cap 12

Honey

Eu não sabia o que estava acontecendo, parecia que tudo a nossa volta tinha paralisado. Observei ao redor e uma boa parte dos convidados olhavam  atentamente  para Brady e a loira a sua frente, inclusive Charlotte e o Tom que pararam de dançar no mesmo momento que os viram juntos .

Minha curiosidade me venceu conforme me movi para ficar um pouco mais próximo de onde eles estavam. Ouvi quando ele a chamou de Viviam. Ela era linda, parecia uma Barbie de tão perfeita e  por mais que não tivesse direito não consegui controlar a pontada de ciúmes que se manisfestou no meu peito, porque era evidente a intimidade entre eles.

No entanto, para duas pessoas que já viveram um relacionamento, eles pareciam bastante desconfortáveis perto um do outro, no momento.

Minha necessidade de saber mais sobre a bagagem de Brady estava  mais forte que nunca. Mantive meus olhos grudados neles, como se eu fosse capaz de descobrir algo só por observa-los.

Brady estava vestido todo de preto- simples, mas havia certa elegância na sua aparência. Os cabelos parcialmente amarrados, daquele jeito sexy de quem não dá a mínima, mas que ainda parecia perfeitos. Sem deixar de olhar, notei seu desconforto  mexendo repetidamente em seu relógio enquanto conversavam, pelo menos era o que parecia.

- Você parece bem - ouvir viviam dizer

- obrigado - ele disse, sem fazer contato visual

- Não imaginei que o encontraria aqui, tentei entrar em contato inúmeras vezes, mas seu número só dava fora de área. Você não pode fugir da vida real para sempre Brady.

Observei Brady levar a mão até o peito e tentar puxar o ar como se o obrigasse a voltar para os pulmões.

Não cabia a mim interrompe-los, mas senti como se ele precisa fugir daquela conversa.

- Sinto muito interrompe-los, Sr Foster . Mas precisamos tratar um assunto que não pode esperar, o projeto Liam, lembra?. É claro, se não for inconveniente.

Vivian, alternou os olhares entre nós

- Projeto o que ?

Brady riu baixinho olhando em meus olhos

- Ah...sim, muito urgente. Sinto muito Viviam nos vemos mais tarde.

- Foi ótimo te ver.- ouvir viviam dizer antes de nos afastarmos

Brady me seguiu, e simplesmente continuamos  andando em silêncio por um longo tempo até estarmos longe do local da festa. Finalmente paramos perto de um pequeno rio que corria ao longo da extensão da propriedade. Sentei  na grama e Brady se juntou  a mim.

Apesar de seus cabelos estarem amarrados, ele parecia esquecer do fato, porque observei em alguns momentos sua mão colocar os fios invisíveis atrás da orelha.

Ele olhou para o céu ao falar.

- como você sabia que eu precisava escapar daquela conversa?

- eu tenho uma bola de cristal.

Ele riu me olhando

- e um senso de humor que eu não conhecia.

- Não costumo usá-lo. Mas, sério...seu rosto, você parecia desconfortável. Deduzi que poderia tentar ajudá-lo e se eu estivesse errada você simplesmente me dispensaria.

- obrigado

- Sem querer ser intrometida, dava para notar uma tensão entre vocês,  ela  foi sua namorada?

Ele negou e não disse mais nada. Também não quis insistir apesar da curiosidade.

Aquele olhar tenebroso que vi no elevador estava de volta em seus olhos. Todos nós temos um bicho papão de estimação, gostaria de saber qual era o de Brady que o levava do céu ao inferno em segundos. Ele respondeu parcialmente a pergunta em minha cabeça sem que eu precisasse proferi-la.

- aquela é Viviam, irmã gêmea de Alisson, minha mulher.

Se eu tivesse em pé, provavelmente teria caído. Poderia ter imaginado qualquer coisa menos que ele é ou era casado.

Ele cutucou a grama com os dedos e olhou para frente

-Sem entrar em detalhes, minha esposa faleceu a aproximadamente dois anos.

- desculpa, eu não sabia

- não tinha como saber, as pessoas parecem evitar o assunto.

Estava morrendo de vontade de perguntar, mas não tinha certeza quais palavras usar.

- como sua esposa..quer dizer , ela estava...doente?

Ele balançou a cabeça em negativa

- Alisson era a pessoa mais alegre e extrovertida que eu conhecia, amava  a natureza, adorava tirar foto até de uma simples flor no jardim do vizinho, ficamos casados durante 9 anos, mas depois de uma fatalidade familiar seu sorriso desapareceu, tinha dias em que ela se preocupava ao extremo, já em outros ela simplesmente se isolava do mundo nem eu conseguia convencê-la a sair do quarto. Só depois de um tempo, procuramos um especialista que a diagnosticou com depressão e transtorno de  ansiedade. Depois disso comecei a trabalhar em casa para  ficar mais tempo com ela, porém em um certo dia tive que resolver uma emergência na empresa, me ausentei por poucas horas ...- ele esperou um pouco antes de continuar. Seu olhar foi de encontro ao chão - quando voltei, ela havia  Ingerido uma quantidade consideravelmente grande de remédio causando sua morte. A encontrei sem vida na nossa casa.

Meu coração praticamente saltou pela garganta. Havia dor em sua voz, e eu senti um aperto no coração sem saber o que dizer.

- Como conseguiu seguir em frente?

