Lara narrando...
Eu estava na sala assistindo televisão na companhia da Vitória quando acabo pegando no sono. Acordo com a campainha tocando, olho pro lado e a Vitória estava dormindo, acordo ela e me sento no sofá, ela levanta e vai abrir a porta.
— Oi, a Lara mora aqui? — Ouço a voz do Gael.
— Gael? — Apareço na porta e vejo que ele não estava sozinho, ele estava com a mãe dele — Entrem — Vitória abre caminho e eles entram.
— Você não olha o celular não? — Ele me pergunta.
— Eu estava dormindo — respondo.
— O resultado saiu — Finalmente eu ouço a voz da mulher, ela falou em um tão baixo, porém ansioso.
— E então? — Pergunto olhando pra eles dois.
— Você é a filha Clifford que foi sequestrada, Lara — Vitória fala com o meu celular na mão.
Ela vira a tela do celular para me mostrar o resultado do DNA. Eu volto para sala e me sento no sofá, estou em estado de choque. Eu queria tanto descobrir a verdade, só não fazia ideia de que seria um momento doloroso para mim.
Como assim eu fui sequestrada? A mulher que eu achei a minha mãe durante a minha vida toda não passava de uma mera sequestradora!!!!! Eu não sei o que pensar, nem ao menos o que dizer, não sei nem o que fazer agora.
Eu não consigo ficar ali, aquele apartamento estava me sufocando, precisava sair dali, eu me levanto e vou andando em direção a porta, Gael segura o meu braço e me olha com um olhar preocupado.
— Esta tudo bem? — Ele pergunta analisando o meu rosto.
— Tudo, só preciso sair pra respirar um pouco — Falo tirando meu braço da mão dele e saindo.
Quando vejo que a Vitória iria vim atrás de mim eu me apresso em falar — Sozinha, preciso ir sozinha — Ela para e eu saio do apartamento, minha vontade era correr.
Quando estou do lado de fora eu vejo o pai do Gael, meu pai, vindo em minha direção.
— Está tudo bem? — Ele pergunta preocupado.
Eu não percebi que estava prendendo a minha própria respiração e quando eu solto a respiração, lágrimas descem dos meus olhos e eu choro, choro como se eu só precisasse disso, choro como se minha vida dependesse disso.
Quando vejo já estou enrolada nos braços desse homem e ele acaricia meus cabelos dizendo que iria ficar tudo bem. Quando consigo recuperar o fôlego, ele me solta, vai até o carro e pega um sobretudo e me cobre.
— Esta frio. Você quer andar um pouco? Se você quiser eu te acompanho e vou em silêncio pra não te incomodar — Ele fala muito calmo, como se entendesse o que eu estava sentindo.
Ele passa a mão por meu ombro e começamos a andar em qualquer direção, ele olha para o meu rosto, eu devia estar toda vermelha por conta do choro.
— Vamos parar ali para conversamos um pouco — ele para apontando para uma lanchonete.
Nós entramos nessa lanchonete, nós sentamos no fundo dela, um de frente para o outro, ficamos em silêncio, parecia que nenhum de nós dois sabíamos por onde começar a conversa.
Um garçom aparece interrompendo o silêncio, ele faz os nossos pedidos e se retira, eu pedi apenas um suco, o homem pediu um lanche e uma bebida.
— Isso foi um choque para mim — Começo a falar e ele me ouve com atenção — A minha vida toda foi uma mentira, a minha mãe é uma sequestradora, minha tia uma cúmplice dela. Eu descubro que tenho uma família nova, isso é uma verdadeira confusão, eu nem sei o que fazer da minha vida. Não sei o que vai acontecer agora, é tudo tão novo para mim —Eu falo com lágrimas saindo dos meus olhos.
Ele segura minha mão por cima da mesa e me dá um sorriso amigável, me fazendo sorrir pra ele de volta, limpo o meu rosto e me recomponho.
— Sabe de uma coisa Lara, eu e sua mãe nunca desistimos de te encontrar. Nós rodamos o mundo atrás de você, e agora que achamos queremos recompensar o tempo perdido, não nos afaste de você, isso significa muito para todos nós — Ele fala e aperta a minha mão um pouco.
— Eu não vou me afastar de vocês, mas eu preciso que me conte tudo que aconteceu, com todos os detalhes — peço.
— Eu e sua mãe éramos doidos pra ter um filho ou uma filha, sua mãe não conseguia engravidar
— Ele para de falar enquanto o garçom deixa nossos pedidos em cima da mesa, quando o garçom sai ele continua falando — Quando a sua mãe conseguiu engravidar foi o momento mais feliz das nossas vidas, durante a gravidez sua mãe passou por vários problemas, até mesmo risco de vida. No dia do parto acabou sendo uma cesariana de emergência pois sua mãe teve várias complicações, você nasceu saudável, mas sua mãe só saiu do hospital meses depois. Durante o tempo que a sua mãe ficou no hospital eu contratei uma babá que tinha uma filha da sua idade para cuidar de você, infelizmente a filha dela havia falecido, ela se apegou a você muito rápido. Quando sua mãe estava 100% e voltou pra casa, nós continuamos com a babá durante alguns anos, quando você fez 3 anos, nós falamos com a babá que não seria mais preciso os trabalhos dela. Ela nos pediu para te levar ao parque pela última vez, e desde então nós não temos mais notícias sobre você, mas nós não desistimos de você nunca. Quando ela faleceu nós tínhamos uma pista e te procuramos por toda aquela região, nós sabíamos que você estava no Brasil e fomos morar lá, mas não conseguimos achar ninguém da família dela — Ele fala ainda segurando a minha mão, Eu não consigo imaginar o tamanho do desespero deles pra achar a filha.
— Eu sinto muito — Isso é a única coisa que sai da minha boca.
— A culpa não é sua, querida — Ele sorri pra mim e eu retribuo o sorriso pra ele de volta — Vamos comer que eu tô com fome — Ele fala e abaixa a cabeça e então eu percebo que ele estava limpando lágrimas.
Nós ficamos em silêncio enquanto ele comia o lanche dele e eu bebia o meu suco. Quando terminamos nos levantamos e fomos pra fora da lanchonete.
— Sr. Clifford — Eu o chamo e ele olha pra mim.
— Não me chame de Sr. Clifford, você é minha filha. Se não estiver confortável pra me chamar de pai, pode me chamar de Daniel — Ele fala olhando pra mim.
— Pai — Eu falo um pouco tímida — Eu posso te dar um abraço? — Pergunto.
— É o que eu mais quero desde quando te vi naquela biblioteca_ —Ele fala abrindo os braços pra mim.
Eu me apresso em abraça-lo, Um tempinho se passa e eu fico ali abraçada com ele por alguns minutos e se eu pudesse nunca mais soltava ele, eu sempre fui doida para conhecer o meu pai.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Marta Ginane
Que capítulo lindo.
2025-04-06
0
haydee correa
chorando horrores /Sob//Sob//Sob/
2024-09-19
1
marcia marcia
fantástica a cena
adorei
2024-08-26
2