Capítulo 19 - New Jersey

Laura narrando

Acordei às 04:45h da madrugada com Jake me balançando.

— O que é? — Me soltei do mesmo e virei para o outro lado.

— Precisamos ir...

— Que dia é hoje?? — Perguntei, cansada.

— Quinta-feira. Anda, temos que nos apressar, você demorou muito para despertar.— O rapaz riu e saiu.

Pensei em ficar mais um tempinho deitada, porém deixei os pensamentos de lado e levantei. Fiz minhas higienes  e me arrumei com uma roupa simples, nada muito extravagante pois não estava indo para uma viagem, e sim para uma fuga. Me perfumei e peguei minha mala, até que senti minhas costas doendo assim como quase todas as partes do meu corpo.

Mesmo com toda aquela dor eu precisava continuar. Precisava seguir em frente e não deixar aquilo me atrapalhar.

Esperei Daniel terminar e depois que ele terminou de se arrumar, nós saímos. Antes peguei meu skate e alguns acessórios que tinham de ser levados à mãos. Entramos no carro e os dois ficaram na frente.

A excluída aqui ficou atrás só ouvindo a conversinha besta deles, que era nada menos sobre jogos.

— Bom, Vamos passar dois meses em New jersey, espero me acostumar com o jeito de lá. — Daniel sorriu.

— Vou passar duas semanas com vocês e depois vou voltar para NY pra a Larissa não perceber nada e para eu não reprovar no colégio mais uma vez. — Jake coçou a cabeça.— já reprovei um ano...

— Eu esqueci dessa parte.— falei. — e o colégio??

— No momento você está com uma forte pneumonia.— Jake sorriu. — duas semanas de repouso absoluto, depois vejo o que fazer.

— Está bem.— Assenti.

Depois que saímos, eu caí em um completo tédio. Durante o caminho não havia muito trânsito e eu acabei pegando no sono.

 Jake narrando

Agora vamos para bem longe da Larissa, talvez eu consiga conquistar a Laura, talvez não...

Tudo tem que ir com calma, eu sei que ela está passando por momentos difíceis na vida, sei que ela precisa de ajuda e de alguém para protegê-la. Sei que precisa de alguém que a ame, que a respeite, e que ela confie.

Eu sinto que ela confia em mim, ela deve confiar bem mais do que em si própria. Isso pode ser um pouco prejudicial para sua evolução como pessoa, mas também não é de todo ruim. É até bom.

Duas semanas não vão ser necessárias para conquistá-la, mas sei que depois de tudo isso nós conseguiremos ficar juntos sem que as pessoas nos atrapalhem.

Sinto que ela também me ama assim como eu a amo. Eu nunca tive tanta certeza na minha vida e desde sempre foi ela. Desde o início eu me apaixonei pelo jeito dela e tudo que a envolve, mas é esse jeitinho que eu gosto, o jeitinho único dela, de ser ela mesma, De não precisar ser o que não é para agradar as pessoas, e mesmo com tantas dificuldades acaba colocando um sorriso no rosto.

Estava dirigindo e conversando com Daniel, olhei pelo retrovisor e ela estava dormindo. Dormia como um Anjo. Continuei dirigindo para não me distrair com ela e acabar em um acidente.

Annabell narrando

Estou perdendo as esperanças de um dia driblar todas essas pessoas ruins que estão colaborando na conspiração contra a minha família e a mim. Às vezes eu sinto como se as pessoas ruins recebessem mais coisas boas do que as pessoas de bem, já as pessoas de bem perdem o que antes tinha.

Estava deitada na cama, até outra paciente de outro quarto entrar.

— Olá.— ela sorriu.— sou nova aqui, me chamo Dianna.

— Annabell.— Falei, indisposta.

— Você não parece estar muito empolgada, o que aconteceu? — ela sentou-se na cama da minha colega de quarto.

— Estava na solitária, que doido isso.

— É, isso é, mas às vezes eu acho bem melhor a solitária. Me faz ficar pensativa.

— Acho que todos ficamos pensativos. Uns ficam pensativos, outros dormem bastante, e outros ficam esperando o momento de sair.— falei.— eu sou a que espera o momento de sair.

— Você quer sair daqui??

— Sim, não sei nem porque eu estou aqui. Pessoas ruins me enfiaram nesse buraco e está difícil de sair, eu preciso ver a minha filha...— Comecei a chorar.— preciso vê-la, ela deve estar uma linda garota, deve já ter um namoradinho, meus outros filhos igualmente... A Haily... O Daniel... Todos devem estar felizes e nem devem lembrar da minha existência.

Limpei as lágrimas dos olhos e coloquei um sorriso no rosto. Só de lembrar que todos acham que eu estou morta já fico aflita. Quando na realidade, eu estou nesse inferno.

Vou sair daqui, ainda vou sair daqui, e quando eu finalmente conseguir sair desse lugar, todos que contribuíram para que eu caísse irão pagar caro pelo que fizeram.

Laura narrando

Acordei com o Jake me balançando mais uma vez e respirei fundo. Ele já estava me irritando de tanto me cutucar.

— Laura, Chegamos.— Jake sorriu e abriu o porta-malas.

— Já acordei. Não fique me cutucando, eu não gosto! — Levantei e saí do carro, passando a ajudá-los.

Ajudei com as malas e ele estacionou o carro. Paramos de frente para um hotel moderno, não era aqueles Cinco estrelas, mas era perfeito. Eu nunca gostei de coisas muito exageradas.

 — É bem simples mas é legal. Eu já estive aqui antes e sempre que vinha ficava nele.

— Recomendações são bem legais, então vamos ficar nele mesmo?

