Quartos

    1

     Após lavar o meu rosto, encaro o meu reflexo no espelho sujo e rachado, fico bom tempo me encarando tentando procurar respostas. Mas não há respostas.

      E tudo que tenho é essa carta que seguro em minhas mãos, e eu não tenho coragem de abri-la, na verdade, eu nunca tive. Vivo nesse pequeno quarto faz anos e nem sei como vim parar aqui, e a única pessoa que ainda mantenho contato é a Lisa, uma garota do quarto ao lado. Não sei exatamente que lugar é esse, eu nunca consegui sair daqui, a mesma coisa acontece com ela.

      Eu soube que Lisa tem algo em comum comigo, ela não consegue usar uma roupa que ela tem, não sei explicar direito, mas da mesma forma que não consigo abrir essa carta, ela não consegue vestir uma blusa específica, e nem se quer olhar pra ela. Eu nunca entendi o porquê, parece algo tão simples, "é só uma blusa" digo pra ela, e ela sempre diz que eu não entenderia.

      Sempre tentamos sair daqui, mas algo nos prende nesse lugar, simplesmente não conseguimos abrir a porta. Não porque está trancada, pois ela não está, mas simplesmente não conseguimos sair, algo nos prende aqui, uma força além da gente. Eu e a Lisa estamos tentando entender o porquê disso. Mas não há respostas. O que posso fazer? O que eu posso fazer? Deito na cama. Aquele ar de silêncio misturado com o sombrio canto do quarto, escuto risadas, mas não daquelas boas, mas daquelas ruins. Escuto ruídos e umas palavras palavras atrás da porta "Ele é estranho. Ele é lerdo. Ele é acomodado. Ele é um preguiçoso. Ele é, ele é, ele é…" E ali eu durmo, com aquelas risadas… Maldosas.

— Ei, acordado? — Escuto a voz dela atrás da parede

   

— Agora sim Lisa. — Falo me encostando na parede, com intenção de ficar mais perto dela possível.

   

— Que bom. — Noto uma distância em sua voz

   

— Estava com insônia. — Confirmo, só pra quebrar o gelo, ter um assunto a falar e não deixar ela com tédio.

   

— Quem não fica. — Sua voz mostra um leve desânimo, será que aconteceu algo? Não quero incomodar com as perguntas.

   

— Verdade…

   

— Você notou algo na porta? Ela estava entreaberta. — Faço observação disso e ela fica em silêncio, e demora pra responder

   

— Não, pra você estava? — Ela dá uma gaguejada sinistra

   

— Sim.

   

— Tentou sair de novo? — Ela pergunta, e sinto que ela que eu tentei sair, mas não, não tentei, não consigo.

   

— Não, prefiro ficar na cama.

   

— Eu também. — Ela responde, com leve distanciamento em sua voz

   

— Mas bem que poderíamos tentar. Não é?

   

— Sim. Não… Ah, sei lá.

   

—  nimo…

   

— Sacanagem né. — Seu nível de deboche me faz rir

   

— Sério, precisamos ter, criar forças.

    E a conversa parou por aí, não há mais nada para conversar. Ficamos em silêncio. Mais dias e dias passaram. Longos e longos dias. Aquele silêncio, eu chamava Lisa mas nada, aquela agonia e angústia estava me matando aos poucos. Será que aconteceu alguma coisa com ela? Será que ela teve coragem e saiu por aquela porta sem me avisar antes? Eu não sabia, eu preciso procurar a Lisa, eu preciso sair.

2

     

— Eu não estou afim de ficar aqui. Por mim ficaria longe para sempre e nunca mais voltar. Não quero fazer isso, não quero fazer aquilo. Melissa não me responde. Será que ela tá bem? Estou cansado, quero ficar na cama. Ah meus pensamentos estão acelerados como a velocidade da merda da luz…. Me sinto sem criatividade… — Meus pensamentos estão bizarramente acelerados, estou prestes a explodir.

     A batida da porta fica forte com mais intensidade, me exprimo na parede com o suor caindo sobre o meu rosto. A minha respiração fica mais forte, uma agonia e pontada corrói o meu peito. Minhas pernas tremem sozinhas. O terror assola minha alma.

    

— ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA, ABRE A PORTA!!! — Alguém bate na porta mais forte, mais e mais forte enquanto fala repetidas vezes essas palavras. E do nada, a batida cessa.

