capítulo 20

Lívia já não estava mais no quarto quando voltei. Comecei a vestir-me, quando terminei olhei para o espelho e nem acreditei ser eu mesma. Escovei os cabelos, escolhi um batom e passei. Coloquei no lugar novamente , olhei para ver se o meu cabelo estava arrumado e sai do quarto. Jasper e Lívia estavam sentados na cozinha, com o notebook. Eles estavam falando de uma viagem, para ver algum lugar. Quando passei perto da cadeira do Jasper, ele pegou a minha mão. Olhou-me, e deu um sorriso. Que sorriso lindo. Fiquei parada feito besta olhando para ele. Jasper beijou a minha mão.

— Você está linda, minha vida. — Obrigada. — Lívia amanhã a gente termina, só faz aquilo que eu pedi a você. — Vocês podem continuar. — Isso é trabalho resolvemos amanhã. — Eu já vou, tenham uma boa noite. — Obrigado.

Lívia foi embora, ficamos nós dois. Nem a empregada em casa. Ele puxou-me para sentar no colo dele. A mão foi subindo da minha coxa, até a minha cintura. Ele beijou o meu pescoço. A boca era macia e quente. Beijou a minha orelha.

— Você está linda, cheirosa, e eu estou morrendo de vontade de beijar você. Eu posso?

Droga! Aquele pedido,depois daquele beijo no meu pescoço, eu queria sentir aquela boca na minha.

— Suponho ser melhor a gente sair agora. — Tudo bem, então vamos.

Sai do colo dele, e ele levantou. Pegou a minha mão e saímos. Aquilo foi o certo a fazer? Não sei, mas eu queria tanto aquele beijo. Saímos e ele fez algumas voltas, e parou perto da carrocinha do churrasquinho.

— Lembra ontem quando sentiu o cheiro do churrasquinho e não pode comer? — Sim. — Bom hoje você pode. — Você fez todos os meus desejos hoje. Bom quase todos. — E o que eu esqueci? — Mais tarde eu conto. Agora só quero comer esse churrasquinho. — Vamos.

Descemos e comemos aquele churrasquinho. Aqueles, seria a palavra correta. Pegamos uma água para lavar as mãos. Voltamos para o carro.

— O que acha de um sorvete? — Nós podemos dividir? — Podemos, mas pode ser de chocolate. — Pode, mas tem que ter calda. — Combinado.

Fomos a uma sorveteria, ele pegou um copo de sorvete. Entregou-me. Ele entrou no carro e saímos.

— Aonde vamos? — Já mostro a você.

Ele dirigiu até um parque, descemos e caminhamos até uma ponte. A essa altura metade do sorvete já havia descongelado. Paramos bem no meio da ponte.

— Esse lugar é lindo.

Olhei em volta, o que teria de especial naquele lugar. Estava mais preocupada com o sorvete que estava derretendo e eu ainda não havia comido. Ele ficou olhando para mim. Estaria esperando uma resposta da minha parte?