— Sim, vamos.— Daniel sorriu. 

O Jake se virou de frente para a balconista e começou a conversar.

— Olá, queremos o melhor apartamento que aqui tem.— ele sorriu.

— Oi, há quanto tempo! Continua sendo o mesmo apê ou vai querer outro?? — a balconista perguntou.

— Sim, sim. Muito obrigado, eu não sabia que você iria lembrar.— O rapaz coçou a cabeça e sorriu envergonhado.

Ela passou um tempo mexendo no computador e depois entregou dois cartões de acesso para Jake. Subimos com as malas para o décimo terceiro andar e fizemos nossa mudança de maneira simples, sem complicar muita coisa.

A sala era bem moderna, as paredes eram brancas, as cortinas eram amareladas e tudo era muito bonito.

— Onde é meu quarto? — Sorriu.

— Temos 4 quartos certinhos, então acho que cada um fica com o seu e o que sobra, será isolado.— sorriu Jake.

— Espera, esse apartamento é seu...?? — perguntei.

— Sim.

— Vamos passar três meses no seu apartamento, e você apenas duas semanas??

— Serão dois meses.— Daniel me corrigiu.

— Eu confio em vocês. Vocês são as melhores pessoas que eu já conheci em anos de vida.— Jake sorriu.

 — E só de pensar que antes eu gostava da Larissa e vocês eram namorados, eu não era muito seu fã.— Daniel falou para o rapaz. — mas agora, de uma hora pra outra você virou nosso melhor amigo.

— Não precisa se torturar por causa disso, todos nós erramos na vida.— O rapaz riu e bateu nas costas de Daniel.

Fui para um dos quartos e arrumei minhas coisas no último, ele era branco e a decoração era bonita. As paredes tinham papel com borboletas azuis e elas piscam quando as luzes se apagam.

Ao terminar de arrumar tudo fui na sala, onde eles já jogavam vídeo game distraídos.

— Vocês já arrumaram as coisas de vocês?? — Perguntei.

— faz uns 20 minutos. — Jake respondeu.

— Você demorou quase duas horas para arrumar suas coisas e olha que nem trouxe muitas.— falou Daniel.

— A preguiça não estava colaborando muito com o meu ser, enfim consegui acabar tudo, agora vou dormir.— Dei de ombros e voltei para o quarto.

Liguei a TV e fiquei assistindo até pegar no sono. Estou com muita saudades dos meus pais e até mesmo do meu irmão. Eu não esperava que fosse sentir a falta do meu pai, ele nem sempre foi bom para mim e nunca esteve me apoiando em nada.

Mesmo com pessoas ao meu redor me apoiando e dando tudo por mim, eu ainda sinto como se tivesse um vazio dentro de mim. Um vazio que fosse capaz de ser preenchido...

Peguei no sono quando amanheceu o dia e acordei somente às 15:47h com Jake e Daniel gritando. Corri assustada e em disparada para onde eles estavam e ao chegar lá, os encontrei sentados no sofá.

— O que foi? O que houve? O que há?? — Perguntei sem entender nada.

— O Jake ganhou de novo essa droga!

— Se vocês gritarem de novo e me acordar assim, eu vou costurar a boca de vocês! — Peguei o chinelo e acertei em Daniel.

— Ai! Isso dói sabia?

— Eu vou dar uma voltinha ao redor do hotel, volto já. Vocês estão me dando nos nervos, o tempo todo jogam vídeo games e só sabem gritar.

— Volte Logo.— Daniel sorriu e acenou.

Jake pediu desculpas por terem me acordado e eu assenti com a cabeça. Sai de lá e desci os 13 andares no elevador. Ao chegar lá embaixo, a balconista de antes a olhou dos pés a cabeça e sorriu em uma reverência. Ela não parecia uma pessoa legal, mas também não parecia ser chata.

Saí do hotel e caminhei pela rua enquanto ainda podia vê-lo de longe, pois não queria me perder em um lugar desconhecido. Meu celular vibrou e vi que era uma mensagem de Jake pedindo para que eu voltasse. Revirei os olhos e respirei fundo por pensar que estou vivendo como se fosse um passarinho preso na gaiola.

— Eu mereço. — falei e voltei pro hotel.

Ao chegar na portaria do hotel, um homem esbarrou em mim e acabei sendo empurrada para trás. Ele era alto, media mais ou menos 1,80 e seus cabelos eram escuros e pele clara. Estava vestido com um jaleco e sua aparência era de mais ou menos 37 anos.

— Desculpe, não te vi aí embaixo.

— Você nem é tão alto assim.— O encarei dos pés a cabeça.

— Que loucura, você se parece muito com uma das minhas pacientes.— ele me olhou seriamente.— coincidência.

— Pareço? — perguntei.— E quem é que tem a honra de se parecer comigo?

— A paciente 105.— Ele sorriu.

— Ela não tem nome?

— Não temos o hábito de chamar os pacientes por seus respectivos nomes, os tratamos com números. No entanto o nome dela é Annabell, é uma paciente grave.— Disse o homem.— Bom, agora eu preciso ir pois estou atrasado para um compromisso, licença.

Dito isso, o homem saiu e sequer me deu a chance de dizer tchau também.

Ninguém nunca lhe disse que não é legal andar pela rua com jaleco?

Respirei fundo e peguei subindo pelas escadas, porém desisti de subir o restante quando cheguei no sexto andar e subi o resto pelo elevador. Eu nunca devia ter subido de escada.

Quando cheguei no apê e entrei em casa, o médico estava sentado na sala conversando com Jake e Daniel.

— Mas é claro que temos vagas.— Ele assentiu.— Será bom pra ela.

Do que será que estão conversando?? 

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