       Não consigo conter as lágrimas que involuntariamente escorregaram no meu rosto. Gelado e com os pés como se estivesse no fogo, saio da cama, e paro no centro do quarto encarando a porta. E uma carta é jogada debaixo dela. Curioso, pego e a abro. Esta escrito isso.

                           "Faça"

    Faça??? O que isso significa??? Abrir a porta?? Devagar me dirijo à ela. Giro a maçaneta devagar e receoso. Ela faz um barulho que poderia chamar atenção. Aquela força estranha estava querendo me manter no quarto mas, eu preciso sair. Eu abro logo essa merda e me deparo no corredor longo e escuro. Uma sensação estranha rodeia o meu corpo. Como se algo estivesse querendo que eu voltasse mas, tive que lutar contra isso. Me sinto perdido, quem mandou essa carta? Olho pra porta onde fica a Lisa.

    

— Lisa? Lisa sou eu, o cara do quarto ao lado, você está aí? Oi? Lisa?

    

— Você é o cara do lado? — Uma voz estranha se dirige a mim. Viro procurando quem falou. É um homem cabeludo, com roupa desajeitada e cabelo longo batendo no ombro e todo bagunçado, branco e tem até um dente de ouro que é nítido ver com seu sorriso pouco sádico eu diria.

    

— Sim, e quem é você?

    

— Sou seu vizinho, no quarto a… hmm… A direita.

    

— Eu nunca falei com você…

    

— Sabe como é né, é um tédio viver trancado aqui. Mas, sempre escutei você. Você é doente né?

    

— Não eu…

    

— Relaxa, sei que fala sozinho coisas assim.

    

— Mas não falo sozinho, falo com a vizinha ao lado, a Melissa.

    

— Melissa? — Ele começa a gargalhar, fico sem entender.

    

— Onde está a graça?

    

— Ah garoto, você é uma comédia. Pelo menos alguém me diverte aqui nessa merda de lugar. Vou indo e… Boa sorte pra encontrar a sua garota..

— Ei espera, era você que estava batendo na minha porta agora a pouco?

— Eu tenho mais o que fazer, garoto. Nem conheço você.

      Ele entra e bate a porta. Fiquei ali, olhando pra ela. E o silêncio do corredor tornou a voltar, escuridão cobriu o ambiente. Precisava procurar a Melissa, como eu devo ter dito. Faz dias que não conversamos, e estava fazendo falta, preciso procurar ela.

      Depois da tentativa frustrada de bater em várias portas e não obter nenhuma resposta, fico imaginando por onde ela devia ter ido. Até que paro numa sala grande, e vejo tapetes vermelhos, um balcão de recepcionista no lado direito, paredes douradas. Mas esta escuro, vazio, parecia que ninguém vinha aqui já fazia anos. Que barulho é esse? Escuto uma risada… De criança?

— Oi tio - Diz uma voz infantil, voz travessa, como se quisesse aprontar alguma.

    

— Está indo pra onde?

    

— Cadê você garoto?

    

— Gaby, não atira água nele ainda.

  

    É tarde demais, ela atirou. A risada deles me deixou desconfortável mas relevei, são apenas crianças.

— Você tinha que ver a sua cara tio — Diz uma garotinha. Até que eles aparecem no esconderijo deles. A garota é loira, tem olhos claros. O garoto é careca, branco, tem uma cara de um menino bagunceiro, muito travesso. Digo, muito mesmo. Aparentavam ter seus seis anos de idade.

     

— Esse lugar não parece ser muito seguro para vocês, melhor irem pra casa.

     

— Relaxa tio, estamos bem, brincamos o dia todo.

     

— Vocês são irmãos?

     

— Não, somos namorados.

     

— O-o quê?

     Eles caíram de rir por causa do meu susto, fiquei perplexo com essa declaração, só tem seis anos? Ou estão de brincadeira comigo?

— Tio você é engraçado.

      

— Vocês nem sabem o que é namoro crianças, vão brincar. Aliás, vocês viram uma mulher? Eu não sei bem como ela é porque eu nunca a vi, mas, vocês viram alguma? Tem uma voz doce, ela é jovem pelo que sei. Vocês a viram?

