Capítulo 5 – A Dança das Sombras
O silêncio no salão era quase palpável, quebrado apenas pela pulsação hipnótica do cristal negro na mão de Amara. O castelo, imponente e ancestral, parecia observá-la, as sombras dançando nas paredes como espectros curiosos. Cada passo ecoava no vasto espaço, mas nada se comparava à presença magnética de Kael, que surgiu diante dela como uma sombra materializada.
Ele não se aproximou com a cortesia de um nobre, nem com a doçura de um pretendente. Kael era a personificação do destino, implacável e absoluto. Amara sentiu o peso dessa inevitabilidade a cada fibra de seu ser.
— Está pronta? — A voz de Kael ressoou, grave e imponente, carregada de uma autoridade que não admitia réplicas.
— Não sei se estarei algum dia — respondeu Amara, a voz embargada pela emoção. Apertava o cristal com força, sentindo a energia sombria vibrar em sua palma. — Minha vida… meus pais, meus amigos… tudo…
Kael se aproximou, a sombra de seu manto envolvendo-a como uma mortalha.
— Sua vida humana é uma memória distante, Amara — disse ele, os olhos fixos nos dela, como se pudessem ler sua alma. — Você foi destinada a este lugar, a este poder, a mim. Não há volta.
Um arrepio gelado percorreu a espinha de Amara. As palavras de Kael eram cruéis, desprovidas de qualquer consolo.
— Não quero acreditar nisso — murmurou, a voz quase inaudível. — Eu tenho uma vida lá fora… pessoas que se importam comigo. Não posso simplesmente… apagar tudo.
Kael inclinou-se levemente, o rosto a centímetros do dela. O ar ao redor deles crepitava com a energia sombria que emanava de seu corpo.
— Você não precisa apagar nada, Amara — sussurrou, a voz rouca e sedutora. — Apenas aceitar. Cada lágrima, cada lembrança, cada fragmento de sua vida humana… tudo isso será usado.
Amara respirou fundo, tentando desesperadamente manter a compostura.
— Usado para quê? — perguntou, os olhos marejados. — Para me transformar em… em quê?
— Em algo mais — respondeu Kael, um sorriso gélido curvando seus lábios. — Em algo poderoso. Em algo… meu.
A proximidade de Kael era sufocante, mas, ao mesmo tempo, irresistível. Amara sentiu uma mistura de medo, repulsa e uma atração inexplicável. O cristal pulsava em sua mão, refletindo a turbulência de suas emoções.
— Não tenho escolha, não é? — perguntou, a voz trêmula.
— Nenhuma — respondeu Kael, a voz fria como gelo. — Você foi destinada a mim. Não por desejo, mas por necessidade. Não há escapatória.
A realidade desabou sobre Amara como uma avalanche. As lembranças de sua vida humana, os momentos felizes com seus pais e amigos, tudo parecia tão distante e irreal agora. As lágrimas escorriam livremente por seu rosto, queimando como ácido.
— Isso… é insano — murmurou, olhando para o cristal, depois para Kael. — Tudo isso… eu não pedi por isso.
Kael se aproximou ainda mais, a presença dele esmagadora, opressiva.
— O destino não pergunta, Amara — disse ele, a voz baixa e gélida. — Ele apenas exige. E você… você é minha.
Amara sentiu um arrepio percorrer cada centímetro de sua pele. As palavras de Kael eram como correntes, prendendo-a a ele, a este lugar, a este destino sombrio. Ela queria gritar, espernear, lutar, mas sabia que era inútil.
— Não quero ser sua — disse ela, a voz embargada pelo choro. — Não quero ser parte disso.
— Seus desejos são irrelevantes — respondeu Kael, a voz desprovida de qualquer emoção. — Você é minha noiva, minha rainha, minha prisioneira. E você cumprirá seu destino, quer queira, quer não.
