Capítulo 19

Hayato

Eu já havia terminado meu banho e conseguido me aliviar um pouco, deixei Ayumi dormindo, hoje eu ria sair cedo para a empresa do Yamamoto pela primeira vez. Ayumi abriu a porta enquanto eu ainda estava no banheiro, ela deve ter achado que eu não estava mais aqui. Eu pude ver pelo espelho que ela percorreu seus olhos pelo meu corpo, os olhos dela não conseguem disfarçar que me deseja e comigo não é diferente.

Eu fiz questão de passar bem perto quando saí do banheiro, para que ela entrasse, ela não demorou e quando saiu, nem mesmo falou nada, saindo rápido do quarto.

Terminei de me vestir e fui tomar café, Celina ficou de comprar as coisa que Ayumi precisava, entreguei o cartão a ela, e deixei claro que gastasse o que fosse preciso para trazer tudo que ela pediu.

Até o momento que sai dali, ela não havia saído do outro quarto para tomar café, será que ela havia ficado tão envergonhada assim? Eu teria que conseguir uma maneira de fazer ela perder essa timidez comigo, ou deixar fluir o que ela realmente estava desejando.

Meus pensamentos ficaram nela até chegarmos a empresa, agora eu teria que focar no que vim fazer, eu iria enfrentar mais uma vez o Yamamoto, mas acredito que terei o apoio do senhor Saito. Tudo que eu precisava eu já tinha comigo, com a certidão original em mãos, meu advogado já tinha providenciado toda papelada necessária para que eu assumisse o lugar que era da Ayumi, ela foi esperta em me pedir para falar com seu avô, se tudo der certo agora, ele ficaria do meu lado.

Eu fui à empresa hoje porque eu sabia que teriam uma reunião com os acionistas e que melhor ocasião para uma visita do genro do senhor Ryotaro? Eu cheguei e todos já estavam na sala de reuniões, havia seguranças do lado de fora como era de se esperar de um lugar cheio de membros da yakuza, pedi para ser anunciado primeiro, não queria ser grosseiro entrando de uma vez, mas se fosse preciso eu iria entrar na marra sim.

Cerca de uns dois minutos depois abriram a porta me pedindo para entrar, aquela arrogância ainda estava estampada no rosto do Ryotaro, o Akira estava em um canto da sala me observando.

— Senhor Watanabe, não sabe que não é ético da sua parte interromper uma reunião como essa? Acredito que não tenha nada que fazer nessa empresa e muito menos nessa reunião.

Eu tinha que sorrir daquela cara de pau e confiança dele, mas eu iria acabar com sua pose como fiz na sua casa — Falta de ética maior, senhor Yamamoto, é o senhor fazer essa reunião sem a presença de um dos sócios, eu não fui informado dessa reunião e pelo visto se eu não tivesse vindo hoje, eu nem ficariam sabendo dela.

Eu fui até uma das cadeiras e me sentei, percebi os burburinhos na sala e esclareci logo — Eu deixei bem claro que me casei com sua filha e isso me dá o direito de estar aqui, já que passei a ser o representante legal de suas ações e bens.

Os outros quando ouviram começaram a perguntar se era verdade e como não foram informados sobre aquele assunto.

— Eu estou investigando como ele conseguiu fazer isso, por isso queria deixar para falar com os senhores quando tivesse as provas.

— Provas? De quais provas o senhor precisa para se convencer da verdade? Eu tenho a certidão de casamento, tenho fotos e o que mais o senhor precisar, então me desculpe, mas isso parece uma desculpa para mim.

Quanto mais eu começasse a gerar desconfiança nos sócios presentes, melhor seria para mim.

— O que quer dizer com isso?

— O senhor sabe o que quero dizer, com as ações da Ayumi o senhor seria o sócio majoritário e teria assim todo poder na sua mão, mas não quer permitir que outra pessoa assuma as ações da sua filha, somente o senhor poderia fazer isso, mas sinto muito estragar seus planos, eu tenho toda documentação necessária para assumir esse posto, querendo o senhor ou não.

A semente da dúvida e da discórdia já estava plantada, agora era questão de tempo.

— Se o senhor Watanabe se casou com minha neta, ele tem o direito de estar aqui, de acordo com o testamento da minha filha, as ações seriam administradas por seu marido.

O velho parecia já estar bem irritado e não só comigo, o Akira ainda permanecia no mesmo lugar e girava uma caneta sem parar, por mim eu arrancava sua cabeça eu mesmo, mas esse gostinho vou deixar para a Ayumi.

Ele acabou respondendo ao avô da Ayumi — Claro, o senhor não aceita eu administrar as ações e prefere que alguém desconhecido entre na empresa, isso não é colocar a empresa em primeiro lugar, isso é agir para interesses próprios.

Agora a coisa começou a ficar boa, eu só tive que acender o pavio, essa bomba  estava quase explodindo já tinha algum tempo.

— O único buscando por seus próprios interesses aqui, não é você? Você nunca deixou minha neta se casar somente por causa das ações, ela teve que se casar às escondidas e por que escondeu que ela estava hospitalizada e que havia desaparecido?

Todos na sala estavam desconfiados do Yamamoto.

— Eu só não queria que ela se casasse com qualquer um, eu pensei na empresa, eu não falei sobre o sequestro porque fui orientado assim pelos sequestradores, tinha medo que machucassem ela.

Ele agora estava jogando, eu sabia se desmentisse, ele poderia me questionar como eu sabia o que disseram para ele — Senhores, não estou aqui para causar confusão ou conflito entre vocês, como disse, só estou aqui cumprindo meu papel como marido e cuidando dos bens da minha esposa, até ela se recuperar.

Eu não dei a resposta que ele queria — Então, por que não partimos para a reunião sobre a empresa? — eu comecei isso, agora era o momento de apaziguar, o senhor Saito me olhava, mas esse olhar não era de raiva, diferente do Yamamoto. Eu realmente não importava, dei o primeiro passo para entrar na empresa e isso já era uma das inúmeras vitórias que eu teria sobre ele.

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