capítulo 8

Joy levou-me para jantar. Ele falou tanto sobre o lugar que cheguei a pensar que ele moraria aqui. Mas não, ele encontrou uma casa. Era simples, com quarto, sala, cozinha, área de serviço, banheiro, e um quintal não muito grande. Tinha uma vizinhança agradável, segundo ele. Iríamos no dia seguinte até o lugar. Caminhamos até a pousada novamente. Estava cansada que fui ao banheiro e cai na cama.

Na manhã seguinte Joy acordou cedo, e já me chamou. Levantei, fui ao banheiro, vesti uma roupa confortável, e saímos para tomar café na padaria. Aqueles salgados eram tentadores. Joy acabou pedindo um táxi para irmos até o lugar. Na verdade, não gostei muito da casa, e nem do local. Lembrava o antigo lugar onde passei anos sem nenhum contato com pessoas. Eu não aceitei, Joy tentou convencer-me. Parecia que queria acomodar-me numa casa, para ele poder seguir a vida dele.

— Joy eu não vou ficar aqui! Esse lugar parece com o que morei a vida toda. — Mas não é, olha em volta, tem árvores, a sua casa tem uma cerca, é bonitinha, precisa apenas pintar. São detalhes, aos poucos arruma conforme você gostar. Então vamos pagar e a casa é sua. — Não Joy, não quero essa casa. Não gostei e não vou ficar. — Não vai encontrar outra casa nesse valor. — Ótimo, não quero uma casa assim. — É questão de arrumar apenas, e deixar do seu jeito. — Já disse não, se está tão interessado mora você. — Luna eu estou fazendo tudo o que posso, mas precisa colaborar. — Eu não pedi para fazer nada, você se ofereceu. — Sim, pois me sinto culpado por tudo o que aconteceu. — Joy eu acho que já atrapalhei demais você nesses quatro meses. Faz o seguinte volta para a sua vida, e eu sigo a minha. — Luna não disse que você atrapalhou. — Nem precisava, você está acostumado com uma vida de um verdadeiro lobo solitário, significa que não precisa de uma pessoa como eu atrapalhando você. Eu acho que a nossa parceria acaba aqui. — Luna você não tem condições de criar esse filhote sozinha, eu tenho que ficar do seu lado, eu sou responsável pelo ocorrido. — Eu estou libertando você desse fardo. A partir de agora, já pode seguir a sua vida. — Desculpa. — Eu quero voltar para a pousada. — Tudo bem, eu vou procurar outra casa então. — Não precisa eu faço isso sozinha. — Não pode ficar andando de um lado a outro. Quando você estiver acomodada numa casa, a gente conversa.

Joy chamou o táxi novamente e voltamos para a pousada. Não trocamos nenhuma palavra durante todo caminho. Ele saiu mais uma vez, eu deitei e peguei o celular. Abri as mensagens que tinha. Respondi o Jasper.

"Estou bem, e você como está?"

Jasper estava na reunião, ele escutou o som do celular, e pegou. Ele viu que era ela, pediu um minuto e respondeu.

"Estou bem, agora estou numa reunião, mas daqui a pouco já falo com você. "

Jasper queria largar aquela reunião para ficar conversando com ela. Mas era importante. Ele voltou e continuou a reunião.

Como o Jasper estava ocupado, pego o celular e vou para a padaria. Já estava viciada nos salgados. Pego um suco, e dois salgados. Sento e fico degustando aquelas delícias. Algum tempo depois saio e vou caminhar. Vou até uma praça, sento em um dos bancos e fico a observar as pessoas. Elas andam de um lado ao outro. Algumas cumprimentam, e outras apenas seguem o curso da vida.

O celular toca, era o Jasper. Atendo.

-Oi!

— Como você está?

— Bem, e você?

— Bem, desculpa por não ter dado atenção a você, estava numa reunião.

— Tudo bem. Eu não havia mandado mensagem antes, pois o Joy foi para um lugar onde não pegava sinal de nada. Ficamos um mês por lá.

— Tudo bem. Como está o bebê?

— Acredito que bem.

— Não foi consultar ainda?

— Não, estamos numa pousada. Numa cidade chamada Dreams City. O Joy está a procurar uma casa para mim. Assim que tudo estiver normalizado, eu vou procurar um médico.

