cap 5

Honey

Quando a reunião acabou, podia ouvir meu estômago roncar não tinha tomado café e já era quase uma da tarde. Todos se despediram, voltando para seus postos. Eu ainda permanecia sentada estudando um último relatório sobre a compra de um novo hotel em Londres. Me acomodando na cadeira, tentei esquecer as últimas horas enquanto trabalhava no acordo. Ergui a cabeça me dando conta de que só restaram os irmãos Foster conversando com o senhor Henri e eu .

Fiz menção para me levantar, para dar-lhes mais privacidade, porém, Eduard, com a mão direita, fez um gesto para que eu o continuasse. Assenti, entretanto não conseguir me concentrar na papelada, a curiosidade na conversa falou mais alto.

- Quando você vem para Lombard, Brady? - Ouvir o senhor Henri perguntar- Sua mãe saiu, mas quando falar que você está em Chicago, com certeza, ela vai querer voltar de imediato.

- Não deixe que isso aconteça, eu pretendo ir amanhã bem cedo, devo chegar por volta das onze! - Brady agora parecia mais relaxado sentado na poltrona com o Cotovelo apoiado nas pernas da Charlotte, que estava sentada no braço da poltrona olhando para o notebook apoiado na mesinha de centro. Já Eduard estava em pé atrás deles.

Abri um sorriso presunçoso, quase mudando de ideia sobre não ir ao casamento de Charlotte. A cerimônia seria na casa da família na vila lombard que ficava a 22 milhas ( aproximadamente 36 quilômetros)

de Chicago. Quando eu recebi o convite fiquei com vergonha de recusa-lo, Charlotte tinha sido tão fofa em convidar todos os funcionários da empresa que fiquei constrangida em dizer não.

- Como estão os preparativos, papai ? - Charlotte colocou a mão sobre o peito enquanto falava - Estou tão ansiosa a ponto de ter um infarto

- Vai deixar o Tom viúvo antes do casamento? Se bem que ele merece por ter se engraçado para cima da minha irmã caçula. - Brady alisou seu braço fazendo uma careta quando Charlote o acertou com um tapa- aí isso dói !

- Bem feito, toda vez é a mesma coisa. Você nunca vai superar a perda do seu melhor amigo ?

- A questão não e essa. E sim que ele se engraçou para cima da minha irmã, você era apenas uma bebê e ele um marmanjo barbado.

- Eu não era um bebê, já estava na faculdade!

Ele sorriu. Um surpreendente raio de dentes cintilantes muito alvos.

" Ele ficava lindo sorrindo "

- Mesmo depois de adultos, vocês ainda parecem três crianças brigando por uma caixa de cereais froot loops.

- Você ainda lembra, Papai ? - Charlotte estava visivelmente emocionada, devia ser por causa do casamento. Dava para perceber o cuidado que todos tinham com ela... também, única menina e a caçula da familia.

" Seria errado se eu sentisse um pingo de inveja? "

- Como podia esquecer? Era uma cena de guerra todas as manhãs. Os preparativos estão a todo vapor, Charlotte.

Lembrei de Liam que amava comer aqueles mesmos cereais coloridos antes de dormir, isso me fez rir chamando a atenção deles.

- O próximo a se casar serei eu, já estou cansado de ficar solteiro.

Senti o olhar de Eduard, isso me fez corar.

- Sinto muito maninho, mas qual a mulher em sã consciência casaria com você para ganhar um chifre uma semana depois da lua de mel ?- Charlote entrou na brincadeira e eu não pude conter o riso.

- Posso processa-la por difamação, Honey? -

- Só se houver testemunhas - Na mesma hora Brady e eu levantamos as mãos como se fossemos cúmplices de Charlotte.

- Ok, ok...obrigado para vocês dois! - Eduard brincou saindo de perto dos dois.

- Todos sabem que é verdade, a única mulher solteira nesse continente que você não deu em cima foi da Honey. -

Agora toda a atenção estava em meu rosto.

- Isso porque ela não me deu bola. - Havia um sorriso malicioso no rosto do Eduard enquanto Brady me encarava com olhar intenso e curioso.

- Não gosto de loiros - Dei de ombro, com um sorriso tímido. O problema nem era esse, mas sim seu lado pegador, Se estivesse no colegial ele seria aquele play boy que fica com todas, mas não assume nenhuma.

Desde minha entrevista, ele havia deixado claro, através de seu flerte pesado, que eu provavelmente o teria quando quisesse, porém ele era o tipo de homem que me fazia manter distância, a experiência é a melhor forma de aprendizado.

Foquei minha atenção na última cláusula do contrato, era meu dever conseguir o melhor acordo tanto para alienação como para aquisição de novos hotéis, e este em Londres era o mais novo brinquedinho dos Foster. Fiquei dois meses tentando conseguir um acordo que fosse rentável para os dois lados, finalmente acabou, e agora só precisava da assinatura de um deles.

- Senhores... meu serviço por aqui terminou, só preciso da assinatura de um de vocês. - Levantei a cabeça, nem tinha notado que só o Brady estava na sala.

- Só tem eu e posso garantir que não sou loiro.

"Ele estava flertando comigo? E porque as maçãs do meu rosto estavam esquentando? "

- Acho que pode ser ! - forcei minha voz a sair perfeitamente sem rastro do meu constrangimento, algo que aprendi com um livro de auto ajuda.

Seus lábios levemente formaram um sorriso enquanto ele se movimentava em minha direção. Brady parou ao lado da cadeira em que eu estava sentada e se inclinou ficando a alguns centímetros do meu corpo. Aquele aroma amadeirado, novamente dominaram o ambiente, fazendo-me imagina-lo cortando lenha no meio da floresta com seus músculos de fora.

Com a garganta seca fiquei em pé, me convencendo que meu nervosismo não tinha nada haver com aquela atração física ridícula que estava sentindo por aquele homem misterioso.

- Pronto, já está tudo assinado!

- Não vai lê ? - perguntei na dúvida

- Não, acho que posso confiar em uma mulher que xinga um estranho de cara de pudim. - Seu sorriso agora era encantador

Antes de responder minha barriga roncou novamente.

- Acho que não deve confiar em uma mulher com fome.

- Estou indo almoçar, se quiser pode me acompanhar.

- Agradeço pela gentileza, mas já tenho companhia para o almoço! - Regra número um, nunca se envolva com o chefe e nem com o filho do chefe do seu chefe. Dica daquele livro de auto ajuda que eu mencionei, ou foi algo que eu mesma criei.

- Um namorado ? - Ele colocou as mãos no bolso da calça enquanto estudava meu rosto. Uma brisa suave entrou pela janela fazendo os fios dos seus cabelos compridos saíssem de trás da orelha moldando aquele rosto incrivelmente quadrado, ele estava tão perto que eu parecia uma formiga e ele um jogador de futebol americano.

- Não! - Recolhi os papéis, meu notebook e os guardei na bolsa sendo observada por dois pares de olhos intensos. - Apenas uma amiga!

- Então, acho que nos vemos por aí? - Em um gesto nada despretensioso, ele ajeitou os cabelos, colocando-os novamente atrás da orelha me fazendo admira-lo mais uma vez...Tinha que sair dali com urgência.

- Bom apetite senhor Brady - Antes de sair meu celular vibrou e o tirei da bolsa, olhando para o visor

" Ceci"

- cadê

- você ?

- só

-tenho

-mais

-quarenta

-minutos

Eu odiava aquela mania, exclusivamente dela, de me mandar mensagem separadas em diferentes envios.

- Chego em dez minutos

O restaurante em que almoçamos é do outro lado da rua, então era só o tempo de descer do edifício.