Dezoito

Jake

Passei todo o dia de Domingo trancado em meu quarto, tentando me distrair ouvindo música ou fazendo qualquer coisa que afastasse a Callie dos meus pensamentos, mas nada parecia adiantar.

Eu estava deitado na cama onde ela esteve, onde eu despi o seu corpo e provei cada pedacinho dele antes de tê-la completamente.

Quando nada do que eu fazia parecia dar certo, resolvi ajeitar algumas coisas no meu quarto e me deparei com o lençol que eu tinha deixado embolado aos pés da cama.

A prova do que eu tinha feito.

Do que a Callie e eu fizemos...

Peguei algumas roupas sujas e misturei-as ao lençol para descer com tudo de uma única vez para a lavanderia de casa, colocando-as no fundo da máquina.

Depois, decidi ficar na sala assistindo TV, evitando o meu quarto até que fosse necessário subir para dormir.

Em momento ou outro eu teria que fazer isso, porque eu estava cansado.

Não consegui pregar o olho após ter deixado a Callie na porta de casa, me lembrando de quando eu quase tinha estragado tudo.

Callie havia dito que só queria sexo.

Uma única noite para não perder uma aposta idiota que ela tinha feito com as amigas.

E eu quase estraguei quando a chamei de volta, pronto para dizer que, talvez, eu não quisesse que fosse apenas uma noite.

No fundo, eu sabia que era errado.

Mas eu queria mais.

E teria que manter esse desejo apenas para mim mesmo, porque tínhamos combinado de que nada mudaria entre nós depois daquela noite.

Então, eu voltei para casa com a sensação de que tinha deixado alguma coisa para trás.

E essa mesma sensação de perda me perseguiu durante todo o dia desde o momento em que saí da cama até o momento de voltar para ela e descansar para levantar no dia seguinte para mais um dia de aula.

O primeiro dia em que teria que fingir que nada havia mudado entre a Callie e eu.

Na manhã de segunda-feira me levantei completamente desanimado... e atrasado!

Merda! eu gemi, pulando para fora da cama ao perceber que tinha esquecido de colocar o despertador para tocar na hora de ir para a escola.

Catei algumas peças de roupas a esmo do guarda roupa e as vesti o mais rápido que consegui antes de me sentar na beirada da cama e calçar os sapatos.

Callie me esperava diariamente para levá-la para a escola no meu carro e ambos chegaríamos atrasados se eu não me apressasse.

Quando desci as escadas, me deparei com a fonte dos meus problemas recentes parada na porta, com um belo sorriso em seus lábios enquanto conversava com a minha mãe.

Só você mesma para colocar um pouco de juízo na cabeça desse menino, Callie. minha mãe dizia quando eu finalmente alcancei o final das escadas.

Os olhos de Callie encontraram os meus por cima do ombro da minha mãe, que era um pouco mais baixa que ela, e eu podia jurar que a tinha visto corar.

Você está pronto? Callie perguntou, enquanto eu me aproximava da porta da casa e beijava o topo da cabeça da minha mãe.

Sabe que eu tenho juízo. eu disse para minha mãe com um sorriso os meus lábios. _Eu só não sei ainda como usá-lo.

Minha mãe me deu um tapa de leve na minha nuca, me fazendo encolher assim mesmo.

Comporte-se! ela exigiu.

Passei por ela e Callie e eu nos viramos para caminhar até o carro, mas minha mãe nos interrompeu ao me gritar:

E Jake! ela gritou. _ Tome cuidado para não se machucar na escola, meu filho. Esse esporte que você pratica as vezes é muito violento e não quero que manche outro lençol de sangue!

Eu congelei no lugar e podia jurar que cada músculo da Callie tinha congelado também quando ela ouviu isso.

Merda! _eu xinguei em pensamento enquanto respondia um “OK” para minha mãe antes de voltar a caminhar até o carro.

Quando finalmente estávamos dentro do veículo, Callie gemeu, cobrindo o rosto com amas as mãos.

Você acha que ela sabe de alguma coisa? Callie perguntou, preocupada.

