A fêmea era linda, muito elegante e bem arrumada. Seus cabelos longos e loiros caiam em cascata de ondas por suas costas. Como o macho cheio de testosterona que era, Zandro percebeu os seios volumosos que quase pulavam do decote e os lábios carnudos e vermelhos, que lhe dava vontade de morder provar, sugar e morder.
— E então, filho, o que achou de Lorena? Ela é filha do beta da alcateia vizinha.
— Aquela do condomínio de luxo? — Lembrou-se de quando o Alfa Júlio abriu suas terras para o prefeito construir e vender também aos humanos,o que causou um grande perigo para os lobisomens.
— Sim, ela é de lá e eles estão muito prósperos.
— Isso é bom. Nossa alcateia irá crescer com novos incentivos financeiros. Mas ainda quero tentar encontrar minha companheira, ou não terei herdeiros.
— Faça como quiser, desde que a apresente daqui a três meses, no nosso baile de aniversário.
— Vou tentar, mas até lá, não quero ouvir falar mais nesse assunto.
— Tudo bem, mas durante este tempo, prometa que vai levar Lorena para sair e conhecê-la melhor.
Zandro olhou para a jovem, que não parava de sorrir para ele, cheia de insinuações e achou que não seria nenhum sacrifício sair com ela de vez em quando, mas não gostava nada da pressão. Anoiteceu e ele não aguentou mais ficar naquele ambiente de cobranças e saiu para a floresta, deixando o seu lobo, viu, sair e correr à vontade.
*
Por onde Catarina passava, ficava apavorada a cada visão de uma patrulha de polícia ou um guarda nas ruas, Até que foi abordada e questionada, sem perceber que o problema foi a pequena que havia pegado uma fruta em uma barraca.
O medo foi tanto, que depois do guarda ter esclarecido e ela pago pela fruta, saiu dali e pegou o primeiro ônibus que viu, intermunicipal e partiu sem saber para onde ia. Por obra do destino ou da própria deusa, coincidentemente no mesmo lugar onde tinha nascido. Desceu do ônibus e caminhou pela floresta, encontrou o rio, parou, bebeu água e continuou a caminhar até chegar na cabana onde sua mãe viveu durante a gravidez.
— Essa é nossa casa, mãe? — perguntou Tali.
— Será, enquanto não nos expulsarem.
A menina não entendia nada, mas estava cansada e assim que deitou na única cama existente no local, dormiu. Catarina também estava cansada, pois tinha mandado uma distância muito grande por dentro da Floresta, mais precisava verificar o que poderiam comer, já que só tinha uns pacotes de biscoito.
Não notou que entrou na área de uma alcateia, na verdade, nem sabia que isso existia e saiu da cabana, olhou em volta sem ver ninguém e perambulou à procura de alguma coisa que pudessem comer. Um guarda que vigiava a fronteira, percebeu a chegada da fêmea com uma filhote e ficou na espreita.
Ele não reportou ao Alfa, achou melhor ficar observando para ver se eram descarregadas, solitárias ou se apareceria um companheiro, já que era uma fêmea com filhote. Olhou a sua volta e viu um coelho passando, foi atrás e pegou, torcendo o seu pescoço e jogou no caminho da fêmea.
Catarina viu o coelho que ainda pulava, antes de morrer por completo e estranhou, mas era justamente do que precisava. Sem hesitar, pegou o animal, limpou e voltou para a cabana.
— Só preciso buscar água. Parece que alguém lá em cima gosta de nós.
Antes de dormir ela limpou a cabana e cozinhou o coelho, só então deitou e dormiu tranquila, sem se preocupar com o que havia a volta da cabana, pois achava que estava no centro de uma floresta deserta de moradores.
Catarina permaneceu na cabana e depois de muito tempo com medo, finalmente ela estava em paz. Não sabia quem, mas todo dia encontrava um balde d'água na porta e algum animal abatido e limpo. Procurou por sinais e pela pessoa que a estava ajudando, mas não encontrou ninguém.
— Gosto daqui, mamãe.
— Eu também gosto, mas terei que arrumar um emprego, não podemos viver só de carne de animais. — respondeu Catarina, sabendo que Tali não compreenderia.
Pablo, o guarda da fronteira, continuava vigiando a fêmea e sua filhote, cuidando de dar-lhe o que precisava, sem exageros e sem fazer alarde para não assustá-la. Sabia que não poderia deixar de informar ao Alfa, já tinham se passado três dias, era noite de lua cheia e talvez a fêmea se transformasse.
Por isso, decidiu contar só no dia seguinte, depois de verificar a loba e confirmar que não era perigosa. A Alcateia estava agitada com a organização da celebração. Era sempre assistindo nos dias de lua cheia, quando todos os lobisomens eram afetados pelo luar e transformavam-se involuntariamente.
Catarina sentiu a inquietação dentro de si, seu corpo aqueceu como se estivesse com febre, e seus ossos doíam. Colocou Tali para dormir, pois sentiu que a menina também estava inquieta. Deitou-se junto com ela na cama de campanha e dormiram abraçadas.
O uivo do Alfa chamando sua alcateia para celebrar a lua, acordou Cassandra e ela não resistiu ao chamado que a puxava para fora e a impelia na direção do chamado. Andou cada vez mais ligeira, até que foi atingida pelos raios lunares e começou a se transformar.
Gritou de dor.
Horrorizada com o que estava acontecendo, contorceu-se e gritou até que seus gritos não eram mais gritos e sim uivos. Caiu no chão duro de terra, revirou-se com os ossos se remodelando e sentiu, mais do que viu, seus membros se alongarem, suas unhas virarem garras e seu rosto receber um focinho.
Quando tudo terminou, era uma linda loba branca com uma única mudança ao redor de seus tornozelos, como se fossem braceletes dourados. Percebeu que estava de pé sobre quatro patas e que tudo parecia diferente, mais intenso e confuso. Ouvia muitas coisas ao mesmo tempo, como os insetos, o farfalhar das folhas nos galhos das árvores e o som de muitos animais correndo.
Muitos uivos e rosnados juntaram-se ao som das patas batendo no chão e ela sentiu medo. Olhou a sua volta, tentando se localizar e encontrar a direção da cabana, mas estava muito desorientada. Pablo acompanhou toda a transformação, não descuidou nem um instante da fêmea e viu surgir a loba mais linda que nunca tinha visto.
“ É uma alfa, linda e só falta a coroa para ser uma rainha. Mas ela não pode continuar aqui, logo os outros vão sentir o cheiro e vir procurar de quem é."
Aproximou-se devagar até que ela o visse. Estendeu as patas da frente e deitou a cabeça sobre elas, mostrando submissão. Ela encolheu-se, mas não fugiu, pensou:
“ É um lobo, como eu, não me atacou, então não precisava sentir medo."
“ Garota esperta, ele é amigo, tem nos ajudado desde que chegamos aqui. "
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Cleide Almeida
tomara q ele ajude ela aparti desta transformação e q ela ñ sofra tanto
2025-10-14
1
Leydiane Cristina Aprinio Gonçaves
a roda da vida gira gira gira e a gente volta para o início né
2025-10-12
3
Fatima Monjane
tomara que não sofra mais......
2025-10-18
1