Ethan caminhava rápido pela trilha de volta à sua casa, os punhos cerrados. O ar da manhã estava fresco, mas dentro dele ardia um fogo descontrolado. O cheiro doce de Lily ainda impregnava suas narinas, misturado ao riso leve dela com Leo.
"Meu irmão. Justo ele."
Quando chegou à varanda da casa principal, Alex já o esperava. O Beta o conhecia bem demais — pelos olhos sombrios do Alfa, sabia que algo estava errado.
— O que aconteceu agora? — perguntou, sem rodeios.
Ethan não respondeu de imediato. Tirou a camisa suada dos treinos, jogou-a de lado e serviu-se de um copo de água. Só depois murmurou:
— Vi Leo com ela.
Alex suspirou fundo.
— Lily?
Ethan ergueu os olhos, estreitando-os.
— Não diga o nome dela assim.
— Você precisa se controlar. — Alex cruzou os braços. — Ela não é só jovem demais, Ethan. Ela é inocente, cresceu no orfanato… a última coisa que ela precisa é entrar no meio da rivalidade entre você e Leo.
O Alfa rosnou baixo, os olhos azuis escuros cintilando.
— Ela não é rivalidade, Alex. Ela é minha.
— Ainda não. — o Beta rebateu, firme, mesmo diante da fúria do rei. — Até ela completar dezoito anos, você não pode reivindicá-la.
Ethan fechou os olhos por um instante, tentando acalmar o lobo interior que urrava.
— Eu sei. Mas quando o vi sorrindo para ela… — ele parou, respirando fundo, os músculos tensos. — Ele a olha como se tivesse direito.
Alex se aproximou, pousando a mão no ombro dele.
— Leo é apenas um garoto, Ethan. Talvez ele goste dela, mas não tem ideia do que isso significa para você.
O Alfa desviou o olhar para a floresta, onde ainda conseguia ouvir ecos da risada de Lily.
— E se ela gostar dele?
Alex silenciou. Essa era a ferida mais profunda, o medo que Ethan não ousava confessar.
— Então você vai esperar. — respondeu, sério. — Porque se for mesmo o destino, Ethan… ninguém vai poder tirar Lily de você. Nem mesmo Leo.
O Alfa respirou fundo, o coração pesado. Ainda assim, dentro dele, o lobo não aceitava esperar.
A noite chegou rápida, trazendo consigo o frescor da floresta e o brilho suave da lua que espiava entre as copas. As tochas já estavam acesas, iluminando a clareira onde todos se reuniriam para celebrar o aniversário de Lily.
No quarto simples do orfanato, Lily girava diante de um espelho rachado, ajeitando o vestido azul-claro que uma das cuidadoras havia costurado para ela. Seus cabelos loiros estavam soltos, caindo como ondas douradas sobre os ombros.
— Você está linda! — disse Anna, sua melhor amiga, batendo palmas. — Aposto que todos vão parar para olhar só pra você.
Lily corou, baixando o olhar.
— Para com isso, Anna… não quero ser o centro de nada.
Mas no fundo, ela estava animada. Era seu aniversário de dezessete anos. Um passo a menos para se tornar adulta, para talvez encontrar seu lugar na matilha.
Enquanto isso, a alguns metros dali, Ethan já estava na floresta, misturado às sombras. Ele havia dito a Alex que não iria… mas não conseguiu cumprir.
Do alto de uma rocha, observava os jovens rindo, dançando, correndo com tochas na mão. E lá estava ela.
"Deusa…"
O coração dele disparou ao vê-la. Lily caminhava até a clareira, sorrindo, e a lua parecia escolhê-la como foco. Seu cheiro doce e viciante viajou até ele, mais forte do que qualquer outro.
Ao lado dela, Leo apareceu. Seu irmão estava vestido de forma simples, mas ainda assim tinha aquele ar descontraído e charmoso. Conversava animado com Lily, e ela ria das bobagens que ele dizia.
Ethan rosnou baixo, sentindo o peito se apertar.
"Ela ri para ele. Sorri para ele. Não deveria… esse sorriso é meu."
Alex surgiu silencioso atrás dele, como se já soubesse onde encontrá-lo.
— Eu sabia que você não resistiria.
Ethan não respondeu. Continuava fixo na cena, o maxilar trincado.
— Não faça nada, Ethan. — o Beta avisou em tom baixo. — Hoje é o aniversário dela. É só isso.
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