3:17... O Código do Amor Quase Perdido!

3:17... O Código do Amor Quase Perdido!

O CÓDIGO... E ONDE TUDO COMEÇOU A DESMORONAR!

A luz fria do final da tarde de sexta-feira mal conseguia penetrar as persianas de metal do escritório de Dion Rise, na Divisão de Homicídios da Capital. O ar, pesado com o cheiro de café velho e ozônio de equipamentos eletrônicos, parecia absorver qualquer som desnecessário. Dion, aos 30 anos, era uma silhueta de profissionalismo austero contra o caos organizado de sua mesa. Ele vestia um terno cinza-carvão, cortado sob medida, que parecia ter sido passado a ferro com a mesma precisão cirúrgica com que ele analisava cenas de crime. Seus movimentos eram econômicos; cada gesto, calculado. Ele não era um homem de paixões visíveis; sua paixão residia na busca pela ordem legal, um antídoto para a desordem que ele via no mundo.

Seu nome, Dion Rise, era sussurrado com um misto de reverência e receio nos corredores. Filho do Comandante aposentado e herdeiro de uma linhagem de serviço público, ele havia ascendido rapidamente. Enquanto outros detetives tropeçavam em burocracia ou emoções, Dion operava com a frieza de um algoritmo. Ele era o último recurso, o homem que resolvia o insolúvel.

Naquele momento, a insolúvel era o "Caso do Relojoeiro".

O Relojoeiro, um assassino em série que operava há nove meses, seguia um *modus operandi* que desafiava a psicologia criminal padrão. As vítimas eram sempre pessoas de meia-idade, sem conexão aparente, encontradas em suas casas, mortas por envenenamento lento com uma toxina rara. O detalhe perturbador, o *ponto de inflexão* que Dion não conseguia ignorar, era o objeto deixado em cada cena: um relógio de bolso antigo, perfeitamente parado, com os ponteiros sempre marcando 03:17.

Dion inclinava-se sobre o monitor, a luz azulada refletindo em seus olhos cinzentos. Ele não precisava de anotações físicas; seu cérebro funcionava como um banco de dados indexado. Ele estava cruzando os registros de compra e manutenção de relógios antigos na cidade, uma tarefa que a equipe de análise havia abandonado como infrutífera.

"Três vírgula dezessete," ele murmurou para si mesmo, a voz baixa e ressonante, como o som de um diapasão. "Não é a hora da morte. Não é uma referência bíblica conhecida. É uma chave."

Ele pegou um porta-canetas de ônix pesado, girando-o lentamente entre os dedos. Era um presente de seu casamento, um objeto que ele mantinha por obrigação. O casamento com Kaya Wright.

O contrato.

A união, arranjada há dois anos para consolidar a influência das famílias Rise e Wright no cenário social e político da cidade, era a única mancha em sua planilha de vida perfeitamente organizada. Ele cumpria seus deveres com a mesma diligência com que investigava um homicídio. Havia uma residência formal, jantares esporádicos, e a expectativa silenciosa de um herdeiro. Ele havia se preparado para a paternidade como se preparava para uma missão de alto risco: com planejamento, mas sem expectativa de prazer.

A notícia da gravidez de Kaya, há três meses, havia sido um choque sísmico, não por causa da alegria, mas pela súbita materialização de um futuro que ele não havia codificado. Ele reagiu se afundando no trabalho, usando a urgência do Relojoeiro como desculpa para a ausência.

Ele fechou a aba dos relógios e abriu o dossiê de Kaya. Não por afeto, mas por necessidade estratégica. Ele precisava entender o que a havia levado a tomar a decisão mais drástica possível. No centro da foto, Kaya sorria, um sorriso que parecia pertencer a um mundo que Dion não habitava: caloroso, aberto, vulnerável.

"Ela está cansada da fachada," ele concluiu, fechando o arquivo abruptamente. Sua mente voltava ao único momento de descontrole que tivera na semana anterior.

Ele se lembrava da noite em que Kaya o confrontou pela primeira vez sobre o divórcio. Ela não gritou; ela usou a precisão cortante que ele admirava em seu próprio trabalho.

