Onze

_ Está ansiosa para a festa? _ Jake perguntou de repente quando o silêncio dentro do carro já estava durando tempo demais.

Sei lá, depois que eu fiz aquele pedido, ainda estava um pouco envergonhada de falar com ele.

_ Mais ou menos. _ respondi, brincando com a alça da minha mochila sobre o meu colo.

Senti que diminuímos de velocidade e olhei para frente, imaginando que estávamos chegando em casa.

Então me voltei para Jake, confusa, quando ele parou o carro ao lado da calçada, uma quadra antes da nossa.

_ O que houve? _ perguntei.

Jake permaneceu com as mãos sobre o volante, olhando para frente por mais alguns segundos antes de voltar seus olhos para mim, completamente sério.

_ Ainda vai seguir com a aposta? _ ele perguntou, me pegando de surpresa.

Eu aqui, envergonhada demais para iniciar uma conversa tranquila como sempre fiz, e ele tinha que tocar naquele assunto! Pensei, desviando meus olhos dos dele e olhando para a frente, mordendo o meu lábio.

_ Sim, Jake. Eu vou seguir com a aposta. _ respondi, decidida.

_ Callie, eu...

_ Não venha com aquele assunto novamente, de que não posso me entregar para qualquer um assim, ou com toda a conversa fiada sobre me guardar para o cara certo, Jake! _ eu pedi, voltando a encará-lo. _ Sabe que eu não concordo com toda essa baboseira. Estamos no século XXI!

Jake abriu a boca para responder, surpreso com minha pequena explosão, antes de olhar para a suas próprias mãos sobre o volante.

_ Eu farei o que me pediu. _ ele disse sem se voltar para mim.

Fiquei ali parada, por um instante, sem saber o que dizer.

_ É... _ eu engasguei, sem saber o que dizer.

Deveria ficar feliz e agradecer por ele tornar aquele momento mais fácil para mim ou deveria me sentir envergonhada antecipadamente por ir para a cama com o meu melhor amigo?

Jake nunca me viu de pijamas, pois eu sempre vestia minhas roupas largas habituais quando nos encontrávamos na minha casa ou na dele.

Mas agora ele me veria nua.

Não só me veria nua, como tocaria o meu corpo...

_ O que foi? _ ele perguntou, percebendo meu nervosismo.

Um pequeno sorriso se insinuou em seus lábios, como se ele estivesse me provocando.

_ Está cogitando a ideia de desistir?

Não!

Eu não desistiria porque o meu orgulho não me permitia desistir.

_ Não. _ respondi rapidamente. _ Eu só fiquei surpresa já que disse que não faria.

Jake suspirou, deitando sua cabeça no encosto da poltrona do carro.

Um minuto depois ele se virou para mim novamente, um pouco aflito.

_ Só me prometa que isso não afetará a nossa amizade, Callie. _ ele pediu. _ Você é muito importante para mim e sabe disso. Não quero perder o que temos.

Eu sorri para tranquilizá-lo.

_ Tudo será como sempre foi, Jake. _ eu garanti. _ Não devemos dar grande importância a isso.

_ Nossa, nessa você me ofendeu.  _ ele disse, mas eu sabia que estava apenas brincando, já que ele estava sorrindo.

_ Não seja idiota! _ eu provoquei de volta.

Jake riu baixinho e tornou a ligar o carro, nos levando para cada.

Parou em frente a calçada da minha casa e esperou que eu saísse.

_ Não quer entrar? _ perguntei, enquanto fechava a porta.

_ Não. Eu tenho que ajudar meus pais com algumas coisas antes deles saírem, essa noite. _ ele explicou. _ Vão passar o fim de semana fora, para comemorar o aniversário de casamento.

_ Dê os parabéns por mim. _ eu pedi. _ Então, até amanhã. Te mando mensagem assim que estiver pronta.

_ Até parece que não nos veremos antes de sair! _ ele murmurou, revirando os olhos e seguindo o seu caminho.

Fiquei parada ali por um momento, na calçada de casa, observando Jake manobrar o carro e guardá-lo na garagem.

Só então eu entrei, com uma sensação estranha dentro de mim que não sei explicar.

Dei de ombros, preferindo ignorar, e entrei em casa em seguida.

_ Ah, você está de volta! _ minha mãe exclamou assim que coloquei os pés dentro de casa.

Ela estava usando seu terninho, então imaginei que ela tinha acabado de chegar do trabalho.

_ Desculpe, mãe. Acabei passando no Rockin com Alissa e Debbie depois das compras. _ expliquei,  jogando minhas sacolas e minha mochila sobre o sofá antes de me jogar sobre ele, completamente exausta.

_ Acho que vi o carro do Jake na porta? _ ela disse, confusa, sentando- se no sofá a minha frente.

Diferente de mim, minha mãe era uma mulher perfeita.

Seus cabelos eram da mesma cor dos meus, mas com cachos tão perfeitos que não pareciam naturais.

Seu corpo era curvilíneo, mas, ao contrário de mim, o seu estava em uma perfeita sintonia.

Ela não passava pelo mesmo problema que eu ao escolher sutiãs, porque não possuía seios tão grandes quanto os meus.

Era mais alta e mais... feminina.

Meu pai devia morrer de ciúmes quando ela saía sozinha, pois ela atraía olhares masculinos por onde quer que fosse,  mesmo que não desse a mínima.

_ O Jake me trouxe enquanto Alissa e Debbie voltavam para os preparativos da festa.

_ E, por que ele não quis entrar um pouco? _ ela perguntou, confusa.

Era compreensível, já que eu e o Jake ficávamos sempre perto um do outro, dentro e fora da escola.

_ Ele disse algo sobre ajudar os pais antes do passeio de aniversário de casamento. _ contei.

Minha mãe colocou a mão na testa, com uma expressão surpresa, como se só agora se lembrasse de algo.

_ Céus! Eu me esqueci completamente. Preciso ligar para a Suzana. _ ela disse, levantando-se novamente. _ Depois eu quero ver o que comprou para a duas festa de aniversário. E eu farei a sua maquiagem!

_ Mãe! _ eu protestei, mas ela já estava na escada, subindo rapidamente para o próprio quarto.

Ela sabia que eu não era muito fã de maquiagem.

Suspirei, resignada.

Era minha festa de dezoito anos.

Eu tinha comprado um belo vestido e sandálias para combinar, usando todo o dinheiro da minha mesada com algo que usaria uma única vez na vida.

 Não seria justo usar aquele vestido e não passar ao menos um delineador nos olhos, não é mesmo? Pensei, subindo para o meu quarto e levando as minhas coisas.

Eu tinha trabalho da escola para fazer e sabia que não conseguiria me concentrar amanhã. E talvez o mesmo aconteça no domingo, depois de...

Merda!

Eu pensei, sentindo o nervosismo inicial ao pensar no que aconteceria na noite seguinte.

_ Calíope Jones, você só pode estar ficando louca! _ eu disse a mim mesma, enquanto deixava as minhas sacolas em um canto e ia direto para o banheiro me banhar.

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