— O que foi? — Você não achou esse lugar lindo? — Na verdade, não. É apenas uma ponte no meio de um parque. Não deveria haver água em baixo? — Essa ponte foi criada em 1900, por um homem chamado Jofer stanford. Naquela época existia um rio que cruzava por aqui. Isso dividia a cidade em duas partes. Jofer conheceu Alicia Bolder. Uma jovem recém-casada, que vinha diariamente caminhar por aqui. Ele passou a observar todos os passos que ela dava, isso virou rotina na vida dele. Mas não era apenas ele que demonstrava um certo interesse, a jovem passou a retribuir as investidas dele. Para poderem se encontrar eles precisariam fazer a volta. Ela não poderia atravessar sozinha para o lado de cá, e ele não tinha coragem de ir até lá. Então ele teve a ideia da construção da ponte, convenceu as autoridades de que seria uma forma rápida de fazer com que a cidade tivesse lucro, e eles receberiam mais pessoas, e não precisariam fazer a volta, enfim ele usou todos os argumentos que tinha até conseguir. Eles começaram a construir a ponte, mas durante as construções Jofer não viu mais aquela moça. Ele queria que a ponte ficasse pronta logo, pagando assim mais pessoas para ajudar na construção. Algum tempo depois com a ponte já construída, e a inauguração já feita. Jofer saiu a procura da jovem. Ele andou pela cidade a procura dela, mas não encontrou. A princípio chegou a pensar que ela teria ido embora da cidade. Mas com o passar do tempo e buscando informações, ele descobriu que ela havia sido morta pelo marido, pois o mesmo dizia ter descobrido a traição da esposa. Ele matou-se em seguida. Mas ouve boatos de que ela não aguentava mais a espera e tentou fugir, descobrindo uma passagem entre as duas cidades no meio da floresta, e depois disso não voltou. Essa ponte é conhecida como a ponte dos amores perdidos. Toda a vez que alguém perde um amor, ela vem aqui e escreve o nome da pessoa. Anos mais tarde eles cortaram a água do rio que passava aqui, e fizeram um desvio. Aqui secou, mais árvores cresceram, e aos poucos as pessoas esqueceram-se desse lugar. Mas eu entrei com um projeto junto com o meio ambiente, a prefeitura, e outros órgãos competentes, para transformarmos isso novamente num lugar que as pessoas gostem de passear. Por isso é um lugar incrivelmente lindo para mim. São lugares com história que valem a pena. — Não acredita que é uma história triste? — É, na verdade, é bem pior. Jofer acabou se suicidando, por ficar sem a sua amada. — Uma mulher que ele nunca tocou? — Não precisamos tocar em alguém para saber que amamos essa pessoa. Eu não precisei tocar em você para ter certeza de que é a mulher da minha vida. São ligações, tem coisas que acontecem. — Então você acredita que por amor tudo é válido? — Desde que não prejudique outra pessoa. — O que estaria disposto a fazer por mim? — Eu construiria uma ponte para você. — E se você tivesse construído essa ponte. Com a mesma intenção do verdadeiro construtor, e ela estivesse terminada, e você encontrasse finalmente a sua amada, e ela não quisesse ficar com você, o que faria? — Morreria de tristeza. — E o seu sacrifício valeu a pena? — Se pude estar ao lado dela por um instante, sim. Eu acredito que tudo aquilo que você faz por amor, não é sacrifício. Mesmo que,essa pessoa não tenha o mesmo interesse. Amar é aprender a ver o outro feliz. Amar é dar sem esperar nada em troca. Não escolhemos a pessoa que queremos amar, mas amamos a que o nosso coração escolhe. E não há nada que possamos fazer. — Sabe Jasper eu já ouvi do Jay que ele nunca iria abandonar-me, que estaria sempre por perto, que iria cuidar de mim, proteger-me, que o mundo dele girava em torno de mim. Porque se não fosse eu, não seria outra pessoa. Sabe o que descobri que tudo isso é mentira. Ele mentiu para mim, e quando precisei ele simplesmente abandonou-me, evitou-me e culpou-me por algo que eu não fiz. Se tudo isso for amor, eu prefiro viver sem amar. Machucar pessoas não é nada bom, agora fazer promessas exageradas, e ser um idiota no final, é pior ainda. — O amor não é só promessas, é cuidado, é carinho, é atenção... — Eu recebi atenção, carinho, cuidado, e acabei como? Sozinha. — Sozinha Luna? Eu não sou ninguém? — Eu não disse que você não é ninguém. — Mas acredito que esteja mais preocupada com os sentimentos do Jay, do que com os meus. Eu acho melhor levar você para casa.

Penso que falei demais, não tinha a intenção de deixar ele chateado. Jasper colocou o copo do sorvete no lixo. Entramos no carro e ele levou-me para casa. Quando chegamos lá ele parou em frente.

— Jasper eu... — Já está tarde, deveria ir para casa. — Eu não quis chatear você. Eu só quis dar um exemplo de que tudo isso não é amor. — Tá! bom Luna, agora vai para casa. — Você odeia-me por isso? — Eu não tenho porque odiar você. — Então vamos entrar, e a gente conversa. — Se eu não entrar, vai fazer o quê? — Nada. — Vamos.

Jasper desceu e fomos até a porta de casa.

— Bom agora pode dar-me boa noite. — Boa noite Luna.

Jasper saiu, e eu chamei ele de volta.

— Jasper. — O que foi? — Você não esqueceu de nada?

Ele voltou e deu um beijo no meu rosto.

— Pronto! — Jasper eu preciso da chave para entrar.

Ele olhou-me seriamente. Pegou a chave no chaveiro do carro, e entregou na minha mão.

— Mais alguma coisa? — Você pode abrir a porta?

Ele abriu.

— Se quiser coloco você na cama também. — Você não me deu tudo o que desejava hoje. — E o que faltou? — Tem até a meia-noite para descobrir. — E até lá vamos ficar fazendo o quê? — Eu posso tentar fazer com que me desculpe pelo que falei. — Posso aceitar essa oferta, mas não hoje. Agora vai deitar. — Jasper entra. — Luna... — Por favor, já atendeu todas as minhas vontades hoje. — Não faltava uma? — Vai entrar? — Você disse que eu tenho até a meia-noite. — Sim. — Então tudo bem.

Jasper entrou, e eu fechei a porta.

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Comments

Mônica Wachholz

Mônica Wachholz

se o cheiro dele voltar ela descobre tudo que ele fez

2023-11-05

5

Silvia Araújo

Silvia Araújo

agora quero ver

2023-02-23

4

Ver todos

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