*“Dion, você trata nosso casamento como um inquérito arquivado. Você me dá a garantia de que não serei traída, mas não me dá a garantia de que você está realmente aqui. Nosso filho merece um pai, não um guardião legal.”*

Ele havia respondido com a única defesa que conhecia: a negação da emoção. "Kaya, estamos em um momento delicado. Precisamos de estabilidade para a criança. Não vamos tomar decisões baseadas em sentimentos passageiros."

Ela apenas balançou a cabeça, entregando-lhe o envelope lacrado. "Isso não é passageiro, Dion. É a realidade. Eu te dou 30 dias para reconsiderar o valor da sua estabilidade."

Voltando ao presente, Dion sentiu um incômodo físico, algo que ele identificava como estresse, mas que agora parecia mais corrosivo. Ele precisava de um avanço no caso, ou a pressão externa — a pressão de Kaya — o desmantelaria.

Ele voltou ao Relojoeiro. A última vítima, um corretor de imóveis, havia sido envenenada na terça-feira. Dion focou-se no relógio deixado: um Breguet de 1880. Ele puxou os dados de manutenção do Breguet. O último serviço registrado havia sido feito há 15 anos, em uma pequena oficina de restauração na zona sul, a "Cronos Antigos".

Ele digitou o nome da oficina no sistema de busca e cruzou com os registros de compra de venenos incomuns. Nada. Ele cruzou com a lista de fornecedores de relógios antigos que ele havia compilado.

Então, ele viu.

O proprietário da Cronos Antigos, um senhor chamado Elias, havia comprado um lote de peças antigas de um leilão beneficente há dois anos. No inventário desse lote, havia um item listado como "Caixa de Mecanismos Descartados – Lote 317". Dion ampliou a imagem do lote. Entre as engrenagens e molas, havia um pequeno objeto de metal com um formato peculiar.

Ele comparou com as fotos das cenas do crime. O objeto não era um relógio, mas sim a peça interna de um mecanismo de corda, idêntica ao que estava faltando nos relógios deixados para trás. O assassino não estava parando os relógios; ele estava *completando* algo neles.

"Ele não está deixando um relógio," Dion sussurrou, um brilho de satisfação profissional acendendo em seus olhos. "Ele está deixando uma assinatura incompleta. Ele está nos dizendo que o mecanismo principal da vida dele foi interrompido em 03:17."

A adrenalina, seu verdadeiro vício, começou a fluir. Ele estava no caminho certo. A lógica havia triunfado sobre a confusão. Ele tinha um nome, um lugar, e, finalmente, um *porquê* para a hora fatídica.

Dion levantou-se, ajeitando o paletó. Ele precisava ir à Cronos Antigos imediatamente. O caso do Relojoeiro exigia sua atenção total, e isso era bom. Se ele se concentrasse na precisão da lei, talvez não precisasse lidar com a imprecisão caótica de seu próprio coração.

Ele pegou as chaves do *coche* na mesa, a frieza retornando ao seu semblante. O divórcio podia esperar. A justiça, não.

