Eu sempre fui uma mistura curiosa de intensidade e disciplina. Cresci em Campos do Vale, uma cidade pequena no Brasil, onde a vida parecia se mover devagar demais. Meus pais eram humildes: meu pai, mecânico de mãos calejadas, e minha mãe, costureira. Eles fizeram o possível para me dar oportunidades que eles próprios nunca tiveram. Mal imaginavam que eu cresceria e acabaria morando em Chicago, trabalhando como advogado e lecionando em uma faculdade, tentando fazer a diferença na vida das pessoas.
Desde cedo, fui um menino curioso. Enquanto meus colegas se distraíam com brincadeiras, eu mergulhava nos livros. História, filosofia, literatura e, aos poucos, os primeiros textos de direito chamaram minha atenção. Ler não era só um passatempo; era um refúgio. Era também a forma que encontrei de entender o mundo, de questionar o certo e o errado, de tentar compreender por que as pessoas agem como agem. Sempre senti dentro de mim um senso de justiça muito forte, que me acompanhou desde a infância.
Na adolescência, experimentei a dor da perda de um amigo querido. Foi um choque que me fez enxergar a fragilidade da vida e me impulsionou a buscar algo maior. Foi nesse período que o direito começou a fazer sentido para mim. Vi na advocacia a chance de lutar por justiça, de dar voz a quem não tinha, de tentar transformar realidades. Mas percebi também que ensinar seria uma extensão desse propósito: inspirar outros a pensar, a questionar, a analisar, tornava-se tão importante quanto defender um cliente em tribunal.
Na faculdade de Direito, enfrentei noites sem dormir, provas que pareciam impossíveis e estágios que exigiam perfeição. Mas eu não desistia. A disciplina e a paixão pelo que fazia me mantinham firme. Aos poucos, comecei a perceber que não se trata apenas de estudar leis, mas de entender pessoas, contextos e situações complexas. Estágios em escritórios renomados me colocaram diante de casos complicados e clientes em situações delicadas. Foi ali que percebi: a advocacia exige técnica, mas também exige empatia.
Após me formar, decidi mudar de país. Chicago me parecia a cidade ideal: vibrante, cheia de oportunidades e desafios reais. A adaptação não foi fácil. Aprender a lidar com o idioma, o ritmo intenso da cidade e a burocracia americana exigiu paciência e resiliência. Mas aos poucos fui encontrando meu espaço. Conquistei meu lugar em um escritório de advocacia respeitado, sendo reconhecido por minha competência, ética e pela capacidade de encontrar soluções inteligentes mesmo nos casos mais difíceis.
Paralelamente, comecei a lecionar em uma faculdade local. Descobri que ensinar era outra forma de lutar por justiça, agora no campo das ideias. Na sala de aula, sou exigente e detalhista. No começo, muitos alunos se intimidam com meu olhar atento e postura firme, mas logo percebem que cada palavra tem propósito. Desafio-os a pensar criticamente, a questionar a lei, a aplicar a ética em situações complexas. Ensinar me inspira tanto quanto advogar. Ver um aluno sair da minha aula com uma nova perspectiva é tão gratificante quanto vencer um caso importante em tribunal.
Minha vida pessoal nem sempre é simples. Sou reservado, intenso e emocional. Relações amorosas são raras e difíceis de manter, porque minha dedicação ao trabalho e aos alunos ocupa grande parte da minha vida. Ainda assim, mantenho contato constante com minha família no Brasil, especialmente minha mãe, cuja sabedoria simples sempre me guia, e meu pai, de quem herdei a ética de trabalho e a disciplina.
No tribunal, sou implacável. Cada argumento, cada gesto, cada palavra é pensado para defender meus clientes da melhor forma possível. Me especializei em casos complexos de direito civil e empresarial, e a reputação que conquistei me honra. Cada vitória não é apenas profissional; é uma confirmação de que dedicação e justiça podem, sim, fazer diferença.
Fora do tribunal e da sala de aula, procuro equilíbrio. Caminho por Chicago, visito bibliotecas, tomo cafés enquanto me perco em anotações ou estudos sobre jurisprudência e filosofia. É nesse espaço que recarrego minhas energias, porque advogar e ensinar exigem clareza mental e empatia. Chicago, com seus arranha-céus, parques e vida intensa, é ao mesmo tempo desafiadora e inspiradora. Cada dia aqui me lembra do menino curioso que um dia fui em Campos do Vale e de como essa trajetória me trouxe até este ponto.
Olhar para trás e perceber tudo o que superei — dificuldades, perdas, desafios — me faz valorizar o que conquistei. Ser advogado e professor é mais do que uma carreira; é minha forma de contribuir, de transformar vidas e de manter viva a paixão que sempre tive pelo conhecimento e pela justiça. Cada aluno que aprendeu a pensar de forma crítica, cada cliente que sentiu que foi tratado com justiça, cada desafio superado, confirma que estou no caminho certo.
Para mim, advocacia e ensino são faces da mesma moeda. Ambas exigem conhecimento, paciência, disciplina e empatia. Ambas exigem coragem para enfrentar desafios e dedicação para fazer diferença. E, por mais complicado que seja equilibrar essas duas paixões, não trocaria minha trajetória por nada. Cada dia, cada caso e cada aula são partes de uma vida que construí com esforço, inteligência e coração.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Phoenix Ikki
Estou ansiosa para ler mais, parabéns autora! 😊
2025-08-23
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Francisco Andre de Araujo
estou gostando MT do livro.
2025-08-30
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