cap 4

Honey

Quando ele abriu a porta e me deu passagem, soltei um suspiro de alívio grata pela mudança de ambiente. Os assentos da grande mesa já estavam todos ocupados, só restavam dois, um em frente ao outro. Todos que estavam presentes nos olharam com os olhos grandes e confusos, isso me fez questionar se havia perdido alguma coisa ou era pelo meu atraso, algo que não ocorria frequentemente, na verdade nunca ocorreu.

Alisei minha saia, na tentativa de controlar o nervosismo, pois nesse momento, todos os meus temores estavam exposto, principalmente de ser incompetente como dizia meu avô. Forcei os meus pés a darem alguns passos, logo percebendo que aqueles olhares não eram para mim.

- Sente-se aqui, senhorita Honey! - Eduard, cavalheiro como sempre, se levantou e puxou a cadeira para que eu me  sentasse ao seu lado.

Vi, enquanto  sentava, os olhos frios do meu companheiro do elevador me encararem, e mais uma vez sentir o peso daquele olhar. Sentamos, quase ao mesmo tempo. Charlotte, sentada à sua esquerda me lançou um olhar de afeto, piscando em seguida dei um leve sorriso. Eduard se sentou e começou falando sobre o assunto da reunião.

" Olhei para o três. Era impressão minha ou eles tinham algo em comum? ... Eduard e o estranho eram parecidos, mas diferentes. Embora um lembrasse o outro e os dois tivessem uma beleza digna de um deus da Grécia antiga, Eduard tinha cabelos loiros, - quase dourado -  e sem nenhum fio fora do lugar e me parecia bem mais rebelde do que seu terno e a a gravata alinhada deixava transparecer e sua fisionomia totalmente despreocupado e sua fama de mulherengo deixava em dúvida sobre  seu verdadeiro eu! O estranho era mais recomposto e perpetuamente bravo, porém seu estilo " largado" , camisa social larga, jaqueta de couro, calça jeans , coturno, e claro, alguns acessórios, eram contraditório a sua postura rígida, e sua áurea de poder absoluto, que eu podia sentir a vários metros de distância, como uma brisa suave soprando em meu corpo. Charlotte, também parecia com eles, quase uma miniatura dos dois, aquele famoso meio termo, nem alegre demais nem sombria demais, um doce de pessoa que me recebeu de braços abertos desde o primeiro dia. Porém tinha sua personalidade forte que  deixava alguns com o pé atrás.

"Nesse um ano de empresa, eu nunca ouvir falar em um terceiro irmão Foster ... Pensando bem.. Ouvi em algumas ocasiões, durante aqueles minutinhos para o café que o crescimento repentino da empresa foi devido ao esforço e a paixão do filho mais velho do senhor Henri Foster . Porém nunca o conheci e  ninguém comenta ou fala nada sobre ele, a única coisa que eu sei é que ele foi o responsável por tornar a empresa no que é hoje".

Estava tão envolvida na minha investigação particular que nem conseguir ouvir quando o senhor Henri Foster apareceu no grande telão por vídeo chamada. Só então, me dei conta que tudo ficou em silêncio e os olhos daquele sentado em minha frente estavam cheios de lágrimas. A tensão era tão grande que ninguém conseguia pronunciar uma única palavra.

- Papai...- sua voz saiu quase em um sussurro.

- Filho... Seja bem vindo ao lar ! - O senhor Henri, emocionado, limpou os olhos com o dorso da mão e levou um copo com água aos lábios - O hotel em pragas e em Fernando de Noronha  estão ótimos, em menos de três anos as ações estão subindo cada vez mais, quem disse que paixão não era produtiva? - seus olhos azuis brilhavam de emoção e de orgulho e sua voz não conseguia disfarçar se abalo emocional.

- O senhor disse, papai-  respondeu em um tom brincalhão.

- sério? Onde eu estava com a cabeça ? - Todos na sala riram deixando o ambiente um pouco mais relaxado. Após cumprimentar a todos e trocar mais algumas palavras com o filho, o Sr Henri voltou sua atenção para Eduard.