- Não consegui, mas a vida segue mesmo que pareça impossível.

- você é um homem muito forte! Chega, vamos mudar de assunto, a última coisa que eu quero é deixá-lo triste. Acredite ou não.

- Não se preocupe, não falo disso com ninguém, mas com você parece fácil.

Encarei o perfil do Brad. Seus olhos estavam mais brandos, um sorriso formou em seus lábios quando nos encaramos.

- Você tem dentes lindos, mas só mostra quando sorri e você não rir muito.

- Achei que ninguém mais me faria sorrir, mas você e o Liam me fizeram rir em dois dias o que não sorrir em dois anos.

- imagino que deve ter sido muito difícil e entendo o por quê de ter fugido, mas acho que foi bom você ter voltado. Você precisa aprender a ser capaz de ficar cara a cara com seus medos, dores ou qualquer coisa que sinta aí dentro para pode seguir em frente. Falando assim pareceu a Ceci e seus conselhos motivacionais. Ah, falando nisso... Ela tá me enchendo a paciência sobre você ter achado que parecemos um casal.

- Ela ouviu?

Ele riu baixinho. Dei risada balançando a cabeça, afirmando.

-  Não só ouviu como me obrigou a vir para te provar que não somos um casal.

Mesmo sendo uma frase inocente, pelo olhar do Brad algo me dizia que ele interpretou errado.

- Preciso de uma bebida - comecei a ficar em pé.

-  não - Ele pousou uma mão em minha Perna evitando que eu levantasse, o mínimo toque me fez estremesser apesar do calor.

Ficamos em silêncio por um longo tempo observando o pôr do sol.

- esse lago pertence a vocês ?

- Sim, faz parte da nossa propriedade.

- Uau, quando eu era criança não podia ver água que me jogava de cabeça, papai dizia que eu não era gente era um peixe.

-  E por que não mergulha agora?

Seus olhos estavam atentos a minha expressão, que esperava atentamente um sinal de que aquilo fosse uma brincadeira, entretanto seus olhos permanecia fixo ao meus sem nenhum vestígio.

- tá brincando neh ?

- Não, não estou...claro se tiver vontade.

- Isso é loucura... - meu nervosismo misturado com adrenalina da loucura daquele pensamento começou a surgir me fazendo rir.

- Costumo dizer que a vida é curta demais para passar vontade, então nunca deixo de fazer o que quero.

- mas e se aparecer alguém?

- prometo ficar de olho.

- Sério ? - ele balançou a cabeça e começou a ficar em pé estendendo a mão para que eu me levantasse - você pode ficar de costas até eu entrar?

Balançou a cabeça, afirmando .

Ele ficou de costas para mim e dei um gritinho de alegria ao tirar rapidamente a roupa antes de pular na água que estava surpreendentemente quente.

Assim que meu corpo estava submerso gritei.

- já pode virar!

Brady estava em pé com as mãos no bolso, enquanto me olhava flutuar sobre a água. Ele não se mexeu e nem tirou os olhos de onde eu estava só de vez em quando que olhava para trás para ver se vinha alguém.

Estava orgulhosa de mim mesma por aproveitar o momento. Eu provavelmente nunca consideraria fazer algo tão espontâneo durante o tempo em que vivi com o vovô e muito menos durante a faculdade. Realmente aquele momento vivido só para mim valeu cada minuto.

Quando estava satisfeita anunciei :

- Vou sair

Brady ficou de costa e deslizei o vestido pelo meu corpo molhado enquanto começava a processar a realidade do que havia acontecido.

- Como vamos explicar por que você está molhada ? - ele perguntou

- Eu não sei, a idéia foi sua - abrir um sorriso travesso

- Entendi, sobrou para mim!

Quando voltamos para a festa, felizmente, parecia que a maioria já havia deixado o local. As poucas pessoas que restavam olhavam para nós confusas, principalmente Charlotte e Eduard. Todos estavam perplexas, exceto dona Iris e seu Henri, que estavam sorrindo de orelha a orelha.

- Mas o que aconteceu com você, Honey ? - Charlotte indagou.

Olhei para Brady e esperei pela sua resposta, tentando ao máximo não perder a postura. Ele não se intimidou  e não levou mais de alguns minutos para inventar uma história.

- Honey e eu fomos dar uma volta para tratar de um assunto pendente sobre a fusão. Bom, é aqui que a história fica boa, esta maluquinha achou ter visto um gatinho se afogando e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela pulou no lago para tentar salvar o suposto felino. Só depois ela percebeu que era apenas um folha que caiu da árvore.

Brady merecia um Oscar pela sua excelente atuação

- Minha querida, assumo que se fosse eu teria feito a mesma coisa . - Os olhos de dona Iris estavam cheios de carinho quando se direcionou a mim e segurou minhas mãos.  - vamos  entrar e secar os cabelos se não vai acabar pegando um resfriado, no  quarto de Charlotte tem toalhas e roupas secas.

- Eu adoraria, dona Iris, mas preciso ir. Obrigado pelo carinho - levei suas mãos até os lábios e deixei um beijo, igual eu fazia com a minha avó - e Charlotte meus parabéns estava tudo muito lindo, desejo toda felicidade do mundo ao casal.

- Eu te levo!- Eduard  sugeriu

- Não, preciso que você fique para me ajudar,  Brady pode leva-la - Senhor Henri interviu

- Não precisa, estou de carro. Muito obrigado pela gentileza.

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