capítulo 18

Ayumi

Acordei e não vi o Hayato na cama, no final, acabei aceitando a proposta dele de passar a dormir nesse quarto. Eu confesso que fiquei nervosa, constrangida e até com uma certa expectativa, mas ele não chegou perto de mim.

Eu imaginei que ele já havia saído, então fui ao banheiro, quando abri a porta, ele estava de toalha em frente a pia, seu cabelo molhado e me olhou pelo espelho.

— Me desculpa, eu pensei que você não estivesse no quarto — me virei para sair, mas ele pediu que eu esperasse.

— Eu já terminei, pode ficar à vontade.

Ele passou bem perto de mim e ainda havia gotas de água por algumas partes do seu peito. Hayato me olhava de um jeito como se me devorasse com os olhos, eu não estava louca, existia sim uma tensão sexual entre nós que era quase palpável.

Minhas roupas e produtos de higiene estavam no outro quarto, então somente usei o vaso e sai para ir ao meu antigo quarto. Hayato já tinha vestido a calça, mas ainda estava sem camisa, eu acabei não falando nada e sai dali bem rápido.

Me perguntei se todas as manhãs seriam daquele jeito? Percebi que tinha uma movimentação maior na casa hoje, acredito que seja o pessoal que estava organizando toda a bagunça.

Entrei no meu quarto e fui direto para o chuveiro, entrei de cabeça ali embaixo, eu precisava esfriar não só minha cabeça, mas meu corpo também. Tirando o que o Akira fez comigo, fazia anos que não sentia um toque masculino em meu corpo de uma forma sensual, e eu não sabia quanto tempo mais eu iria conseguir me segurar.

Quando finalmente saí do banho e fui tomar café, ele já não estava mais lá, somente Celina ainda permanecia na mesa e olhava o celular. Cumprimentei Celina e me sentei à mesa, alguns pensamentos circularam pela minha cabeça enquanto eu a observava.

Eu não tinha com quem falar sobre o que eu estava sentindo, Celina acabou por ser a única com quem eu poderia falar sobre isso. Celina era uma mulher experiente, não era do tipo que se envolvia emocionalmente com alguém, mas sua cama não ficava vazia por muito tempo, então acredito que ela poderia me tirar essa dúvida.

— Desembucha.

Celina me olhou e ainda permanecia sentada de mal jeito, com um dos seus pés na cadeira, ainda mexendo no celular, mas conseguiu perceber que eu a estava encarando.

— Eu queria conversar com você sobre um assunto, um papo de mulher.

Depois que eu disse isso foi que ela largou o celular, levantou uma sobrancelha e me disse para falar. Eu não queria falar ali, qualquer um poderia chegar e escutar a conversa, queria que fosse em um lugar reservado.

— Podemos conversar em outro lugar depois do café? — perguntei ainda um pouco apreensiva.

Ela fez que sim com a cabeça e eu continuei comendo. Depois do café, Celina me perguntou se eu já conhecia toda a casa, respondi que não porque realmente não conhecia, havia muitas partes da casa que eu nem sabia o que tinha nelas.

Celina me chamou e fomos dar um passeio pela propriedade, assim poderíamos conversar à vontade sem sermos interrompidas ou ouvidas. Em um dos lados da propriedade tinha uma espécie de ginásio onde havia uma academia, estande de tiro, e um Dojo para os treinos de artes marciais e com espadas. Fomos em direção ao ginásio e ela me perguntou o que eu queria falar.

— Você acha que o Hayato me vê como mulher? — a pergunta pareceu estranha depois que saiu.

— Garanto que não te vê como homem. — Celina sorriu após dizer isso.

— Você me entendeu, Celina.

— Sim, você quer saber se ele te deseja? Na minha opinião, ele deseja. Dá para ver como ele te olha, se aquilo não é um olhar de desejo, então não sei o que é — pensou um pouco e voltou a falar — Espera! Vocês dormiram no mesmo quarto e não aconteceu nada? Nem uma passada de mão? — neguei com a cabeça.

Celina acendeu um cigarro e me encarou, parecendo me analisar e parecia estar pensando em alguma coisa.

— Você deu algum sinal para ele, dando a entender que estava a fim?

Realmente eu não havia dado esse sinal para o Hayato, pelo contrário, disse que nosso casamento era para ser somente no papel. Eu neguei com a cabeça e ela continuou.

— Eu o conheço, sua mãe o ensinou a respeitar as mulheres mesmo ele sendo um membro da yakuza, por ela ser filha de mafioso e na maioria das vezes as mulheres nesse meio sempre são tratadas como lixo, ela tentou o ensinar a ser diferente, ele não forçará você a nada, então se você quer que ele faça algo na cama, tente demonstrar que tem interesse nele, e que não vai recusá-lo.

Eu não fazia ideia de como fazer isso, não sou experiente como a Celina, além de toda a minha timidez.

— Como eu posso fazer isso? — perguntei e Celina me olhou como se não acreditasse na minha pergunta.

— Há quanto tempo você não transa?

Celina era bem direta, eu não ia responder que fazia anos, só respondi que fazia meses, ela soprou a fumaça para longe e continuou.

— Cara, com um homem como o Hayato na minha cama, eu garanto que não ia dormir tão cedo. Não me olhe assim porque nunca tive nada com ele — explicou ao perceber como eu olhei para ela, quando falou no Hayato.

— Olha Ayumi, não sou ninguém para me meter no relacionamento de vocês dois, mas você não tem nada a perder, ele é um homem incrível, eu o conheço há muitos anos, vocês dois são até casados, se eu fosse você arriscava, se não desse certo o romance de vocês, ainda seriam unidos pela vingança.

Por um lado, Celina estava certa, eu não tinha nada a perder em deixar as coisas acontecerem com ele, não tinha que dar satisfação a ninguém mais, não tinha que me preocupar com meu pai, nem com o nome da família, então nem eu mesma sabia o que estava esperando para deixar as coisas acontecerem.

Continuamos andando e fomos para o estande de tiro, Celina preparou a arma e me chamou para perto.

 — Finja que aquele alvo é o Hayato — mandou que eu colocasse o protetor de ouvido e atirou várias vezes.

Ela apertou um botão trazendo o alvo para perto, ela era ótima. Tiramos os fones e ela falou — Viu, é só mirar e atirar — se minha mira fosse boa, até que estaria tudo bem, mas eu só sabia segurar a arma.

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