- Me diz uma coisa Eduard, nós temos trinta hotéis em doze países, mas sua última viagem, no fim de semana,você ficou em um resort de Jhon Smith em Lisboa- Eduard rapidamente se pós em pé.

- Estava checando a concorrência! - sua resposta saiu quase de imediato.

- Te conheço, foi mais que uma simples averiguação. Você sempre fica em um dos nossos hotéis. Posso até ariscar que você insiste na idéia de  uma fusão.- O clima, novamente ficou tenso.

- Acha mesmo que faria isso sem falar com a nossa advogada? - Os olhos azuis de Eduard  pararam nos meus.

- Posso apostar que faria! - Charlotte interviu pela primeira vez.

- Talvez, tenha feito! - Eduard falou dando de ombro.

Pela primeira vez, abrir minha boca

- Senhor Eduard, como advogada da empresa é meu dever aconselha-lo. Se tentar fazer uma fusão vocês poderão perder o controle do que acontece com seu negócio, algo que foi construído com tanta paixão.

- Concordo com a advogada - troquei um olhar com o desconhecido  e antes que pudesse me acostumar, ele voltou sua atenção para o senhor Eduard.

" Mas por que ninguém falava o nome dele? "

Tentei me concentrar no assunto. A pauta da reunião nem era essa, mas o assunto tratado, se fosse acordado, nos levaria ao topo ou ao fracasso total.

- Tá certo, Sherlock! - Eduard, ainda em pé apoiou as duas mãos sobre a mesa- juntos teremos cem hotéis em vinte e três países. Não acha um bom investimento? - Sua pergunta era exclusivamente para seu irmão, que, em um gesto automático,apoiou o cotovelo na mesa e levou  as mãos ao queixo erguendo  as sombrancelha  pensativo.

Me perdi por alguns minutos ao observar sua mãos enormes

- Sim, mas para conseguir isso não precisamos de mais um nome na hipoteca - sua resposta foi rápida

- É um bom acordo, admita! - Eduard insistiu

- Estou ausente há muito tempo, mas pela minha experiência acho um pouco arriscado se envolver em uma fusão sem conhecer a outra rede.-  Ainda estava observando-o quando nossos olhos se cruzaram. Olhos penetrantes de um brilho intenso, era como se ele soubesse que eu estava atenta aos seus movimentos. Pela primeira vez depois de adulta me senti completamente atrapalhada. - Estou certo? -

"Se ao menos minha pulsação se acalmasse!"

- Sim, claro....antes de um parecer concreto, preciso avaliar todos os hotéis do senhor Smith, além de checar ganhos anuais, lucros e valores de suas propriedades. - falei

Ele assentiu, com um movimento de cabeça.

- Você, junto com a senhorita Honey, poderiam cuidar disso, Ne Brady? - O senhor Henri se pronunciou mais uma vez.

" Brady Foster "

- Não pretendo ficar, papai - Brady falou abaixando o olhar para suas mãos que agora estavam apoiadas na mesa. Charlotte, em um gesto carinhoso, segurou-a

- Você poderia ficar até terminarmos este assunto, realmente é uma chance enorme de crescimento. - Eduard insistiu.

- Não sei se conseguiria, mas vou pensar até domingo.-  Seu semblante caiu, deixando seus olhos em um tom mais amargo e visivelmente triste.

Suas palavras foram tão simples, mas alguma coisa dentro do meu corpo  reagiu com aquela hipótese de partida. Eu precisava descobrir o que tinha por trás daquela tensão que novamente pairou no ar, a curiosidade em meu semblante era eminente.

Mais populares

Comments

Celia Maria Chagas Badu

Celia Maria Chagas Badu

To achando que vai ficar algo aconteceu nesse primeiro momento dos dois ☺☺

2023-10-22

7

Selma Mello

Selma Mello

Can David, "Pássaro Sonhador"

2023-10-04

1

Regina Dill

Regina Dill

.mais fotos

2023-09-13

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!