Cap 5 Melina

Já tem uns dois ou três anos que meu casamento com Guilherme não vai bem, fico sentada tomando uma xícara de café sozinha, já que hoje ele saiu mais cedo que o normal... e faço uma análise tentando lembrar quando foi que isso começou...

Nos conhecemos por acaso..., ele foi na faculdade em que eu estudava na época, ele tinha recém-formado, nos encontramos nos corredores. Conheci Guilherme aos 18 anos, ele 24, estava iniciando a carreira de advocacia no escritório da família dele.

Em meio as conversas descobri que ele era filho do sr Rodrigo Lopez um grande advogado que por acaso também atendia meu pai, lembro que o pai de Guilherme estava sempre na minha casa, ouvia algumas discussões dos dois, no escritório de meu pai, mas nunca dei importância.

Minha família não é milionária, mas temos algumas propriedades e dinheiro, por isso pude me dar ao luxo de investir nos estudos, era a única coisa com a qual me preocupava.

Nunca imaginei que Guilherme fosse filho daquele homem..., não demorou e logo casamos, me apaixonei rapidamente, ele não foi meu primeiro namorado, mas foi meu primeiro homem, me tornei dependente emocionalmente dele. É o homem da minha vida.

Quando fiz 29 anos, engravidei, mas estava começando no trabalho novo, insisti em trabalhar nesse período, Guilherme queria que eu ficasse em casa, acabou que um maldito dia me envolvi em um acidente de trânsito e consequentemente perdi o bebê. O médico nos falou que a causa do aborto não foi o acidente, o nervosismo que passei talvez tenha contribuido, mas a gravidez não iria adiante, o feto não estava se desenvolvendo, ele esclareceu que eu poderia ter o aborto a qualquer momento, mas meu marido ignorou totalmente o que ouviu.

Ele sempre foi um marido carinho, atencioso e apaixonado, mas depois desse episódio, ele começou a ficar estranho, distante..., me afundei no trabalho e não percebi que estávamos nos afastando aos poucos, as viagens foram ficando mais frequentes e mais longas.

Tentei falar sobre uma nova gravidez, mas ele disse que não seria bom, ele começou a usar preservativo sempre que faziamos amor, mesmo eu afirmando que estava tomando anticoncepcional, disse que não podia arriscar...

Acho que foi a partir daí que tudo começou a esfriar e dar errado...,não quero mais pensar nisso agora, logo terei que ir trabalhar, pensar nisso ta me fazendo mal..., mas precisamos tentar uma nova conversa.

Agora me vem a lembrança do cheiro diferente em sua roupa..., é involuntário, mesmo que eu tente não pensar nisso, me pego pensando novamente as mesmas coisas, não sei como está sendo para ele, mas para mim está se tornando um tortura.

Chego na faculdade mais cedo, as horas vão passando, não demora e já estou em minha última aula do dia. Hoje, realmente o Sobanski chegou mais cedo, a aula correu normalmente, não sei se é impressão minha, mas acho que ele tem olhado além do necessário para mim. Deve ser coisa da minha cabeça.

Percebo as duas alunas tentarem chamar a atenção dele umas três vezes durante a aula, ele estava distraído, prestando atenção no que eu estava falando e ignorando totalmente as colegas. Ao menos ele interessou-se pela disciplina.

Ao final da aula, todos se despedem e ele faz questão de sair por último, já estou terminando de recolher minhas coisas.

Rafael:_ Poderia me tirar algumas dúvidas?

Melina:_ Acho que era para ter perguntado durante a aula..., mas, pode falar, em que posso ajuda-lo?

Rafael faz algumas perguntas até que relevantes sobre o assunto, mas entre um resposta e outra, vejo os olhos dele em minha boca e isso, de alguma forma ta mexendo comigo, mas consigo manter a postura e tirar suas dúvidas.

Rafael:_ Agradeço por..., me esclarecer...

Melina:_ Claro..., não foi nada, agora preciso ir.

Me viro para sair e acho que meus braços perderam a força por um segundo, acabo deixando cair uma pasta e alguns papéis se espalham, ele rapidamente se abaixa para me ajudar e acaba acontecendo aquela cena clássica..., no nervosismo pego a última folha e nossas mãos se encontram...

Rafael:_ Aqui...

Melina:_ O-obrigada..., eu...

Ele passa a ponta dos dedos em minha pele, acariciando levemente minha mão, e, é o suficiente pra sentir uma corrente elétrica passar por meu corpo, ele agora ta me encarando e eu acho que paralisei por alguns segundos.

Levanto num impulso, agradeço mais uma vez e saio rapidamente dali, preciso de um pouco de ar..., só pode ser carência...., não posso ter esse tipo de reação, isso é ridículo. Vou para casa o caminho todo me advertindo mentalmente.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***