      

— O tio está apaixonado Lucas. — Disse a menina.

      

— Ela é sua namorada? — Perguntou o garoto, estou agora ficando assustado caso a resposta for sim.

      

— Gente, vocês são crianças param de falar isso. Esquece isso de namoro, onde vocês aprenderam isso?

      

— Ué, nos filmes.

      

— Então param de ver filmes, vejam filmes da Disney.

      

— Sim no final o príncipe sempre se casa com a princesa.

      

— Nossa Disney, nem pra ajudar também né. Então, cês viram ela? — Estou ficando impaciente, preciso logo achar a Melissa, eles estão atrapalhando.

      

— Não vou contar, só se brincar com a gente — Disse o garoto.

      

— Tá bom, estou perdendo tempo com duas crianças. — Murmuro, porque não é possível isso.

      

— Se você brincar com a gente, podemos contar. Qual seu nome tio? — A garota

      

— Meu nome não é tão importante, eu preciso saber o que houve com a Melissa. Mas qual seria a brincadeira?

      

— Venha com a gente tio.

      

— Sinceramente, não quero.

      

— Você é chatinho.

      

— Sou mesmo, tenho que ir, se cuidem. Aliás, não sei se fiz essa pergunta, mas onde estão os seus pais?

      

— N-nossos pais?

      

— Sim, seus pais onde estão?

      

— Meu pai… — A garota começou a chorar, e o Lucas foi abraçá-la

      

— Não fala do pai dela, acho bom sair daqui.

     

— Mas…

     

— Não queremos mais brincar com você.

     Deixei eles naquele grande salão, e seguir a procura da Melissa mas, não sei se consigo prosseguir com essas crianças sozinhas aqui nesse lugar estranho. Volto para o salão, e as crianças estão abraçadas chorando e…

      

— Você finge que está tudo bem, preso naquele quarto, você conseguiu sair… Mas nós vamos seguir você, ainda somos crianças mas vamos crescer.

       

— Lucas?

       

— Sou uma pequena parte de você. Você fez a minha amiga chorar.

       

— Lucas… Não fiz por mal.

       

— TUDO QUE VOCÊ FAZ É POR MAL, VOCÊ É MAU E NÃO É BOM.

     Ele se exalta, ele larga a garota no chão e a criança se transfigura, ela se derrete, a cena mais nojenta que já vi na minha vida… Ele fica gritando, e aos poucos o corpo vai criando forma monstruosa. Olhos vermelhos, rosto como se fosse de mosquito gigante, mãos de vidro… De vidro? A garotinha sofre a mesma mutação, o corpo dela fica se debatendo violentamente no chão, até se tornar de certa forma uma mariposa… Meu Deus, são só crianças… A Garota sai voando, com suas asas enormes, e ficou apenas o garoto, que já não é mais um menino, mas uma criatura horrenda… O que está acontecendo?

— VOCÊ NÃO É BOM. PORQUÊ FALOU DO PAI DELA?

    

— Eu… Eu…

     Eu não podia ficar ali com aquela coisa, eu precisava cair fora dali o mais rápido possível. Antes que eu pudesse agir, ele veio em minha direção querendo me atacar, mas consegui me desviar.

— VOCÊ FEZ ELA CHORAR.

       Me movo até a porta atrás de mim e a criatura me seguindo. A primeira coisa que pensei foi correr pro meu quarto, e sem hesitar eu tento fazer isso. Corro o mais rápido possível, e a criatura continua me perseguindo, ele dá um salto e consegue ficar na minha frente, com suas mãos ou patas de vidro, ele me da um golpe. Atrapalhado consigo me desviar, ele dá um tapa forte, e sou jogado contra parede. Caído no chão, ele se prepara para dar o golpe fatal. Droga… é o meu fim?.... Ele levanta suas mãos de vidro, e acerta com toda força na minha barriga….Merda… Tudo isso pra morrer aqui? Todo esse tempo no quarto, sem sair, pra morrer quando sair? Merda… Merda…. Me desculpa… Melissa…

