Eu Não Deixarei Lady Melinda Morrer

Eu Não Deixarei Lady Melinda Morrer

O acidente = Novo recomeço

O som de uma sirene cortava o ar.

— HELENA, CUIDADO! — o grito de Lia ecoou antes de tudo escurecer.

As vozes das pessoas se misturavam ao barulho metálico da ambulância.

— Meu Deus, o que aconteceu?!

— Rápido, ela está desmaiando!

Lia abriu os olhos por um instante, tentando entender onde estava. Tudo parecia distante, barulhento demais. Logo depois, silêncio. O som contínuo da máquina marcou o fim de seu batimento cardíaco.

....

O Funeral

O caixão branco estava cercado por poucas flores. O céu nublado parecia refletir a tristeza que pairava no ar.

A mãe de Lia chorava baixinho, fingindo pelo menos, o padrasto de Lia, que mal escondia o alívio de ter uma boca a menos para sustentar.

— Se ao menos ela tivesse sido mais obediente… — murmurou ele, sem pesar na voz.

A mãe nada respondeu, apenas enxugou as lágrimas.

Entre os poucos presentes, Helena se aproximou do caixão. Colocou uma flor sobre ele e suspirou teatralmente.

— Pobrezinha da Lia… sempre tão ingênua. Mas, sinceramente, se ela tivesse sido mais forte, talvez ainda estivesse viva.

O veneno em suas palavras fez algumas pessoas olharem com reprovação, mas Helena apenas ergueu o queixo, como se fosse superior.

— Eu sempre fui a amiga que esteve ao lado dela, mas Lia… Lia nunca soube aproveitar.

Aquelas palavras pairaram como punhais sobre o silêncio. Poucos realmente lamentavam a partida da garota.

....

No vazio após sua morte, Lia ouviu a cena como se ainda estivesse lá. Viu sua mãe fingindo chorar por falta dela, e sentiu o desprezo do padrasto e as palavras cruéis de Helena.

Seus olhos se encheram de lágrimas.

Até no meu funeral… ninguém realmente se importa comigo.

Foi então que uma voz suave, cheia de compaixão, ecoou na escuridão.

— Oh, minha pobre criança… usaram você, desprezaram você, e sua vida foi tão curta. Mas eu lhe darei outra chance.

— Quem… quem está aí? — Lia sussurrou.

— Eu sou aquela que ouviu o seu choro. E agora, lhe darei uma nova vida.

A luz a envolveu, e sua consciência foi levada para outro lugar.

....

— Senhorita Melinda, acorde! — uma voz feminina a chamou. — Está na hora de levantar! Se não, o duque ficará furioso, como ontem, quando você acordou quase na hora do almoço.

Lia piscou várias vezes, confusa.

— Hã? Quem é você?

A empregada arregalou os olhos.

— Senhorita… por acaso bateu a cabeça em algum lugar?

— M-Melinda? Quem é Melinda?

— Ora essa! É você, claro! — a empregada suspirou, impaciente. — Agora, vamos, não temos tempo para bobagens.

Ainda tonta, Lia foi conduzida até o espelho. Ao ver o reflexo, seu grito ecoou pelo quarto.

— AAAAAAAAAAAH!

— Céus, senhorita Melinda! O que aconteceu?!

A garota tocou o próprio rosto, o cabelo, os olhos grandes e delicados. O coração acelerava.

— Eu… eu sou a Melinda…

— Evidente, senhorita Melinda Miranda Brond, filha do duque Reimond Eliseu Brond — respondeu a criada, como se fosse óbvio.

Lia — ou melhor, Melinda — congelou.

Meu Deusas… isso não pode ser real. Eu… eu estou dentro do meu mangá favorito, “A Filha Perdida do Duque”! E… reencarnei na minha personagem preferida, a Lady Melinda! Mas… espera… isso quer dizer que… eu vou morrer?

O pensamento a gelou por dentro. Ela lembrava bem: Melinda sempre fora mal interpretada, confundida com uma vilã, e no final acabava morta injustamente.

Não! Nesta vida, eu não deixarei a Lady Melinda morrer. Vou mudar meu destino e reescrever a sua história!

— Senhorita Melinda? — a empregada chamou de novo.

— O quê? Ah, sim! Estou pronta!

Vestida e penteada, foi levada até o salão principal. Seu coração acelerava. Logo conheceria o duque Reimond, o homem que todos temiam… e seu novo “pai”.

A porta se abriu. O duque a fitou com olhar severo.

— Finalmente veio no horário certo, Melinda.

Ela respirou fundo e sorriu timidamente.

— Me perdoe pela demora, pai.

O homem quase engasgou.

— O… você me chamou de pai?

— Sim. Afinal, é isso que você é. Ou prefere que eu o chame de duque Reimond?

— N-Não! — tossiu, disfarçando. — Quero que me chame de pai.

Melinda sorriu.

— Então, está bem, pai.

Ela se sentou ao lado dele, sem hesitar. O duque a encarou, intrigado.

— O que houve com você? Antes nunca queria ficar perto de mim.

— Sabe, pai… eu decidi ser uma nova pessoa. Não sou mais a Melinda de ontem.

Ele estreitou os olhos.

— Talvez porque seu aniversário de nove anos esteja chegando. Está ansiosa?

Melinda piscou, estranhando a frieza do tom, apesar das palavras gentis.

— Muito ansiosa, pai.

Seguiu-se um silêncio constrangedor. Determinada a quebrá-lo, ela puxou conversa.

— E como foi seu dia?

— Bem.

— Alguma novidade nesta semana?

— Não.

— Nada mesmo?

— Não.

Melinda suspirou em pensamento.

Argh, assim vai ser impossível! Ele não sabe conversar! Mas eu vou conseguir.

— Pai… o senhor está ocupado hoje?

— Sim.

— E amanhã?

— Também.

— E depois de amanhã?

— Igualmente.

— Há algum dia da semana em que não esteja ocupado?

O duque arqueou uma sobrancelha.

— Infelizmente não nesta semana. Mas… talvez na próxima. Por quê?

— Por nada… só queria sair com você. Só nós dois.

O homem cuspiu o chá, atônito.

— S-Sair comigo? Só eu e você?!

Melinda o encarou com olhos de gatinho abandonado.

— Sim, pai. Não quer?

Ele desviou o olhar, corando levemente.

— N-Não… eu quero sim. Escolherei um dia na próxima semana.

Melinda sorriu radiante.

— Eba!

Enquanto saboreava um pedaço de bolo, ela pensava consigo mesma:

Essa vai ser a minha nova vida. A vida de Lady Melinda, que desta vez não será confundida como vilã…

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