Capitulo 05

Maelyn estreitou os olhos.

— Então diga. Se realmente sabe, diga quem eu sou.

Dante parou diante dela, os olhos negros fixos nos dela.

— Você é Maelyn D’Angelo.

A respiração dela falhou. O nome ecoou como um golpe.

— Não… não pode ser…

— É. — ele continuou, firme. — Herdeira de uma família que foi destruída, vítima de uma guerra que ainda não terminou.

As pernas dela fraquejaram. Tentou se apoiar na mesa.

— Isso é loucura… meus pais eram… —

— Não eram seus pais. — Dante a interrompeu, categórico. — Eram guardiões. Protetores. Mas nunca puderam apagar o sangue que corre em suas veias.

Lágrimas brotaram nos olhos de Maelyn.

— Clara… Marco… eles me amaram como filha…

— E falharam em esconder quem você era. — Dante concluiu.

Ela o olhou com raiva.

— Então foi você quem mandou arrancar-me deles?

Dante manteve-se firme.

— Eu mandei resgatar quem você realmente é.

Em seguida Dante saiu a deixando sozinha com os seus pensamentos.

Nos dias seguintes, Maelyn conheceu sua nova realidade. Tinha acesso a todos os cantos da mansão, exceto os portões principais, sempre vigiados por homens armados. O jardim era amplo, mas os muros eram altos demais.

Tentou uma vez correr até o portão, mas foi parada imediatamente. Os seguranças não a machucaram, apenas a bloquearam com olhares frios.

À noite, deitada em lençóis de seda, sentia a ausência de Clara e Marco como uma ferida aberta. O vazio do quarto parecia gritar.

O Jogo Psicológico

Dante aparecia sempre em momentos inesperados. Uma vez, a encontrou na biblioteca. Ela estava lendo qualquer livro que pudesse lhe distrair, mas não conseguia se concentrar.

— Procurando respostas nos livros? — ele perguntou, surgindo silencioso atrás dela.

Maelyn fechou o livro com força.

— Pelo menos eles não me prendem.

Dante aproximou-se, tirando um volume da estante.

— Às vezes, a pior prisão está dentro da mente. — disse, colocando o livro nas mãos dela. — Leia isso. Talvez entenda melhor.

Era um livro de história, páginas sobre famílias que haviam caído em guerras antigas da máfia. E ali, em uma passagem, estava o nome D’Angelo.

O coração dela apertou.

— Por que está fazendo isso comigo?

Ele a fitou, sério.

— Porque você merece conhecer a verdade.

No terceiro dia, Maelyn encontrou uma pequena porta no corredor lateral. Pensou que fosse uma saída. Com o coração disparado, tentou abri-la. Estava trancada. Mas quando encostou o ouvido, ouviu passos e vozes.

Era uma passagem para a ala dos homens de Dante. Estava sendo vigiada.

Antes que pudesse recuar, uma sombra surgiu atrás dela. Dante.

— Acha mesmo que sairia daqui tão facilmente? — a voz dele era baixa, mas cortante.

Maelyn girou para encará-lo, as lágrimas queimando nos olhos.

— Você não pode me manter aqui para sempre!

Ele deu um passo à frente, diminuindo o espaço entre eles.

— Não posso? — murmurou, quase desafiador. — O mundo lá fora faria muito pior.

Ela o encarou com raiva.

— Prefiro enfrentar o mundo a viver como prisioneira.

Dante inclinou a cabeça, estudando-a. Então, com um leve sorriso frio, sussurrou:

— Veremos quanto tempo essa coragem dura.

De volta ao quarto, Maelyn não conseguiu dormir. A cada sombra que se movia além da janela, imaginava Clara chamando por ela, Marco lutando em vão.

Fechou os olhos e se lembrou do piano. A melodia suave da mãe voltava nos sonhos. A música que a perseguia desde criança.

Lágrimas silenciosas escorreram pelo rosto.

No andar de baixo, no escritório, Dante bebia uísque em silêncio. Seus homens esperavam ordens, mas ele apenas encarava o fogo da lareira.

— Ela é a prova. — murmurou para si mesmo. — O passado não morreu.

E, de algum modo, sabia que o reencontro com Maelyn seria apenas o começo de algo muito maior — uma guerra adormecida prestes a reacender.

Mais tarde, Maelyn caminhava pelo corredor tentando entender o labirinto de luxo em que estava presa. Cada porta parecia guardada, cada sombra parecia ter olhos. Então, no salão de leitura, Dante apareceu de forma silenciosa, quase como se surgisse das próprias paredes.

— Procurando respostas? — perguntou ele, cruzando os braços.

— Apenas… tentando entender onde estou. — disse Maelyn, tentando não demonstrar medo.

Ele se aproximou devagar.

— Você sabe mais do que imagina sobre quem a trouxe até aqui.

Maelyn respirou fundo, tentando absorver a informação.

— Então eu não estou livre. — disse, a voz quase um sussurro.

Dante se aproximou mais, a impondo pela presença.

— Livre? Não enquanto houver guerra e segredos não resolvidos.

Em seguida Dante saiu deixando Maylin sozinha.

Mas tarde no escritório...

O relógio de parede marcava quase oito horas da noite quando Dante Moretti entrou na sala de reuniões principal da mansão. A mesa de carvalho estava coberta por mapas, dossiês e relatórios recém-trazidos pelos informantes. A lareira crepitava em chamas, lançando sombras que dançavam pelas paredes, mas nada parecia aquecer o ar carregado de tensão.

Os homens estavam em silêncio, aguardando a presença do herdeiro da família. Dante caminhou até a cabeceira da mesa, os olhos gélidos percorrendo cada rosto. Ao se sentar, ajeitou os punhos da camisa negra, sem pressa. Sua postura imponente bastava para impor respeito.

— Falem. — Sua voz cortou o ar. — Quero notícias.

Um dos caporegimes se levantou, os papéis tremendo levemente em suas mãos.

— Senhor, temos confirmação. Os Russo já sabem da garota.

O silêncio caiu mais pesado. O som da madeira estalando na lareira pareceu ecoar como um trovão. Dante ergueu lentamente o olhar, e todos na sala sentiram o peso de sua fúria contida.

— Como? — A palavra foi cuspida como veneno.

— Um de nossos homens foi seguido quando fez a ronda próxima à aldeia. Eles conectaram os fatos. — O caporegime respirou fundo. — Sabem que ela sobreviveu.

Dante se inclinou para frente, apoiando os braços sobre a mesa.

— E o que planejam?

Outro homem, mais velho, interveio:

— Há movimentação nas docas. Parece que reforços chegaram de Palermo. Eles não viriam até aqui sem motivo.

Dante bateu o punho fechado contra a mesa, fazendo os papéis voarem.

— Eles não vão tocá-la. — Seu tom gélido fez cada palavra ecoar como uma sentença. — Se ousarem chegar perto, eu transformo cada um deles em pó.

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Comments

bete 💗

bete 💗

cada capítulo uma surpresa ❤️❤️❤️❤️❤️

2025-09-20

0

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