Depois que choramos por minutos incontáveis ela pegou minha mochila e me levou a um quarto.
-Este será seu novo quarto, sinta-se em casa, agora vou preparar algo para comer.
Tinha uma cama de solteiro, um roupeiro antigo e pequeno, uma mesa de estudos, um criado mudo e algumas caixas fechadas, a janela ilumina perfeitamente o ambiente, guardo minha mochila no roupeiro e me deito um pouco, a viagem foi muito cansativa. Apago completamente, horas se passam até a velha senhora me acordar.
-Mel, vamos comer, seu avô já voltou das plantações, ele está feliz em poder finalmente te conhecer.
-Obrigada, vou só me lavar e já encontro vocês.
Me arrumo rapidamente, ao escovar os cabelos percebo que não trouxe nem sequer uma muda de roupa, duvido que meus avós tenham algo aqui que eu possa usar, vou para a cozinha e vejo sentado um velho homem folheando um jornal.
-Veja se não é minha netinha, venha cá sente-se, sua avó fez bolo de milho e panquecas, não sabemos do que gosta.
-Obrigada, como de tudo. (Dei uma bocada no pedaço de bolo com um copo de suco de laranja)
-Então garotinha, você vai para a escola? (Perguntou o vovô)
-Sempre estudei em casa, mas meu pai me deu documentos que comprovam meus estudos.
-Ótimo, vamos lhe colocar em uma escola então, não é porque vai ficar na fazenda que não precisa apreender. (Falou o velho homem)
-Obrigado, tenho um problema, sai com muita pressa e não peguei roupas, mas tenho dinheiro, não se preocupem.
-Dinheiro não é problema, Mel, sua avó te leva a loja mais tarde para comprar o que precisa.
-Agradeço aos dois.
A conversa para por um instante, são realmente um casal adorável, não entendo porque a mamãe nunca nos falou deles, seria muito bom ter conhecido aqui antes, assim que termino meu lanche, minha avó faz sinal para partirmos.
O carro dela é pequeno mas muito limpo, um modelo antigo, mas está em perfeitas condições. Ela dá a partida e logo paramos em uma pequena loja.
-Sei que não deve ser o tipo de loja que está acostumada, mas é o que temos.
-É perfeito, desde que tenha roupas do meu tamanho.
Entramos na loja e somos recebidas por uma gentil senhora.
-Olá Ângela, faz tempo que não vem a loja.
-Olá, esta é minha neta Melissa.
Abano e dou um pequeno sorriso.
-Querida pegue o que precisa.
Enquanto as duas senhoras ficam conversando, vou em busca de roupas e itens de higiene que preciso, mesmo sendo uma pequena loja aqui tem de tudo e estou feliz pela oportunidade de frequentar uma escola pela primeira vez. Meus pais nunca nos deixaram frequentar as aulas, devido ao grande perigo de sermos sequestrados.
-Estou pronta vovó.
-Nossa bastante coisa. (Disse a senhora no balcão)
-Ela vai morar conosco agora, brigou com a mãe e saiu sem nada. (Disse minha avó)
-Sua filha nunca foi boa coisa, abandonou vocês e não dá notícias há anos.
-Isso não importa, minha neta está conosco agora, vamos garotinha.
Ela me pega pela mão, na outra mão segura as sacolas e a outra senhora nos ajuda a levar tudo para o carro, dá para perceber seus olhos marejados, ela deve sentir falta da minha mãe.
-Está com seus documentos, querida?
-Estou sim.
-Vamos à escola te matricular e depois comprar o que precisa para a aula.
-Claro. Vovó tem algum lugar que ensina luta aqui?
-Tem sim,mas por que precisa disso?
-Luto desde os cinco anos, não quero perder esta habilidade.
-Sua mãe é maluca, ensinar isso a uma garotinha, mas tudo bem, te levo até lá.
-Se precisar de dinheiro, eu pago.
-Você é uma criança não precisa se preocupar com estas coisas, eu e seu avô não somos tão pobres assim, me diga uma coisa, você é inteligente?
-Claro que sou, sei fazer cálculo de pelo menos dois anos à minha frente.
-Neste caso, vou te botar na escola particular da escola vizinha, mas se você for meio burrinha te tiro dela na hora. (Ela riu)
-Fechado vovó.
-Você vai gostar, lá tem essa coisa que gosta de luta, e tem mais um monte de coisa que pode fazer também.
Ela dirige em direção da cidade vizinha, parece uma grande cidade se comparado à onde meus avós moram, a escola é enorme, tem de tudo, desde quadra de esportes á prédios assustadoramente altos, só tinha visto algo do tipo em filmes, minha avó me leva junto para conhecer. Quando chegamos a sala do diretor, tinha um senhor de cabelos grisalhos sentado, com um olhar tão cansado como sério.
-Me diga, quais aulas vocês gostariam de inscrever?
-Ela gosta de luta, o que tem disponível?
-Uma lutadora, bom temos, boxe, muay tay, jiu-jitsu e taekwondo, qual vai querer fazer?
-Posso fazer todas? (Perguntei)
-Se seu corpo aguentar, sim. (Ele respondeu)
-E você terá tempo de fazer tudo isso, Mel?
-Podemos colocá-la em turno integral, mas acredito que deveria aprender mais do que apenas luta, o que acha? (O diretor falou)
-O que mais você tem senhor? (Perguntei)
-Luta não é apenas física querida, sugiro nossa incrível aula de xadrez, aula de lógica e informática para afiar a sua mente. (O velho senhor sugeriu)
-Pode inscrevê-la. (Minha avó falou)
-Pela manhã ela terá as aulas normais e a tarde as complementares, aqui está a lista de material para cada aula, e se por acaso ela quiser desistir de alguma das aulas complementares só informar aqui na recepção.
Com tudo alinhado, fomos até a papelaria da escolar comprar os livros e cadernos que preciso, até ao alfaiate para fazer o uniforme e até uma loja de informática para comprar um pequeno computador para as aulas de informática, nem vimos o dia passar logo já era noite e quando chegamos o vovô já estava nos esperando com a janta pronta.
-As garotas demoraram, matei uma galinha para a janta, espero que goste Mel.
-Nunca comi galinha da fazenda. (Respondi)
-Vai adorar, a carne é mais firme, sente-se.
Jantamos e depois fui ao meu novo quarto ajeitar as compras, estas aulas de luta vão me ajudar quando finalmente poder me vingar do Mambo, sou muito nova agora, mas vou me preparar, serei a maior arma contra a máfia já fabricada. Corpo e mente afiada vão longe. Equilíbrio perfeito. Logo este pequeno quarto ficará com a minha cara, não posso esquecer do que a gangue do Mambo me fez.
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Atualizado até capítulo 42
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