Descobriu o quê? questionei, fingindo que não sabia sobre o que ela estava falando.

Callie me encarou por alguns instantes antes de suspirar e colocar o cinto de segurança.

Nada. ela respondeu. _Agora vamos logo, pois eu não quero ficar com um histórico ruim por chegar atrasada nas aulas do Sr. Burke nos últimos dias de aula do ano.

Callie sorriu para mim, um sorriso que não lhe alcançava os olhos, e eu tentei sorrir de volta, finalmente notando que ela usava os cabelos parcialmente soltos naquela manhã e não no habitual rabo-de-cavalo que ela costumava usar.

Ela usava uma blusa larga do Jon Bom Jovi, mas vestira calças legging coladas e, quando paramos no sinal vermelho, me peguei olhando para as suas pernas e me lembrando de quando ela as envolveu em torno de meu quadril enquanto eu me enfiava cada vez mais fundo em seu corpo e...

Jake! Callie me chamou e olhei para ela por um momento, confuso. _O sinal abriu.

Balancei a cabeça rapidamente para clarear as ideias antes de me concentrar novamente no volante.

Desculpe, eu dormi tarde ontem. menti.

Quando foi que eu tinha mentido para ela antes? Pensei, me sentindo envergonhado por isso.

Não, as coisas não seriam mais as mesmas depois do que houve entre nós e ambos éramos ingênuos por penar que podíamos fazer isso.

Eu também fui dormir tarde. ela contou e fiquei imaginando se ela tinha ficado deitada na cama olhando para o teto, assim como eu tinha feito na noite passada, tentando conciliar o sono enquanto as lembranças invadiam a minha mente, tornando impossível dormir até que meu corpo ficasse extremamente exausto para permanecer acordado.

_Péssimo dia para ficarmos com sono. _Callie comentou, pegando o telefone para ler uma mensagem que havia chegado naquele momento.

Porque? eu perguntei, sem entender o que ela queria dizer com isso.

Callie voltou a olhar para mim, revirando os olhos.

_É hoje que temos que entregar aquele trabalho do Sr. Burke e...

Porra! eu deixei escapar, enquanto batia a mão no volante.

Callie me encarou, agora séria.

Você esqueceu de fazer o trabalho, não é mesmo? ela quis saber e eu apenas assenti.

Callie pousou a mão no meu ombro, me olhando com seriedade, antes de dizer:

Caro Jake, o que seria de você se eu não adivinhasse que se esqueceria de fazer o trabalho e fizesse um extra, para você? ela comentou o exato momento em que chegávamos na escola.

Parei o carro na vaga de sempre e me virei para ela, descrente.

Diga que não está brincando? pedi, desesperado.

Callie riu, livrando-se do cinto de segurança antes de abrir a porta do carro e sair.

Não levou mais do que dois segundos para eu estar fora do veículo e andando ao seu lado, para dentro do colégio.

Eu jamais brincaria com uma coisa dessas, Jake! ela respondeu, brincando com o pingente do colar que eu havia dado a ela de presente na noite de sábado.

Fiquei muito satisfeito ao ver que ela estava usando, pois era um sinal claro de que ela tinha gostado do presente.

_Callie, eu já falei que te amo hoje? _perguntei.

Era uma brincadeira que sempre fazíamos um com o outro, mas porque dessa vez, essas palavras soaram um pouco mais verdadeiras do que deveriam ter soado?

Eu sei disso, seu bobo. ela brincou de volta, me dando um soco de leve no braço antes de parar e tirar algo de dentro da mochila.

Ela me entregou algumas folhas que continham o conteúdo do trabalho que deveria ser entregue naquele dia e eu agi por impulso, segurando seu rosto entre minhas mãos e beijando sua testa,

_Você salvou a minha pele\, Callie._ Eu disse\, com sinceridade.

Callie se afastou, com um sorriso sem graça dançando em seus lábios e evitando olhar nos meus olhos.

_Ok! Agora vamos entrar antes que eu acabe por mudar de ideia.

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