— Eu posso ajudar você?

— Como?

— Manda-me uma foto de onde está, e fica aí.

— Está bem. Agora envio.

— Não sai daí.

Não entendi o porquê ele queria uma foto. Mas andei um pouquinho e peguei a praça. Enviei para ele. Sentei-me e fiquei ali.

Jasper recebeu a foto, e saiu no carro. Ele sabia exatamente onde ela estava. Alguns minutos depois ele chegou na praça. Ligou para ela.

— Oi!

— Está no mesmo lugar ainda?

— Sim.

— Lembra que está-me devendo um almoço?

— Lembro.

— Pode começar a escolher onde quer ir almoçar.

— Onde você está?

— Olha para o lado e vai descobrir.

Não acreditei que ele estava ali, então olhei. E ele estava lá. Mas como? Caminhei até ele, que vinha na minha direção. Quando ficamos frente a frente, acabamos sorrindo.

— Bom agora acredita em destino? — Não sei como isso aconteceu, mas é estranho. — Bem-vinda a minha cidade. A minha não, pois não sou dono dela. Mas eu moro aqui. — Sério? — Sim, se quiser eu levo você para conhecer a minha casa. — Penso que hoje não. — Bom ainda está-me devendo aquele almoço, e está quase na hora. — Já que estou devendo deveria pagar. — Onde quer almoçar? — Em qualquer lugar. — O Joy não vai ficar bravo se levar você em algum lugar longe daqui? — Não se preocupe com o Joy. Estou feliz em ver você, e saber que mora aqui. — Eu também fiquei feliz quando recebi aquela mensagem. Vamos?

Ele estendeu a mão para mim. Não precisava dar a mão para ele, mas mesmo assim dei. Ele beijou os meus dedos, e colocou a minha mão no seu braço.

— Então vai ter tempo para me falar sobre a casa que procura. Acredito que posso ajudar, por conhecer a área, e por trabalhar nesse ramo. — Bom o Joy havia encontrado uma, mas não gostei do lugar, não gostei da casa, não gostei de nada. Ele está doido para se ver livre de mim, já cansou de ter que ficar de babá. — Entendo, que tipo de casa procura? — Uma, no valor que pagou pela minha antiga casa. — Eu vou fazer uma proposta para você, eu tenho uma casa, não a que moro. Mas tenho uma que não está ocupada por ninguém, aliás faz tempo que não vou até lá. Se quiser pode morar nela, o tempo que quiser. Só precisa pagar as despesas da casa. Ela está "abandonada", a Lívia que cuida da manutenção. — E, porque tem duas casas? — Essa eu comprei quando me formei, eu cuidei de cada detalhe dela, eu restaurei, eu escolhi a dedo tudo que tem nela, é o meu primeiro projeto. Então ela tem um valor inestimável para mim. Essa eu não vendo por nenhum dinheiro. — Eu quero conhecer essa casa, mesmo que a minha resposta seja não para a sua oferta. — É uma boa oferta acredite, além disso, estaria fazendo uma favor para mim, estaria cuidando dela. — Eu posso pensar? — Sim, tem todo direito. Apenas não diga não antes de conhecer a casa. — Combinado. — Agora fala-me sobre esse lugar maravilhoso que ficou um mês. — Eu não via ninguém, nem o Joy. Ele apareceu lá duas vezes para saber se estava bem. — Porque ele fez isso? — Acredito que queria ficar livre de mim por um tempo. — Ele é um tolo, eu jamais iria querer ficar livre de você. E não deixaria você sozinha por tanto tempo sem necessidade. — O Joy ele acostumou-se a ser solitário, não depender de ninguém, não ter ninguém com quem preocupar-se. Ele tem apenas o sobrinho, mas eles não convivem muito. — Suponho que o sobrinho seja aquele outro que estava querendo a minha cabeça aquele dia? — Ele mesmo. — Penso que é de família esse ódio que eles tem por mim. — E o que eles sentem por você importa? — Se me impede de chegar até você, importa. — Não deveria importar, você quer chegar até a mim, e não até eles. — Isso dá-me uma esperança. Chegamos, espero que goste da comida daqui. Eles servem carne mal passada. — Já estou adorando essa cidade.

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