O aniversário = Espadas

Empregada: — Senhorita Melinda, já está na hora de acordar. Hoje é um dia muito especial!

Melinda (ainda encolhida no travesseiro): — Só mais cinco minutinhos… aniversário também precisa de sono de beleza…

Empregada (com um suspiro teatral, puxando a coberta de uma vez e levantando-a sem piedade): — Nada disso! A senhorita tem uma festa inteira esperando, não vai chegar de cara amassada!

Melinda (bocejando, com os cabelos todos bagunçados): — Isso é abuso.

Empregada (rindo): — É cuidado, senhorita. Agora, vamos, antes que eu precise carregar você nos braços como um saco de batatas!

Melinda cambaleia até se levantar, ainda com sono, tropeçando levemente no tapete.

A empregada a agarra e a coloca em pé. Melinda cambaleia igual bêbada, andando de um lado pro outro.

Empregada (segurando pelos ombros): — Pelo visto a senhorita não acordou nada.

Melinda ainda estava meio sonolenta, ajeitando a roupa e passando a mão nos cabelos bagunçados, quando uma sensação familiar percorreu o quarto. Ela vinha sentindo isso há dias, um calafrio súbito, como se alguém a observasse sem estar ali de fato.

De repente, um sussurro suave e frio pareceu ecoar no ar, mas sem forma, sem rosto:

— Olha só… o que temos aqui… Que garota interessante, Melinda Brond… talvez eu apareça para ela. Mas se ela realmente me interessar… ainda mais...nos vemos logo, Melinda Brond

Antes que pudesse reagir, tudo ficou silencioso. Nada se movia, ninguém aparecia. Mas Melinda sentiu um calafrio percorrer a espinha, como se a presença tivesse estado ali por um instante, apenas para desaparecê-la.

Ela piscou várias vezes, tentando racionalizar o sentimento.

— Deve ter sido… minha imaginação — murmurou, balançando a cabeça. — É só coisa da minha cabeça.

Mesmo assim, aquela pontinha de inquietação permaneceu, lembrando-a de que algo — ou alguém — a observava há algum tempo. Por enquanto, seria melhor deixar para lá e se concentrar em se preparar para o dia que começava.

....

O salão estava esplêndido, cheio de nobres conversando, risadas suaves e o brilho das velas refletindo nos lustres de cristal. Melinda caminhava entre os convidados, ainda absorvendo toda a atmosfera de sua primeira grande festa.

De repente, ela esbarrou em alguém ao virar uma coluna de mármore.

— Ah! Desculpe-me — disse o menino rapidamente, com um sorriso elegante. Seus cabelos ruivos caíam levemente sobre a testa, a pele morena contrastando com os olhos verdes que a encaravam com atenção.

— Não… tudo bem — respondeu Melinda, surpresa.

— Feliz aniversário, senhorita Melinda — disse ele, inclinando-se levemente, com uma voz clara e educada. — Meu nome é Lucas.

Melinda piscou, absorvendo o cumprimento. Ela se lembrou das histórias do mangá: Lucas era filho de um duque muito famoso, conhecido por seu gosto impecável para roupas e festas. Sua mãe era uma estrangeira que casara com o duque, e por isso a sociedade sempre julgara e criticara a família, murmurando sobre a escolha do pai por alguém de fora do país. Por causa disso, Lucas era alvo de olhares hostis e fofocas constantes, carregando sobre si a marca de uma desaprovação injusta.

“Lucas… um dos pretendentes da Rose!” — pensou ela, seus olhos se arregalando por um instante.

Ela sorriu educadamente, ainda processando a coincidência. — Muito obrigada, Lucas. Que bom vê-lo aqui.

O menino sorriu de volta, mantendo a postura elegante, mas parecia genuinamente amigável. Melinda percebeu que, apesar dos julgamentos da sociedade, ele era confiante e educado, sem deixar que o preconceito ao redor afetasse sua maneira de agir.

Percebendo que algumas pessoas começaram a olhar feio para ele, Melinda rapidamente tocou em seu braço:

— Lucas, venha comigo. Vamos para a varanda.

Ele estranhou, lançando um olhar curioso para ela.

— Preciso explicar — disse Melinda, enquanto caminhavam para fora do salão. — Alguns aqui não sabem lidar com diferenças. Não quero que fique incomodado com olhares ou murmúrios. Aqui você pode ficar à vontade.

Lucas piscou, surpreso, mas um sorriso pequeno e genuíno se formou em seus lábios, misturando gratidão e respeito.

— Entendo… você realmente se preocupa com os outros, não é? — disse ele, um pouco admirado.

— Alguém tem que cuidar — respondeu Melinda com um meio sorriso. — E agora podemos conversar sem esse clima estranho.

