele (são bem discretos e alguns poderiam até achar que estou exagerando, mas tenho certeza absoluta de é verdade).

Não consegui expressar o quão feliz fiquei quando vi que ele tinha comido a carne seca que já tinha na caverna, mesmo que tivesse trazido um Rakorv inteirinho pra ele, um animal tão rápido e tão difícil de abater que é basicamente visto como um prêmio pelo meu povo. Mas me gabar das caçadas não tem a mínima importância se comparado com o sentimento de ter meu parceiro bem. Ele comeu cada pedaço (mesmo que antes tenha estranhamente os queimado na Fogueira).

E na hora de dormir! Meu coração estava dando cambalhotas dentro do meu peito quando senti aquele corpinho pequeno e macio contra mim. Ele se aconchegou no meu corpo e, com as bochechas vermelhinhas, pediu para que conversasse com ele, o que fiz com o maior prazer do mundo.

Contei sobre o nosso planeta (porque apesar de estar aqui, Wallis parece não estar habituado a ele). Expliquei sobre a minha tribo, sobre como é complicado encontrar um parceiro, já que o número de machos eest supera o de fêmeas, Então ter parceiro é algo tão sagrado quanto a própria vida para aqueles que os possuem, assim como os filhotes, que são tão raros quando os alinhamentos das nossas três luas, pois mesmo que você possua um parceiro, é impossível saber se irão ter uma prole um dia. Mal consigo conter o desejo de tentar isso com o meu estranho parceirinho.

Deixei de fora o fato de ser filho do ancião da tribo, e consequentemente o próximo líder. Ele pode não se sentir confortável com isso ou se sinta apreensivo, mas pretendo contar quando levá-lo pra conhecer meu povo.

Curiosamente, a medida que o tempo fala, ele consegue falar mais e mais na minha língua. É como se meu parceirinho tivesse um super cérebro!!

Agora Wallis está dormindo tranquilamente nos meus braços, respirando contra o meu pescoço e me fazendo ter arrepios. Ele cheira tão bem que estou quase ficando louco. Sua mão está apertando de leve o meu ombro, roçando as saliências na minha pele. Será que ele me acha bonito? Será que ele me acha atraente??

Até me considero bonito, mas Wallis estranhamente pareceu nunca ter visto alguém da minha tribo se levar em conta o seu rosto espantado. E se ele não me quiser...? Balanço a cabeça para os lados e tento não pensar nisso, então fecho os olhos e caio em um sono profundo.

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Quando acordo, meu Wallis ainda está dormindo como uma pedra, me abraçando com força e com a boca levemente aberta. Ele é tão fofo que eu poderia ficar o encarando por horas seguidas, mas preciso levantar e preparar alguma coisa para meu parceiro comer quando acordar. Mesmo a contragosto, retiro cuidadosamente suas mãos de mim e levanto da cama.

Sua mão agarra a ponta da minha cauda instantaneamente, me fazendo arregalar os olhos e segurar uma risada. Abro seus dedos minúsculos um por um, livrando os pelos escuros da ponta da minha cauda do seu aperto, então caminho até uma pilha de suprimentos.

Nos abrigos para caçada a gente só coloca carne seca, porque é o que pode durar mais tempo, então não tenho muito a oferecer a ele enquanto não formos para minha tribo. Reacendo a fogueira e coloco um bom pedaço do Rakorv pra queimar, que é do jeito que ele gosta, enquanto mastigo um pedaço grande do jeito que está.

Algum tempo depois, meu companheiro acorda e olha ao redor assustado por alguns milissegundos, como se tentasse assimilar o que aconteceu nos últimos dias, então um suspiro de tranquilidade sai dos seus lábios rosados. Fico feliz em saber que ele não está mais tão assustado quanto antes. Isso é um sinal de que ele está começando a confiar em mim, não é?

— bom dia. — digo, sem me preocupar em esconder o sorriso. Ele enrola o corpo pequeno no cobertor de peles, corando um pouco, antes de pular da cama e vir para perto da fogueira.

Tão fofinho...

— bom dia. — meu companheiro responde, sentando perto de mim.

— você dormiu bem? —ele cora quase que instantaneamente.

— s-sim.

— eu queimei a carne pra você.—  explico, apontando para a carne que coloquei no embrulho.

— obrigado. E no nome disso é "assar".— explica ele, me dando um pequeno sorriso gentil. Seus olhos verdes praticamente brilham. Acho que estou hipnotizado.

—assar. Certo. — faço uma nota mental para não esquecer depois. A gente não costuma "assar" a carne antes de comê-la.

Observo-o atentamente enquanto ele come. Os dentes minúsculos tentando rasgar a carne; os músculos do seu rosto se movendo sob a pele clara enquanto ele come...

—como você toma banho? — ele corta minha linha de raciocínio.

— tem vários lagos termais onde minha tribo mora. Mas quando saímos para caçar geralmente fazemos isso com a neve mesmo. — explico.

— c-com a neve? Mas e o frio?!

— o frio não incomoda nem um pouco. Somos adaptados a esse clima. — respondo, mas parece que essa não é a mesma realidade do meu Wallis.

—entendi.

—você quer tomar banho? Eu posso dá um jeito. — digo, antes de levantar. Se meu companheiro quer um banho. É um banho que ele vai ter.

— N-não precisa! Eu... —  a sua voz morre enquanto ando para fora da caverna, mas não sem antes pegar o cantil, que apesar de ser grande, não daria para meu parceiro tomar um banho. Então precisarei encontrar outros. Aposto que há alguns nas outras cavernas escondidas não muito longe daqui.

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Não demora muito até que eu tenha reunido alguns cantis e os enche-los de neve e pedras de gelo. Volto para nossa caverna e encontro Wallis, ainda enrolado no cobertor. A roupa estranha que ele estava vestindo está completamente molhada, já que a neve derreteu, então ele continua completamente pelado (não que eu tenho alguma oposição a isso...).

  — não precisava, Yuki.— ele diz, assim que coloco os cantis perto da fogueira para que a neve/gelo derreta.

— claro que precisava. Você é meu companheiro.— respondo. Ele abre a boca para dizer algo, mas a fecha logo em seguida, assentindo levemente com o rosto.

— o-obrigado. — Wallis diz, abrindo um pequeno e lindo sorriso para mim. Faço que sim levemente com a cabeça, antes de sentar na cama para ficar mais perto do meu companheiro pequenino.

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