Capítulos
1 O CÓDIGO... E ONDE TUDO COMEÇOU A DESMORONAR!
2 O MECANISMO DA AMEAÇA.
3 O TEMPO DE KAYA.
4 A INVASÃO DO TEMPO PESSOAL.
5 O PESO DO NOME RISE.
6 A REVELAÇÃO DE QUE AGORA, A NOTÍCIA NÃO É SÓ ENTRE ELES!
7 A MARCA DA URGÊNCIA E O TERCEIRO ATO DO DESCON...
8 O TAPETE DE MEMÓRIAS E O PONTO DE RUPTURA.
9 O ALVO REVELADO E A FUGA DESESPERADA.
10 O PRESENTE MALIGNO E A ILUSÃO DA SEGURANÇA.
11 O RASTRO DO SEDÃ E A ESCOLHA IMPOSSÍVEL.
12 A EMBOSCADA NA INTERSTATE.
13 O PREÇO DA ESCOLHA DE PERSEGUIR O HOMEM ERRADO E A DISTRAÇÃO.
14 PREÇO DO SANGUE.
15 O SILÊNCIO DE WILLOW CREEK.
16 O CONFLITO EM WILLOW CREEK.
17 O PLANO DE INFILTRAÇÃO.
18 CÓDIGO LÓTUS.
19 O VÉU DA CIDADE, QUE ENCOBRIA A FUGA DE VOLTA AO INTERIOR.
20 A SOMBRA NO CONCRETO.
21 A FRUSTRAÇÃO E O NOVO TEMOR.
22 O DESESPERO DE DESAPARECER DE NOVO
23 O ENCONTRO INESPERADO NA MATA E O PRÓXIMO PASSO.
24 O REFÚGIO EM HAJIN
25 O PESO DA NEGLIGÊNCIA.
26 NO SILÊNCIO DE HAJIN.
27 A TEIA DE ROGER.
28 O RELÓGIO DEIXADO COMO AVISO.
29 O MAPA DE MENDES E O DESPERTAR DOS SENTIMENTOS.
30 A CONFISSÃO NO TELEFONE.
31 O PREÇO DA VERDADE.
32 A OBSESSÃO DE ALEXANDER POR SEU "TROFÉU" ROUBADO.
33 O CERCO NO ARMAZÉM.
34 O SACRIFÍCIO DE MENDES.
35 O LUTO E A PROMESSA.
36 O COMANDANTE E O SILÊNCIO QUEBRADO.
37 O PREÇO DA HONRA E A BUSCA EM HAJIN.
38 O PEDIDO DE PERDÃO E O ABRAÇO NECESSÁRIO.
Capítulos

Atualizado até capítulo 38

1
O CÓDIGO... E ONDE TUDO COMEÇOU A DESMORONAR!
2
O MECANISMO DA AMEAÇA.
3
O TEMPO DE KAYA.
4
A INVASÃO DO TEMPO PESSOAL.
5
O PESO DO NOME RISE.
6
A REVELAÇÃO DE QUE AGORA, A NOTÍCIA NÃO É SÓ ENTRE ELES!
7
A MARCA DA URGÊNCIA E O TERCEIRO ATO DO DESCON...
8
O TAPETE DE MEMÓRIAS E O PONTO DE RUPTURA.
9
O ALVO REVELADO E A FUGA DESESPERADA.
10
O PRESENTE MALIGNO E A ILUSÃO DA SEGURANÇA.
11
O RASTRO DO SEDÃ E A ESCOLHA IMPOSSÍVEL.
12
A EMBOSCADA NA INTERSTATE.
13
O PREÇO DA ESCOLHA DE PERSEGUIR O HOMEM ERRADO E A DISTRAÇÃO.
14
PREÇO DO SANGUE.
15
O SILÊNCIO DE WILLOW CREEK.
16
O CONFLITO EM WILLOW CREEK.
17
O PLANO DE INFILTRAÇÃO.
18
CÓDIGO LÓTUS.
19
O VÉU DA CIDADE, QUE ENCOBRIA A FUGA DE VOLTA AO INTERIOR.
20
A SOMBRA NO CONCRETO.
21
A FRUSTRAÇÃO E O NOVO TEMOR.
22
O DESESPERO DE DESAPARECER DE NOVO
23
O ENCONTRO INESPERADO NA MATA E O PRÓXIMO PASSO.
24
O REFÚGIO EM HAJIN
25
O PESO DA NEGLIGÊNCIA.
26
NO SILÊNCIO DE HAJIN.
27
A TEIA DE ROGER.
28
O RELÓGIO DEIXADO COMO AVISO.
29
O MAPA DE MENDES E O DESPERTAR DOS SENTIMENTOS.
30
A CONFISSÃO NO TELEFONE.
31
O PREÇO DA VERDADE.
32
A OBSESSÃO DE ALEXANDER POR SEU "TROFÉU" ROUBADO.
33
O CERCO NO ARMAZÉM.
34
O SACRIFÍCIO DE MENDES.
35
O LUTO E A PROMESSA.
36
O COMANDANTE E O SILÊNCIO QUEBRADO.
37
O PREÇO DA HONRA E A BUSCA EM HAJIN.
38
O PEDIDO DE PERDÃO E O ABRAÇO NECESSÁRIO.

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