Dion dirigiu seu *coche* pela Avenida das Acácias com a precisão de um míssil teleguiado, a mente ainda fervilhando com a conexão entre o Lote 317 e o assassino. A oficina "Cronos Antigos" era um refúgio empoeirado, cheirando a óleo de máquina e naftalina, um contraste gritante com sua vida esterilizada.
Elias, o proprietário, um homem de mãos manchadas e óculos grossos, confirmou a venda do lote dois anos antes para um comprador anônimo que pagou em dinheiro vivo, exigindo sigilo. Quando Dion pressionou sobre o objeto específico que faltava nas peças dos relógios deixados para trás, Elias hesitou, limpando a bancada com um pano sujo.
"Detetive, eu não vi nada fora do comum. Apenas peças velhas..."
Dion se inclinou, a sombra de seu corpo cobrindo o balcão. "Elias, eu sei que você está escondendo algo. O padrão do assassino é baseado em peças que vieram deste lote. Se você me ajudar agora, posso garantir que sua cooperação seja notada. Se não..." Ele não precisou terminar a frase. O peso da autoridade de Dion era suficiente.
Elias, visivelmente abalado, cedeu. Ele apontou para uma caixa de madeira escura sob o balcão. "Um homem veio aqui ontem à noite. Ele não parecia um cliente. Ele perguntou sobre 'o mecanismo que não pertencia ao tempo'. Eu disse que não sabia de nada, mas ele me mostrou isto."
Elias puxou um pequeno objeto de metal, polido e frio, idêntico à peça que faltava nos relógios das vítimas. Era uma miniatura de um ponteiro de relógio, mas com um formato pontiagudo, quase uma agulha.
"Ele disse que estava procurando o 'engenheiro' que havia vendido o lote incompleto," Elias sussurrou, os olhos arregalados de medo.
Antes que Dion pudesse reagir ou acionar o rádio, a porta da loja se abriu com um estrondo. Um vulto alto e rápido entrou, vestindo um capuz escuro que escondia o rosto. Não era um confronto planejado; era uma emboscada. O agressor não estava interessado em Elias, mas em Dion.
O homem jogou um saco de pó químico fino no rosto de Dion. O detetive instintivamente desviou a cabeça, mas uma parte inalou o irritante. Seus olhos lacrimejaram violentamente, a visão turva instantaneamente.
A tática de Dion era sempre a ofensiva, mas a surpresa o desarmou por um segundo crucial. Ele tateou em busca da arma, mas o agressor foi mais rápido. Houve um golpe seco no lado da cabeça de Dion, seguido por uma dor lancinante. O mundo girou, e ele caiu de joelhos, o chão de madeira rangendo sob seu peso.
O agressor inclinou-se sobre ele, a voz distorcida, mas carregada de uma frieza calculista que, ironicamente, lembrava a própria postura de Dion.
"3:17... Se lembre disso... Detetive, vai ser o horário de sua ruína!"
O homem desapareceu tão rápido quanto surgiu, deixando Dion cambaleando, a cabeça latejando e o cheiro de veneno químico misturado ao cheiro de café velho em sua memória. Elias estava petrificado atrás do balcão.
Dion se levantou lentamente, enxugando o sangue que escorria de sua têmpora. O ataque não era aleatório. O assassino sabia quem ele era, sabia de seu trabalho e, o mais alarmante, parecia saber do seu momento de fraqueza.
Ele olhou para o relógio em seu pulso. 18:45. O tempo estava correndo, e agora, ele não estava apenas investigando um assassino; ele estava sendo caçado por um que parecia entender a mecânica de sua própria vida.
Ele precisava de um plano, e esse plano não podia ser puramente tático. Ele precisava de um ponto de apoio emocional. E, para seu desgosto, o único ponto de apoio que ele tinha era o que ele estava prestes a perder: Kaya!
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Atualizado até capítulo 38
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