Caminho á vingança

Alguns dias se passaram, consegui alguns contatos com uns amigos da faculdade para conseguir uma nova identidade, não posso colocar a única pessoa que me resta em risco. Se consegue tudo com dinheiro, ainda tenho tudo que estava no cofre do meu pai, não gastei um centavo nos últimos anos, assim já estou preparada para a minha cruzada, sei que será difícil e que preciso focar mais do que nunca. Vou levar apenas dinheiro e poucas roupas para não chamar a atenção, preciso ser discreta, assim que chegar comprarei as armas que vou precisar. Acho tudo que preciso na dark web, sei exatamente onde ir e quem procurar e o mais importante onde achar o Mambo e sua gangue, não vou parar até ver ele sentir exatamente o que senti na noite em que ele matou a minha família. 

Chegando à cidade, fui direto no fornecedor de documentos, era um velho estúdio de fotografias, no final de um beco, a pequena placa quase apagada dizia Estúdio Do Ben, a placa estava quase caindo de tão velha, se eu fosse realmente tirar fotos jamais entraria neste local. 

Quando entro, dá para ouvir o sino acima da porta, um jovem rapaz alto e moreno me olha profundamente, ele tem cheiro de pinho. 

-Em que posso ajudar?

-Estou procurando o dono, preciso do pacote especial.

-Ele se aposentou, mas posso lhe ajudar, me siga.

Entramos em uma porta atrás do balcão, ele arrasta uma velha estante de livros e lá atrás tem um pequeno e escuro estúdio. 

-Não vai perguntar se sou da polícia?

-Você não tem cara de policial. E eles jamais achariam este local.

-Se eu achei eles também achariam.

-Que tipo de documentos precisa?

-Preciso de todos.

-Tenho o pacote completo, que conta com certidão de nascimento, registro de identidade, passaporte, habilitação para dirigir e se quiser histórico escolar e se pagar a mais consigo até diploma de qualquer universidade.

-Este serve.

Ele anota um valor em um pequeno papel e me alcança quando abro chega até a me assustar, mas preciso disso.

-Tudo bem, acredito que só aceitam dinheiro vivo.

-Isto será um problema para você?

-Não.

-Ótimo, qual nome devo registrar para você?

-Preciso de um nome comum, isto torna mais difícil rastrear. 

-Que tal Ana Silva.

-Ótimo, assim não vão perguntar muita coisa sobre mim.

-Na habilitação para dirigir, tem algo que você não saiba dirigir?

-Sei, carro, moto e caminhões pequenos.

-Vai querer algum diploma?

-Não, isso não condiz com a identidade que preciso.

-Então acredito que no papel quer ser uma aluna mediana.

-Correto.

O rapaz tira uma foto minha em um fundo branco, pega um computador e começa a fazer seu trabalho, demora algumas horas até tudo ficar pronto, ele me entrega tudo em um envelope, entrego a ele o dinheiro para cobrir as despesas.

-Aqui está, Ana Silva, tudo que vai precisar e se precisar de mais alguma coisa sabe onde nos encontrar. 

Me viro e saio do estudio, agora meu próximo passo são as armas.Vou até uma loja quase em frente, sua fachada é de um sebo de livros, ninguém imaginaria o que de fato vendem lá. Quando entro o cheiro de livros velhos entranha minhas narinas. Um jovem rapaz de óculos estava sentado lendo um livro, vou até ele calmamente.

-Olá, quero falar com o vida curta.

-Quem diria que uma garotinha iria procurá-lo, venha comigo.

Ele destranca uma porta no fundo da loja, lá está sentado um velho senhor fumando, o cheiro de fumaça enche aquela sala fechada, não tem nem sequer uma janela. Parece uma cena de filme da máfia.

-Senhor, ela quer falar com você.

O velho senhor faz sinal para o rapaz sair e me olha de cima a baixo. Quando o rapaz fecha a porta ele volta a me olhar e fala comigo.

-O que uma garotinha como você precisa?

-Quero duas Ghost TR01, duas Glock 17, duas Arsenal P-M02, duas Astra A-100, três Beretta Px4 Strom, uma Claridge Hi-tec e uma Kel-Tec PLR-16.

-Uma garota que sabe o que quer, isto é bom. Acredito que queira bastante munição também.

-Claro.

O velho senhor solta seu cigarro, pega uma bolsa grande e começa a separar as armas.

-Pode botar em duas?

-Como quer que divida?

-Eu mesma faço.

-Tudo bem.

Separo tudo as armas pequenas boto uma em cada bolsa, uma Beretta PX4 Strom, boto em minha mochila e as armas maiores boto e uma bolsa com as pequenas. O velho homem me olha incrédulo, checo cada arma antes de botar nas bolsas, não quero ser  passada para trás logo de início. Não dá para confiar em alguém que se acha na dark web. 

-Parece que está se preparando para algo.

-Estou de certo modo.

Ele me passa o valor das minhas compras, pago tudo em dinheiro vivo, agora preciso esconder as armas, vou ficar apenas com uma delas comigo, as outras ficam para um dia chuvoso. Vou até uma estação de metro, abro um dos armários numerados e boto uma das malas, separo também um pouco de dinheiro e boto junto, assim que tiver onde ficar volto para buscá-la e a outra mala boto em um lugar onde ninguém jamais vai achá-la além de mim.

Agora que tudo está pronto, fico apenas com uns trocados para não desconfiarem e os documentos, vou até uma loja e comprei duas mudas de roupa, quanto menor melhor para a nova identidade que quero passar, com isto está tudo pronto e definido, agora só me resta iniciar o plano, entrar na gangue e chegar ao topo, quando chegar lá começo a ceifar as vidas que preciso. 

Pego um táxi e vou a um bar bem famoso por ser o ponto da gangue do Mambo, desço e começo a encarar a porta, assim que cruzar não terá mais volta, é matar ou morrer, vou até o final, em frente ao bar está cheio de motos de todo o tipo, carros modificados, chamando a atenção de quem passa, próximo a porta dá para ouvir a música alta e homens conversando alto, qualquer um se assustaria de vir aqui,mas não eu, dou um longo suspiro e entro.

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