Classe No Amor

Classe No Amor

#1

Acordar, se arrumar, comer, sair para trabalhar, trabalhar, trabalhar... Voltar pra casa, dormir e esperar pelo próximo dia que sempre é igual ao anterior.

Théo já tem seis anos nessa rotina enfadonha, apenas por falta de opção e por ser grato demais aos esforços dos pais.

A pior parte pra ele é ter que aturar aquele povo todo da alta classe sendo gentil. Na cabeça dele não existe ricos humildes; apenas soberbos, arrogantes, metidos, etc.

Ele considera difícil a simples função de receber seu chefe com um belo e falso sorriso todas as manhãs, sendo que ele nem o suporta. Mas a quarta-feira é seu dia preferido por causa de uma coisinha: folga do homem que ele mais detesta.

Toda quarta, Jones, seu patrão, sai com uma garota diferente. Apenas pra mídia gravar e lançar por todas as partes. Theo até hoje procura a graça de ter uma namorada a cada semana, mas se falar em voz alta soa estranho, tipo: ele tem uma a cada semana e eu não tenho ninguém.

Então é por isso que ele prefere guardar todas as críticas em sua mente, é melhor assim. Porque se uma pessoa de baixa renda criticar um rico, ele está sendo invejoso. Mas se um rico criticar um pobre, ele tem completa razão e faltam pouco levantar uma estátua em comemoração a sua sábia atitude em humilhar uma pessoa "inferior" a ele.

Entretanto, tudo o que é bom dura pouco, assim como o atestado que Théo colocou na sexta e só vai até a terça. E pra piorar mais um pouco, hoje é terça, seu último dia "doente". Amanhã é vida que segue e ele que lute.

Como de costume, sempre um dia antes de trabalhar ele iria ligar pro seu irmão mais novo só pra reclamar do quão chato é seu patrão e mimado o sobrinho dele que só trabalha lá por causa do tio.

— É sério Lucca.. esse cara é insuportável— diz tão alto que do outro lado da linha, seu irmão precisou afastar o telefone.

— Para de reclamar tanto Théo, aposto que ele nem fez nada pra receber esse ódio gratuito.— Lucca responde de forma sensata como sempre.

— A existência dele me incomoda, isso já é o suficiente. E não só dele, do Jeff também!

— Não é não. Tenha a mente mais aberta... Você não deve odiar nem aqueles que te fizeram mal, a mamãe disse isso pra gente a vida toda. — Lucca sempre carregou consigo os princípios da mãe, até mesmo quando descobriu o que deixou o irmão tão machucado, ele continuou intacto com seus pensamentos.

— Como está indo seus estudos? Não quero saber de você bagunçando.— Théo mudou de assunto mais rápido do que uma vizinha indo ver a fofoca do dia. Ele não gostava de ter ser irmão caçula lhe dando lição de moral.

— Tudo certo... Ano que vem já é meu último no colégio, o que significa que vou poder ir morar com você e não em um dormitório. É tão solitário~ — ele murmura a última parte.

Desde que sua mãe e única responsável faleceu, eles tem vivido sozinhos, cada um em um canto. Théo mora em um apartamento na capital e Lucca no dormitório do colégio. A justiça não permitiu Théo ficar com a guarda do menino e ele tem certeza que foi tudo culpa do pai do irmão. O mesmo ganhou a guarda do adolescente e depois o colocou em um internato famoso no estado. Durante as férias, Lucca sempre preferia ir ficar com o irmão já que o pai o pegava nos finais de semana.

— Se seu pai deixar...

— Ele não tem que deixar nada. Eu já posso decidir sozinho.

— A justiça e o dinheiro dele não veem as coisas assim. — suspira— Lucca, a maioria dos ricos acham que o dinheiro pode comprar absolutamente tudo.

— Você nunca vai tirar ideias ruins sobre meu pai da sua cabeça?— seu olhar quebrado era deprimente, pena que seu irmão não estava vendo. Mas Théo já está cansado de ver ele se iludindo achando que o pai é um rei que ajuda a todos.

— Acho melhor você ir estudar. Tchau, outra hora te ligo.— Théo desliga sem nem dá oportunidade do garoto responder ou fazer qualquer outra coisa.

— Desde quando meus sentimentos são da conta dele!? Pirralho!— sorri. Ele é meio estranho nessa parte também. Nunca consegue ficar chateado com seu caçula. Ele entende que seu irmão guardou todos os princípios da mãe já que ela tinha mais tempo pra ele, e também sabe que sua mãe nunca guardou rancor do velho e babaca pai de Lucca.

°•°•°•°•°•°

— Bom dia Hernández!— a garota da recepção o cumprimenta com um sorriso louco de tão brilhante e animado em plena quarta-feira.