3

     Olá, vim dizer a você uma coisa, apenas uma coisa. Faça. Mesmo que tudo dê errado, mesmo que tudo dê certo, apenas faça. Você até agora não entendeu o sentido de tudo isso, você agora se pergunta porque o protagonista morreu logo no começo da história, e se eu falar que ele não é de fato o protagonista? Você acreditaria em mim? Bom, sou apenas a Consciência do personagem, só isso, e ele se culpa tanto, o peso que ele carrega… Olha eu vou dizer, o verdadeiro vilão não sou eu viu, eu até tento ajudar, mas ele não me escuta nunca, nunca me escuta então, o que eu devo fazer? Por isso que eu disse a ele, faça… E ele… Bom, vocês terão que ver o espelho da alma, exatamente isso…

       No quarto, tudo bem arrumado, o cheiro tão agradável, eu me levanto e me vejo no espelho. Me sinto bem, mas ainda há um vazio, lá no fundo. Estranho, não me lembro como vim parar aqui. Estou aqui faz anos e não me lembro de nada, ainda bem que tenho a Melissa pra conversar aqui no quarto do lado, eu nunca a vi, mas sempre conversamos. Nossos assuntos são aleatórios, às vezes sérios, e quando tocamos em assuntos que tocam a nossa alma, até mesmo choramos juntos. Gosto da voz dela, mas faz dias que não a escuto, faz dias que não conversamos. O que houve com a Melissa? A tela do computador ligou sozinha, vi que estava tendo uma mensagem sendo escrita. Me aproximei do computador.

"Tudo está acontecendo de novo não é"

    Me sento em frente do Pc, pronto para escrever. E vejo mensagens nesse computador.

"Quem é você?"

"Você saberá"

"Pra que tanto mistério?"

"Você viajou várias vezes e não sabe?"

"Não estou entendendo"

"Você é uma pessoa carente, não percebe?

"Não, não sou"

"Diz isso para Melissa"

    Alguém bate forte na porta, e envia uma carta debaixo dela. Não tenho coragem de abri-la… Quem colocou essa carta aqui? Eu coloco a carta em cima da mesa do computador. Caminho até a porta e a abro. O corredor estava cheio de vidros, parede cheio de sangue, meu corpo não consegue de mexer vendo tudo isso. Não consigo pensar direito, apenas ando.

— Alguém aí? Mellisa?

    

— A culpa foi sua, a culpa foi sua, a culpa foi sua, a culpa foi sua, a culpa foi sua.

       

       Essas vozes sobrevoavam sobre minha mente, alguém estava falando comigo, seguindo mais adiante do corredor, ao fundo, vejo uma garotinha, e ela corre.

— Ei, garota, vem aqui, não tenha medo.

     Eu sigo ela nesse corredor estranho e todo sujo de sangue. Ela entra numa porta grande, e entro também. Quando a vejo, ela está chorando segurando uma boneca. Um homem se aproximou dela, ele não tinha boca, as mãos são de linhas e os olhos pequenos e vermelhos, ele era bem arrumado, usa uma jaqueta marrom e calça jeans, cabelo castanho jogado pro lado. Ele olha pra mim e começa a gritar muito, a garotinha continuava a chorar. Ele lança sua mão de linha sobre o pescoço dela e aperta. Eu imediatamente corro para impedir isso. Mas não consigo, ele me impedia, e ele apertava e apertava o pescocinho dela.

— Para com isso, ela é não uma criança!

    

— Você nunca ligou para isso, ela falava, você nunca a ouviu, você só queria o corpo, não o coração.

     

      Tudo

 

             Tudo claro

                     Eu volto de repente para o meu quarto.

      Escuto um barulho na janela, tudo acontecendo ao mesmo tempo…. Ela se abre, vejo um clarão no lado de fora… Me aproximo dela… Quando olho no lado de fora, vejo uma sala e uma maquete, dentro dessa maquete vejo uma pequena casa com dois quartos, dentro desses quartos estava eu como um boneco, e a…. Melissa? Eu estava diferente, a Melissa era da mesma forma como eu imaginava, que saudade dela. Eu acho que as coisas agora vão ficar mais claras. Acho que estou entendendo do porque não lembro como fui parar aqui. Olho um pouco mais pra baixo da maquete, e vejo um monstro me matando com suas patas de vidro, e bem lá em baixo, me vejo com uma criatura com mãos de linha sufocando uma garotinha. Eu acho que me lembro.