Amara sentiu a energia de Kael envolvendo-a, não como um abraço, mas como uma jaula. Cada célula de seu corpo gritava por liberdade, por uma chance de escapar deste pesadelo.
— Não posso fazer isso — disse ela, a voz quase um sussurro. — Não posso… me casar com você.
— Você pode, e você vai — respondeu Kael, os olhos fixos nos dela, como se pudessem controlar seus pensamentos. — Porque não há outra opção. E eu… eu farei você desejar ser minha.
O cristal pulsou com violência, refletindo a batalha que se travava dentro de Amara. Ela sentiu a energia sombria de Kael invadindo sua mente, tentando subjugá-la, dominá-la.
— Não vou me render — disse ela, a voz fraca, mas determinada. — Não vou deixar você me controlar.
Kael sorriu, um sorriso frio e cruel que não chegava aos seus olhos.
— Veremos, Amara — disse ele, a voz carregada de promessas sombrias. — Veremos até onde sua rebeldia a levará.
Amara respirou fundo, tentando encontrar forças em algum lugar dentro de si. Ela sabia que a batalha seria árdua, que Kael era um oponente formidável, mas se recusava a ser apenas uma marionete em suas mãos.
— Não vou tornar isso fácil para você — disse ela, os olhos fixos nos de Kael, desafiadores. — Vou lutar com cada fibra do meu ser.
Kael inclinou a cabeça, analisando-a com curiosidade.
— Coragem — disse ele, a voz levemente divertida. — Uma qualidade interessante em uma prisioneira.
— Não sou sua prisioneira — respondeu Amara, a voz firme. — Sou sua noiva. E, como tal, tenho o direito de ser tratada com respeito.
Kael soltou uma gargalhada fria e sarcástica.
— Respeito? — disse ele, a voz carregada de escárnio. — Você espera respeito de um príncipe das sombras?
— Espero ser tratada como um ser humano — respondeu Amara, a voz embargada pela emoção. — Espero que você veja além do meu destino.
Kael se aproximou ainda mais, o rosto a centímetros do dela. Amara podia sentir o calor de sua respiração, o cheiro de terra e escuridão que emanava de seu corpo.
— Você é um ser humano, Amara — sussurrou, a voz rouca e sedutora. — Mas também é muito mais. Você é a chave para o meu poder, a rainha do meu reino, a mãe dos meus herdeiros. E você cumprirá seu papel, quer queira, quer não.
Amara sentiu um nó se formar em sua garganta. As palavras de Kael eram como uma sentença, selando seu destino para sempre.
— Não quero ser nada disso — disse ela, a voz quase inaudível. — Quero minha vida de volta.
— Sua vida acabou no momento em que você pisou neste castelo — respondeu Kael, a voz fria e implacável. — Agora, você pertence a mim.
Amara fechou os olhos, tentando conter as lágrimas. Ela sabia que Kael estava certo, que sua vida humana era apenas uma lembrança distante. Mas se recusava a desistir, a se entregar à escuridão que a cercava.
— Não vou deixar você me vencer — disse ela, a voz fraca, mas determinada. — Vou encontrar uma maneira de escapar deste pesadelo.
Kael sorriu, um sorriso cruel e predatório.
— Tente, Amara — disse ele, a voz carregada de desafio. — Mas lembre-se: este castelo é minha prisão, e você está presa comigo.
Amara abriu os olhos, encarando Kael com desafio. Ela sabia que a batalha seria longa e árdua, mas se recusava a ser apenas uma vítima do destino. Ela lutaria com unhas e dentes por sua liberdade, por sua vida, por sua alma.
— Então que comece a dança — disse ela, a voz firme e decidida. — Que comece a dança das sombras.
O cristal pulsou com intensidade, refletindo a determinação de Amara. Kael sorriu, satisfeito com a resposta. A batalha havia começado, e ele estava ansioso para ver até onde Amara seria capaz de ir.
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Atualizado até capítulo 61
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