— Théo. — ele corrige e não se demora a entrar no elevador.

Uma de suas regras principais é: não deixe todos saberem seu sobrenome.

Talvez seja um trauma de infância, vai saber. Ele apenas detesta que o chamem pelo sobrenome.

Saindo do elevador, Théo praticamente correu até sua mesa que ficava do lado de fora da sala do presidente da empresa/pessoa que ele mais detesta.

Enquanto organizava a agenda do "velhote", Jane, a estagiária chegou correndo feito louca e se debruçou sobre a mesa de Théo já anunciando: Babado!

— Você está estagiando como jornalista?

— Não estraga o momento e me escuta!— ele revira os olhos e faz um sinal com a cabeça — O filho do velho vai assumir no lugar dele!

— Quando?— pergunta com 0 interesse.

— Hoje! Agora! Já está lá embaixo!— ela estava tão ansiosa que Théo acabou rindo.

— Espero que ele não me faça marcar encontros pra ele igual o pai dele fazia.

— Deve ser legal isso...

— Não é! Um homem de meia idade com garotas de dezessete a vinte anos. Legal?

— Ok. Concordemos, isso é ilegal pra cacete.— eles riem um pouco antes de lembrarem de algo, o sobrinho do velho! — E o que vai acontecer com o Jeff? Todos acharam que o velho nem filho tinha...

— O que vai acontecer já não é problema meu, e nem seu por sinal.— corta ela que deixa um leve tapinha em sua nuca.

— Chato!

Enquanto a conversa rolava, o novo CEO da maior agência do estado e uma das cinco maiores do país, entrou cheio de glamour. Qualquer um que visse diria que tinha pó de fada em cima dele de tão brilhante. Lindo, jovem, alto, moreno, o homem perfeito.

— Bom dia. Sou o novo presidente, Dylan. — seu sorriso era tão doce quanto o cheiro de seu perfume.

— Bom dia!— ambos os funcionários respondem juntos. Como ali era o andar da sala do CEO, não havia mais nada além de uma mesa espaçosa que tinha dono, Théo. Jane sobe as vezes pra jogar conversa fora ou almoçar em paz.

— Espero nos darmos bem no futuro— diz revezando o olhar entre Théo e Jane, porém ficando em seu secretário.

Théo até corou, nada muito evidente, porém perto de Jane nada passa abatido. E o assunto do dia foi: a secada do presidente e as bochechas coradas do secretário.

...----------------...

......................

...----------------...

O resto do dia até que foi tranquilo. Dylan saiu ainda no início da tarde e Théo ficou assinando alguns papéis que não era da sua função. Mas como ele não quer ser demitido, preferiu ficar calado. Por outro lado, Jeff apareceu.

"Theo!"— ele chama animado fazendo o outro franzir o cenho — "Não me olha assim, eu fico tímidooh"— brinca e pela primeira vez consegue arrancar um disfarçado riso vindo dele.

Jeff nem se deu conta de que ficou encarando o rapaz por longos cinco minutos sem dizer uma palavra, apenas admirando seu belo rosto. Cada detalhe de Théo parecia ter sido esculpido por deuses. Seu nariz, lábios, olhos, até a sombrancelha que na maioria das vezes está franzida... absolutamente tudo.

"Jeff??!"— lhe bate com o papel que estava em sua mão.— "Você veio pessoalmente pegar o documento..."— agora ele estava em pé e claro que Jeff reparou mais um pouco nele.

Théo não é lindo só de rosto, mas sim de corpo todo. Jeff é o único diretor que na maioria das vezes perde a fala perto do funcionário. Ele o observa desde sua chegada na empresa, porém sempre o tratou normalmente, até sua admiração aumentar e ele começar a ficar sem jeito na frente dele.

"Eu livre estou"— fala mas logo se dá conta do que disse— "Digo... Eu estava livre, então vim aqui.."— pigarreia e ri docemente pegando os papéis.

"Hum.. Entendi"— cruza os braços assentindo — "E pede pro seu priminho parar de pegar documentos na sua sala e me dar só pra eu ter trabalho, não fez nem 24 horas que ele está aqui!" — diz com tanta indignação que ficou fofo.

"Então foi isso"— sussurra

"An?"— Jeff faz sinal de negação com a cabeça e se retira.— "Louco"— Théo diz baixo e sorri sem nem perceber.

°♡°♡Classe no Amor♡°♡°

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Comments

⦊luna⦉⋉loba omega⋊

⦊luna⦉⋉loba omega⋊

já xonei na história no primeiro capítulo ❤❤❤❤❤❤

2024-01-17

0

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