Nesse momento, Téo apareceu discretamente entre os criados, carregando uma bandeja de doces. Assim que seus olhos rubi encontraram Melinda e Lucas conversando, um leve calor percorreu seu peito. Ele rapidamente desviou o olhar, tentando não demonstrar nada, mas seu coração bateu mais rápido.

Melinda percebeu Téo chegando, e um pequeno sorriso surgiu em seu rosto:

— Téo! — chamou, animada. — Que bom te ver aqui!

Téo corou levemente, mas ninguém mais parecia notar. Ele colocou a bandeja na mesa próxima, mantendo a postura profissional, enquanto por dentro sentia uma pontinha de ciúmes — algo que nem ele mesmo compreendia totalmente.

— Eu… estou ajudando com os doces — disse Téo, a voz baixa, sem tirar os olhos de Melinda por muito tempo. — Não queria atrapalhar.

— Você não atrapalha, Téo. Fico feliz de te ver — respondeu Melinda, estendendo um sorriso caloroso.

Enquanto Lucas conversava animadamente com Melinda, Téo ficou ao lado, tentando controlar o que sentia, mas guardando tudo para si.

...

Os últimos convidados finalmente se despediam, o som das risadas e cumprimentos dando lugar a um silêncio confortável no salão. As velas ainda brilhavam, mas a agitação havia diminuído, deixando o ambiente mais íntimo.

Melinda caminhava pelo salão, observando os criados recolhendo as bandejas e ajustando os últimos detalhes. Téo aproximou-se dela, ainda carregando algumas pequenas louças, mas o semblante sério deixava transparecer algo que ele tentava esconder durante toda a festa.

— Senhorita… Melinda — começou, a voz baixa, hesitando por um instante — não sei se devo dizer isso, mas… não gosto do Lucas.

Melinda arqueou uma sobrancelha, surpresa.

— Ah é? E por que não, Téo? — perguntou, inclinando levemente a cabeça, curiosa.

Téo desviou o olhar, as mãos apertando levemente a bandeja que carregava.

— Ele… ele parece tão elegante, tão confiante… e as pessoas falam tanto sobre ele, sobre a mãe dele, a família… não sei, é só… estranho. Eu não gosto de vê-la tão próxima dele — disse finalmente, com um tom sutil, mas carregado de honestidade.

Melinda sorriu de forma divertida, mas compreensiva, percebendo o ciúme contido dele.

— Entendi… você se preocupa comigo, né? — disse ela, inclinando-se um pouco para frente, apoiando uma mão no ombro dele.

Téo corou levemente, mas não negou.

— Sim… não quero que ninguém me afaste de você — murmurou, quase em tom de confissão.

Melinda riu baixinho.

— Bom… não se preocupe, Téo. Mas você precisa aprender a confiar um pouco mais. Eu sei cuidar de mim, e você também deve aproveitar e ficar mais forte, ok? — disse, piscando de forma encorajadora.

Téo suspirou, sentindo-se mais leve, e acenou com a cabeça.

— Certo… eu vou tentar

....

Alguns dias se passaram desde o aniversário de Melinda. Ela queria ficar mais forte, aprender a se proteger e estar pronta para qualquer desafio.

Uma manhã, Melinda entrou no escritório do duque, segurando uma espada leve que havia visto em uma vitrine do castelo. Os olhos dela brilhavam de determinação.

— Pai! Por favor, me ensine a lutar com espada! — suplicou, apoiando as mãos na mesa dele. — Eu quero ficar mais forte!

O duque ergueu uma sobrancelha, olhando-a de cima a baixo.

— Melinda… você é uma menina, e não quero que se machuque. — Ele suspirou, sério. — Além disso, uma espada não é brinquedo.

— Mas pai! — insistiu ela, batendo levemente o pé. — Eu preciso aprender! Não posso depender só dos outros para me proteger!

O duque olhou para a filha, balançando a cabeça com um misto de preocupação e teimosia.

— Não, senhorita. Pode treinar seu corpo com corrida, dança, ou exercícios leves. Mas com espada… não.

Melinda respirou fundo, contendo a frustração. Por um instante, o quarto parecia menor, o coração dela batia acelerado, e a vontade de provar seu valor crescia.

“Se ele não vai me ensinar, vou fazer do meu jeito…” pensou. — Então, mesmo que seja escondido, vou treinar. Preciso ficar mais forte, não importa o que aconteça.

E assim, nos dias seguintes, sempre que ninguém estava olhando, Melinda se afastava para os jardins ou pequenas clareiras próximas ao castelo, praticando golpes e movimentos que observava em livros e histórias. Cada treino a deixava mais ágil, mais confiante — e cada vez mais determinada a provar que podia ser forte, mesmo sendo apenas uma menina aos olhos do pai.

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