Entrei pelo portão principal do campus de Direito com o coração acelerado. O sol da manhã refletia nas janelas do prédio principal, iluminando os corredores com uma luz que parecia quase teatral. Cada passo meu sobre o calçamento ecoava, e eu sentia aquela mistura de nervosismo e empolgação que faz o peito doer de ansiedade. Olhei ao redor: estudantes caminhavam em grupos, alguns conversando animadamente, outros imersos em seus livros. Eu me sentia pequena diante de tudo, mas, ao mesmo tempo, ansiosa para fazer parte daquele mundo.
Segurei firme a alça da mochila e tentei me concentrar nos prédios que havia decorado no mapa da faculdade. Era muito maior do que eu esperava. As paredes de tijolos avermelhados e as grandes colunas do prédio principal me davam a sensação de que estava prestes a entrar em um lugar que carregava séculos de histórias, decisões e debates importantes.
Enquanto caminhava, meus pensamentos se misturavam entre expectativas e medo. E se eu não me adaptasse? E se não conseguisse acompanhar as aulas ou fazer amigos? Foi nesse momento que uma voz alegre e confiante me chamou:
— Ei! Você parece perdida!
Olhei para cima e vi uma garota com cabelo castanho preso em um rabo de cavalo despojado e olhos verdes que brilhavam de curiosidade. Ela carregava uma mochila azul cheia de adesivos e parecia estar completamente à vontade no ambiente.
— É meu primeiro dia… — respondi, sentindo minhas bochechas esquentarem.
— Eu sabia! — disse ela rindo. — Eu sou Estela. E você?
— Milena — respondi, estendendo a mão, que ela apertou com firmeza.
— Prazer, Milena! Quer que eu te mostre o campus?
Assenti, aliviada. Segui Estela enquanto ela me guiava pelos corredores e pátios do campus, apontando cada prédio, explicando onde ficavam a biblioteca, o auditório e a cafeteria, além de me contar algumas curiosidades sobre os cursos de Direito. Eu escutava atentamente, absorvendo cada palavra, e sentia meu nervosismo diminuir aos poucos.
— Então você vai cursar Direito? — perguntou Estela, desviando de um grupo de alunos que carregavam livros pesados e pastas.
— Sim — respondi, com um sorriso tímido. — Sempre foi meu sonho.
— Que legal! Eu adoro conversar sobre Direito, sempre achei fascinante como leis e princípios podem influenciar tanto a vida das pessoas. — Ela sorriu de um jeito que me deixou ainda mais à vontade.
Enquanto caminhávamos, Estela começou a contar algumas histórias engraçadas sobre seus primeiros dias na faculdade, situações inusitadas em aulas e debates. Eu ria genuinamente, sentindo que podia me abrir com ela, como se já fôssemos amigas há muito tempo.
Chegamos finalmente ao prédio onde seria minha primeira aula. Meu coração disparou de novo. O prédio era imponente, com colunas altas e portas de madeira pesada que rangiam ao abrir. Estela me apresentou a alguns alunos que já estavam sentados, todos me receberam com sorrisos amigáveis, e senti uma pontada de confiança crescer dentro de mim.
Durante a aula, observei como Estela se destacava por fazer perguntas inteligentes e participar ativamente das discussões. Eu mesma tentei contribuir, compartilhando opiniões e refletindo sobre os casos que o professor apresentava. Pela primeira vez naquele dia, senti que poderia pertencer àquele ambiente.
Após a aula, Estela sugeriu que fôssemos almoçar na cafeteria do campus. Caminhar ao lado dela era reconfortante; sua presença parecia dissipar qualquer insegurança que ainda me restava. Pedimos nossos pratos e sentamos próximas à janela, conversando sobre sonhos, expectativas e os desafios de estudar Direito.
— Estou nervosa — confessei, rindo levemente.
— Nervosa é normal — respondeu ela, sorrindo de forma acolhedora. — Mas olha só, você já está se adaptando melhor do que muita gente no primeiro dia.
Senti meu peito se aquecer. Pela primeira vez, percebi que poderia enfrentar os desafios que viriam, especialmente sabendo que Estela estava ao meu lado.
O resto do dia passou rapidamente. Exploramos outros prédios, conferimos murais de avisos, visitamos a biblioteca e até encontramos a sala de debates. A cada passo, eu me sentia mais parte daquele novo mundo. E a cada risada, a cada conversa com Estela, meu coração se sentia mais leve.
Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa, sentamos em um banco próximo à fonte do campus. Conversamos sobre tudo: desde nossas expectativas para o curso até detalhes da vida pessoal. Eu percebi que, mesmo no primeiro dia, já havia algo que valia mais do que qualquer medo: uma amizade verdadeira.
— Sabe, Estela, estou muito feliz por ter te conhecido — disse, olhando a água refletindo a luz do pôr do sol — Obrigada por me ajudar e por me fazer sentir menos sozinha.
— Não precisa agradecer! — respondeu ela, dando um leve tapinha no meu braço — Vai ser só o começo. A faculdade é enorme, mas com amigos tudo fica mais fácil e divertido.
Enquanto caminhávamos de volta para os dormitórios, conversando e rindo das situações do dia, percebi que finalmente havia encontrado meu lugar. O campus de Direito, que antes parecia imponente e assustador, agora se tornava familiar e acolhedor.
E naquele primeiro dia, aprendi algo importante: mesmo em lugares desconhecidos, amizades verdadeiras podem surgir, e com elas qualquer desafio parece mais leve, qualquer vitória mais especial.
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Atualizado até capítulo 36
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