O reflexo da estrela no colar murmurou:
— Mamãe… papai… onde vocês estão?
As águas não responderam, mas dentro dela a saudade se transformava em coragem.
Dante
Enquanto isso, em uma mansão luxuosa em Nápoles, Dante Moretti treinava no salão de tiro. O som das balas ecoava, cada disparo certeiro no alvo. Agora com vinte e três anos, era um homem de presença avassaladora: alto, olhar cortante, cabelos negros como a noite e uma frieza que intimidava até seus próprios aliados.
Na mesa de reuniões, mapas e dossiês estavam espalhados. Seu pai, Leonardo, já o preparava para assumir cada vez mais responsabilidades da família.
Mas havia algo que Dante não compartilhava com ninguém: sua obsessão silenciosa pelo nome D’Angelo.
Naquela semana, um informante trouxe uma informação vaga:
— Há boatos de uma jovem vivendo sob outro nome, numa aldeia distante. Dizem que os olhos dela são iguais aos da senhora Althea D’Angelo.
Dante não deixou transparecer emoção, mas por dentro o sangue ferveu, os olhos inocentes de Maylin veio em sua mente.
— Será possível?
_ Descubra tudo. — Sua voz foi firme. — Se houver um fio de verdade, eu quero saber.
Quando o homem saiu, Dante permaneceu sozinho no salão, os dedos pressionando o tampo da mesa.
Era possível? Ela realmente teria sobrevivido?
Na memória, ainda via a menina correndo com flores nas mãos, o colar balançando. A lembrança o assombrava como uma chama que não se apagava.
E agora, talvez, essa chama voltasse a queimar de verdade.
O Destino
Naquela noite, Maelyn sonhou de novo com o piano. O som ecoava suave, como se chamasse por ela de muito longe.
Dante, em sua mansão, não dormiu. Ficou olhando pela janela, o olhar cravado no horizonte, repetindo o juramento que carregava desde os dez anos:
— Eu vou encontrá-la.
E sem que um soubesse do outro, os passos deles começaram a se alinhar.
O passado não estava enterrado.
As sombras estavam apenas despertando.
A aldeia acordava devagar. O cheiro de pão fresco se espalhava pelas ruas estreitas, e os sinos da igreja anunciavam mais um dia comum. Mas dentro da pequena casa de pedra onde vivia, Maelyn sentia tudo, menos normalidade.
Sentada à mesa, observava Clara amassar pão com movimentos automáticos. Marco ajeitava ferramentas perto da porta, preparando-se para sair. O silêncio entre eles pesava.
De repente, Maelyn quebrou a rotina:
— Quero saber a verdade.
Clara congelou. Marco ergueu o olhar com tensão.
— Que verdade, filha? — Clara tentou sorrir, mas sua voz falhou.
— Sobre mim. — Maelyn apertou o colar de estrela contra o peito. — Eu sei que não sou quem vocês dizem que sou. Sei que não sou apenas Maelyn Costa, sei que tem muitas coisas que vocês escondem de mim, e eu sinto-me como se tudo que eu vivi aqui fosse mentira.
O silêncio se prolongou. O pão ficou esquecido nas mãos de Clara, e Marco largou a ferramenta sobre a mesa.
— Por que… vocês nunca falam sobre meus pais? — A voz de Maelyn quebrou. — Eu lembro de coisas. Lembro de música, de fogo, de alguém me carregando. Vocês me escondem algo desde sempre.
_ Eu preciso saber a verdade!
Clara aproximou-se, sentou-se ao lado dela. Os olhos marejados denunciavam a dor.
— Fizemos isso para te proteger. Para que você tivesse uma vida longe da guerra, da morte, do ódio.
— Então é verdade. — Maelyn sussurrou, o coração acelerado. — Eu… perdi meus pais naquela noite?
Clara assentiu, lágrimas correndo pelo rosto.
— Você é mais do que imagina, meu amor. Sua família foi destruída, mas você sobreviveu. E essa estrela é a prova de que sua mãe acreditava que a luz sempre resistiria.
Marco interveio, a voz grave e séria:
— O que importa é que está viva. Mas precisa entender: o mundo que levou seus pais ainda existe. Se souberem que você sobreviveu, vão vir atrás de você, e acredite Maylin você não pode sobre hipótese alguma, sair daqui.
O chão pareceu se abrir sob os pés de Maelyn. Quem era ela, afinal? Que nome realmente carregava?
Do que vocês estão falando? Porque eu preciso ficar aqui? Quem são essas pessoas que desejam me ver morta?
_ E, mais importante: por que alguém a caçaria ainda hoje?
Eles ficaram em silêncio, Maylin Saiu correndo até o rios os olhos cheios de lágrimas.
Dante
Em Nápoles, Dante ouvia o relatório de um dos seus homens.
— Fizemos como pediu, senhor. Investigamos a aldeia ao norte. Há uma jovem que pode ser quem procura. Vive com um casal simples, longe de qualquer ligação com o passado.
Dante não se moveu, mas seu olhar escureceu como a noite.
— Tem certeza?
— Não há provas. Mas… a descrição bate. Olhos verdes. Um colar em forma de estrela.
Um silêncio denso pairou no ar. O coração de Dante acelerou, mas sua voz saiu controlada:
— Observem. Não se aproximem ainda. Quero cada detalhe da vida dela. Com quem fala, onde vai, o que faz.
O homem assentiu e saiu.
Dante ficou sozinho, os punhos cerrados sobre a mesa.
A raiva e a esperança se misturavam dentro dele. Por anos acreditara que Maelyn estava morta. Mas agora, se estivesse viva, o destino lhe dava uma nova chance.
Não apenas de encontrá-la.
Mas de exigir do mundo as respostas que lhe foram roubadas.
O Encontro Invisível
Na mesma noite, Maelyn caminhou até o rio, tentando processar as revelações. Não tinha todas as respostas, mas sabia que a vida que levava estava prestes a mudar.
Enquanto ela deixava as lágrimas caírem sobre a correnteza, a poucos quilômetros dali, homens observavam a aldeia discretamente, relatando cada movimento dela.
O passado havia alcançado o presente.
E, sem perceber, Maelyn já estava nas mãos do destino que a aproximaria novamente de Dante Moretti.
Vento frio da noite correu pela margem do rio, arrepiando a pele de Maelyn. As lágrimas que caíam silenciosas pareciam se misturar com a correnteza, como se o próprio rio fosse cúmplice de sua dor. Ela fechou os olhos, e no silêncio da aldeia só escutava o eco distante do piano que sempre surgia em seus sonhos.
Mas, naquela noite, havia algo diferente. O instinto, aquela voz silenciosa que jamais enganava, gritava dentro dela: não estava sozinha.
Maelyn ergueu o olhar para a escuridão além das árvores, o coração acelerando. Não viu ninguém, mas a sensação de ser observada era esmagadora.
— Quem está aí? — sua voz tremeu, mas saiu firme o bastante para cortar o silêncio.
Nenhuma resposta. Apenas o farfalhar das folhas.
Com o colar de estrela apertado contra o peito, ela deu um passo para trás. Talvez fosse apenas sua imaginação, alimentada pelas revelações de Clara e Marco. Ou talvez… a sombra de seu passado estivesse finalmente à sua porta.
Voltou para casa com uma sensação estranha, foi para seu quarto tomou um banho e deitou-se, olhando para o telhado simples acabou adormecido perdida em seus pensamentos.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 23
Comments
bete 💗
mistérios está ficando cada vez mais interessante ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-09-20
1