Capítulo 02- promessas no silêncio

— Mamãe vai vir aqui?

__ Quero a minha mãe, e o meu pai Aonde eles estão clara?

Clara sentiu as lágrimas arderem, mas sorriu com ternura.

— Ela está com você, meu amor. Aqui dentro — tocou o peito da menina. — Sempre que olhar para as estrela, lembre-se disso.

__ O Seu pai e a sua mãe estão em lugar muito bonito princesa, e quando você estiver maior irá compreender tudo.

Maelyn fechou os olhos, exausta, adormecendo em segundos.

Clara ficou ao lado dela por horas, segurando sua mão. Sabia que, a partir daquela noite, Maelyn não seria apenas uma criança — seria um segredo vivo. A herdeira D’Angelo, perdida para o mundo, mas guardada por eles.

Enquanto isso, a centenas de quilômetros dali, Dante Moretti encarava o pai em silêncio.

A notícia havia sido entregue por um dos homens da família:

— A mansão D’Angelo caiu. Todos morreram. Não sobrou ninguém.

O quarto do hotel parecia pequeno demais para conter o peso das palavras. Dante, apenas dez anos, sentiu o estômago revirar, mas não derramou uma lágrima. A infância dele já havia sido roubada muito antes daquela noite.

Leonardo Moretti, seu pai, suspirou fundo.

— Era inevitável. Eles eram um alvo.

Mas Dante não aceitou. As lembranças invadiram sua mente: Maelyn sorrindo com flores nas mãos, os olhos curiosos, a voz doce chamando pelo pai. E agora diziam que ela estava morta.

Ele fechou a porta do quarto e ficou sozinho.

Sentou-se no chão, os punhos cerrados, e deixou o silêncio envolvê-lo. Não chorou. Não gritou. Apenas permitiu que a raiva crescesse, queimando em sua alma como o fogo que destruíra os D’Angelo.

Q

— Eu juro… — murmurou para si mesmo. — Eu vou encontrar quem fez isso. E vou destruir.

Eu não terei paz, nem sossego enquanto eu não Fizer esses desgraçados pagarem com a vida.

A infância terminava ali.

Naquele instante, Dante Moretti não era mais apenas um menino. Ele se tornava a semente de algo maior, mais sombrio.

Enquanto isso, na pequena casa do interior, Maelyn sonhava com a música do piano, mesmo que o som já tivesse se calado para sempre.

E, em algum lugar distante, o destino começava a tecer os fios invisíveis que um dia uniriam novamente os nomes D’Angelo e Moretti.

O tempo não é piedoso. Ele passa como uma lâmina invisível, cortando o que resta da inocência.

A menina escondida

Os anos seguintes para Maelyn foram como viver em um mundo emprestado. Clara e Marco a criavam como filha, mas sempre havia um cuidado em excesso, uma atenção quase sufocante.

Na pequena aldeia, Maelyn era vista apenas como a sobrinha de Clara, uma criança chegada doente da cidade, que precisava de tranquilidade e silêncio. Ninguém fazia perguntas demais — e, se faziam, Marco logo se encarregava de afastar curiosos.

Ainda assim, Maelyn cresceu com uma estranha sensação de ausência.

Quando completou sete anos, perguntou de novo a Clara:

— Por que eu não tenho mais mamãe e papai?

Clara sentiu o coração estremecer, mas respondeu com a doçura de sempre:

— Porque eles são sua estrela agora, meu amor. E enquanto você brilhar, eles também vivem.

A menina aceitou, mas nunca esqueceu.

O colar de estrela nunca saía de seu pescoço. Quando os outros filhos das vizinhas brincavam de bonecas ou esconde-esconde, Maelyn se afastava em silêncio, sentindo que carregava um peso que nenhuma outra criança conhecia.

O piano ainda ouvia em sonhos.

O herdeiro da máfia

Enquanto isso, em outra cidade, Dante Moretti crescia sob o olhar severo do pai. Leonardo não permitia fraqueza. Desde cedo, o garoto foi treinado no manejo de armas, no xadrez estratégico das famílias rivais, na arte de desconfiar até da própria sombra.

Mas, à noite, quando a casa silenciava, Dante ainda pensava nela.

Na menina de olhos brilhantes que oferecia flores esmagadas a um gato malhado. No sorriso que parecia um raio de sol. No colar em formato de estrela que balançava quando ela corria pelos corredores da mansão.

Ele tinha dezessete anos quando ouviu, pela primeira vez, um dos homens da família sussurrar que talvez a herdeira D’Angelo tivesse sobrevivido. Não havia provas, apenas rumores. Mas aquilo foi suficiente.

Dante não disse nada a ninguém. Apenas guardou para si.

E naquela noite, sozinho em seu quarto, encarou o próprio reflexo no espelho. O menino que jurara vingança já não existia. No lugar dele, havia um jovem de olhar frio, corpo marcado pelo treinamento e alma esculpida pela perda.

— Se ela estiver viva… — murmurou. — Eu vou encontrá-la.

O destino em movimento

Enquanto Dante se tornava o herdeiro temido dos Moretti, Maelyn aprendia a viver como uma jovem comum, mesmo que não fosse. Aos quinze anos, já ajudava Clara nos afazeres, lia livros emprestados de uma professora da aldeia e caminhava até o rio para fugir do peso que sentia no peito.

Mas, em cada aniversário, o vazio voltava com força. Sempre havia flores ao lado de sua cama, colocadas em silêncio por Clara — uma forma de manter viva a lembrança da mãe que nunca voltaria.

O tempo parecia correr em direções opostas: um jovem forjado pela máfia, uma menina escondida no anonimato.

Ainda assim, o fio invisível entre eles não se rompera.

E logo, muito logo, o destino começaria a puxá-los um para o

 outro.

O reflexo no espelho já não era mais o de uma criança assustada. Aos dezoito anos, Maelyn se tornara uma jovem de traços delicados, mas olhar inquieto. Os cabelos castanhos caíam em ondas até a cintura, os olhos herdados da mãe brilhavam de um verde intenso, e o colar de estrela ainda repousava em seu peito, como se fosse parte de sua pele.

Naquela manhã, acordou antes do sol nascer. Clara dormia no quarto ao lado, Marco já havia saído cedo para a vila. Sozinha, Maelyn abriu a pequena caixa de madeira onde guardava cadernos e papéis antigos. Ali estavam perguntas nunca respondidas.

Ela escrevera em páginas soltas tudo o que a atormentava:

"Quem eu sou de verdade?"

"Por que não tenho lembranças do meu passado?"

"Por que Clara e Marco sempre desviam quando pergunto sobre meus pais?"

Suspirou fundo. A cada ano, a sensação de estar vivendo uma vida emprestada crescia dentro dela.

Na aldeia, todos a conheciam como Maelyn Costa, filha adotiva de Clara. Mas, em seu coração, ela sabia que havia mais.

Ao caminhar até o rio naquela manhã, a brisa fria tocou sua pele.

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Comments

bete 💗

bete 💗

ansiosa ❤️❤️❤️❤️❤️

2025-09-20

0

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