4

    Vento fresco sobre o meu rosto, a tardezinha chegando no seu fim. Ando de bicicleta até a casa da Melissa. Ao chegar lá, a casa está toda apagada. A mensagem que enviei para ela no celular havia chegado, mas ela não respondeu. Bato na porta, ninguém atende. Faz dias que ela não responde, estou preocupado.

— Melissa!

   

     Ninguém responde, seus pais saíram a viagem faz dias, e ela nunca vai com eles geralmente. Como eu era da família, sabia onde ficava as chaves quando saiam.

     Coloco a mão no vaso de flores em cima da mesinha da varanda, pego a chave e abro a porta. Será que ela saiu? Tudo está escuro.... Não, lá em cima está acesso, andando na sala, vi uma carta, estava escrita "Faça" quando abrir, eu vi coisas que não vale muito a pena mencionar aqui... Droga Melissa, o que você planeja fazer? Eu jogo a carta pra longe e subo correndo até o quarto dela. Quando abro a porta, ela está estirada no chão toda cheia de sangue, moscas estavam rodeando o corpo dela, o cheiro forte, o corpo cheio de vidros. Estou gelado. Não sei como reagir, Melissa estava morta...

      Ela sempre pediu para eu abrir a carta, mas nunca tive coragem porque eu sabia do que se tratava, mas ignorava, achei que ela nunca faria isso... Mesmo com todo cheiro, entro no quarto, me agacho e seguro o corpo dela em meus braços... Melissa... Porque tirou sua própria vida? Ela me disse poucas coisas, e uma delas, é que quando criança, ela foi abusada pelo próprio pai, então ela tem receio de usar tipos de roupas, mas eu achei que ela estava bem.

      Ela me fazia ri, ela me deixava livre... Eu podia ser eu... Eu amava a Melissa, por uma parte fui carente querendo algo dela, mas falhei em não entender quem de fato ela era. Agora eu lembrei, por isso nunca mais falei com ela, por isso ela sumiu em todo esse tempo. Porque ela não está mais aqui, estive preso aqui o tempo todo... Eu não consigo.... Eu não consigo... Dói muito... Dói demais... Porque ela chegou me falar que deu o nome dos futuros filhos dela, que seria Lucas e Gabrielle.... Será que eu falhei em não perceber? Será que eu poderia salvar a vida dela e ela realizar esse seu sonho que foi interrompida por um trauma? Eu não sei, eu nunca saberei. Eu só sabia chorar, chorar e chorar... As lágrimas...

      Dias se passaram, a chuva caía sobre a terra, ela estava na minha frente naquele caixão. Seus pais já foram embora, fiquei sozinho naquele momento, e eu lembrei das vezes que estávamos juntos rindo de coisas idiotas, conversando coisas aleatórias na madrugada. Como eu queria que ainda estivesse aqui. Folhas das árvores caiam no chão de uma forma melancólica, a brisa suave nesse dia tão cinza. Que doideira, eu acho que posso seguir em frente, eu pego a carta que a tanto tempo me recusei a ler, acho que eu consigo ler agora... Eu acho que eu consigo sair do quarto.

    "Faça, era algo que a minha mente dizia. Desde aquele dia com meu pai, nunca mais fui a mesma pessoa. Mudei completamente, mas você meu amigo, você fez com que eu fosse eu mesma, e aprendi te amar. Infelizmente não podíamos ficar juntos, eu sempre fui problemática. Minha mente sempre me levou a encerrar tudo isso, eu nunca entendi, eu queria entender, eu simplesmente não quis mais viver. Sei que você não vai conseguir ler essa carta, mas quando ler, lembre que sempre estarei no seu coração. Amo você, e me perdoe, mas eu quero ir, preciso ir, não vou aguentar por muito tempo aqui. Se puder, ajude os outros como você sempre ajudou, sempre apoiou, a culpa não foi sua, mas foi uma escolha minha. Não estou romantizando isso, é pesado e horrível, e você é a única pessoa que vale a pena saber porque fiz isso. Me perdoe por não ter sido suficiente... Amo você, com muito amor, Melissa"

                              

                                 FIM

   

   

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Comments

Wan Marte

Wan Marte

triste, fiquei...

2022-09-18

1

Wan Marte

Wan Marte

Deixa a garota, menino!

2022-09-18

1

Wan Marte

Wan Marte

Te disse pra sair de perto das crianças.

2022-09-18

1

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