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O PASSADO...

Lola tinha ido a fazenda sem que Brian soubesse, Ela queria lhe fazer uma surpresa agradável.

Assim que chegou, Lola olhou Brian trabalhando com os peões, o trabalho envolvia a retirada de leite das vacas e esse mesmo leite seria usado na fabricação de queijo. Brian supervisionava tudo de perto.

Assim que o viu se afastar para o escritório ela foi atrás.

-- Buuuu... (gritou)

Brian abriu um largo sorriso, ao ver a falha tentativa de Lola de lhe assustar.

-- Você esta quase ficando boa nisso.

-- Para Brian não ria de mim. Eu vim aqui lhe fazer uma surpresa. Gostou?

-- Eu amei... mas você não tem aula amanhã?

(falou ele puxando-a)

-- Eu já passei nesta matéria... e decidi antecipar minha vinda do final de semana. Assim fico aqui sexta, sábado e domingo a tarde eu volto.

-- Então será mais uma mão para me ajudar na administração. (falou ele)

-- Eu não vim para trabalhar Brian. Que saco.

(reviroou os olhos)

-- Pois sinto lhe informar senhorita que irá me ajudar sim. Agora vem vamos ao escritório que lá lhe darei suas tarefas do dia.

Ele segurou a mão dela e a conduziu a sala.

Lola ia protestando pelo caminho, dizendo que não era justo, Brian sorria.

ATUALMENTE... (NO PRESENTE)

-- Brian?

-- Ahã! (olhar assustado)

-- Estava lhe perguntando sobre os animais a saúde deles, pois a qualidade do queijo depende disso.

Falou Molly olhando para ele com desconfiança.

Ela notou que Brian estava distraído e desatento ao seu trabalho, e isso a deixou com uma dúvida se ele realmente era capaz de administrar a fazenda.

Tudo ali estava sendo avaliado por ela, dos empregados até aos equipamentos. E com Brian não ia ser diferente, no teste de Molly ele estava sendo quase reprovado.

Seu pai tinha dito que Brian era o melhor no que fazia, mas para ela o conceito de bom e ruim havia uma fina linha que Brian estava ultrapassando. Ela não queria discordar de seu pai mas se fosse necessário, faria isso.

-- Eu apenas estava pensando em algo importante. Desculpe. (disse ele)

Retornando a consciência ao presente, ele falou:

-- Quero lhe mostrar a onde ficam os queijos armazenados para descanso. Ali a cada hora são virados e são feitos o teste de qualidade.

-- Então vamos.

Ele a conduziu até a estufa.

Molly olhava tudo a sua volta com atenção.

Brian não pode deixar de notar as expressões faciais dela, a cada explicação dele sobre os aspectos de cada fase do processo de trabalho. Molly fazia uma careta.

Era bonito ver ela entortar a boca quando estava avaliando algo. Era como uma marca registrada, ele começou a se familiarizar com esse tique dela.

Mas se repreendeu em seguida:

"Ela não é Lola e a Molly. "

-- Vamos entrar aqui, quero que veja o processo do queijo. (falou ele)

Brian abriu a porta e Molly passou.

-- O cheiro é forte.

Falou ela ao entrar na ala de armazenamento.

-- Sim, esse cheiro é normal. O queijo é produzido pela coagulação do leite. Isto é realizado, em uma primeira etapa, pela acidificação com uma cultura bacteriana e em seguida, empregando uma enzima, a quimosina "coalho ou substitutos" para transformar o leite em "coalhada e soro".

Explicou Brian a ela.

Molly olhou cada prateleira que estavam numeradas.

-- Tem cores diferentes. (apontou ela)

-- Sim, por isso dos números nas prateleiras uns já estão em processo avançado enquanto outros ainda são novos. A bactéria precisa que o processamento da coalhada desempenham um papel na definição da textura e sabor da maioria dos queijos. (disse ele)

-- Muito bom... gostei de ver.

Ela entortou a boca novamente ao avaliar os produtos. Brian pode descrever o ato, como uma professora corrigindo provas dos alunos ou uma mulher escolhendo atentamente a dedo sua joia favorita.

" E bonito de se ver..." pensou.

Em seguida: "Não, não... não posso ficar admirando-a assim... esquece. "

Mesmo sabendo que Lola nunca teve essas manifestações de manias. Ele não pode deixar de admirar a entortada de boca de Molly.

Brian estava usando todo o seu bom senso para não enlouquecer diante de Molly, que era a cópia exata de Lola. Ele ainda carregava a dor, do dia que soube do acidente.

"Foi minha culpa... Eu mereço ser torturado por essa lembrança. "

-- Eu gostei de tudo oque vi, Brian.

Já do lado de fora ela falou a ele. E Brian apenas acenou com a cabeça.

-- Bem obrigado por me acompanhar neste tur pela fazenda. Agora vou me instalar na casa grande e descansar, amanhã nós veremos cedo para me atualizar sobre a produção, quanto esta saindo e como poderemos aumentar-lá.

-- Eu já tenho algumas ideias senhorita Molly.

-- Que bom, eu também tenho. Se continuar assim seremos uma boa dupla. Se me der licença vou descansar. Até.

-- Até.

Ele olhou Molly subir as escadas que davam acesso a casa dos patrões.

O jeito de Molly e sua personalidade eram totalmente o oposto de Lola, mas Brian ainda estava chocado com a semelhança física.

Isso foi demais para ele, piscando várias vezes ele se perguntava se não seria um castigo por ter deixado Lola sair naquele estado no dia do acidente. Ele sabia que tinha abalado os sentimentos dela com oque disse.

" Agora estou pagando com juros oque fiz."

Ele deu uma última olhada em Molly que já estava entrando pela porta e fechando-a. Suspirou alto para tentar aliviar a carga de tensão em seus ombros mas não adiantou, era impossível tirar.

Brian virou e saiu andando para a ala do escritório.

Chegando lá pegou uma fotografia de Lola na gaveta e constatou-se que realmente não tinha se enganado. Elas eram idênticas.

"Sinto tanto a sua falta." Pensou.

Olhando ainda para a foto ele falou:

-- Me desculpe por dizer aquilo... Nem tive a oportunidade de dizer o quanto te amava. Lola.

Ele colocou a foto no peito e fechou os olhos e lembrou da expressão do rosto de Lola, ao sair pela porta para nunca mais voltar.

**A pior dor do mundo é a invisível, ninguém vê, mas a alma sente e sofre.

CONTINUA... ✍🏼

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