capítulo 5

Encantamento

Molly sempre se considerou uma garota simples. Nunca havia desejado roupas caras, carros importados ou apartamentos luxuosos. Estava acostumada a uma vida comum, dividida entre livros, aulas e a cafeteria próxima à faculdade onde passava horas revisando suas anotações. Mas, desde que Briana Anderson entrou em sua vida, a noção do que era normal começou a se desfazer como fumaça.

Era impossível ignorar o magnetismo daquela mulher. Briana parecia ocupar o espaço inteiro apenas ao entrar em uma sala. Seu perfume, sofisticado e viciante, parecia impregnar na pele de Molly, fazendo-a suspirar mesmo horas depois de cada encontro.

Nos últimos dias, as conversas entre elas se intensificaram. Briana sempre arranjava um motivo para ligar, enviar mensagens ou, de maneira inesperada, aparecer na faculdade apenas para buscá-la. No início, Molly relutava em aceitar tanta atenção, mas a insistência doce – e ao mesmo tempo dominadora – de Briana a fazia ceder.

Naquela manhã, Molly entrou na faculdade com passos apressados, tentando esconder o sorriso que surgia sempre que lembrava da noite anterior. Briana a havia levado para jantar em um restaurante no alto de um prédio, com vista para toda a cidade iluminada. Lembrava-se das palavras suaves, das histórias de negócios que soavam quase como contos de poder, mas, acima de tudo, lembrava-se da maneira como Briana a olhava: como se ela fosse um tesouro raro.

— Você está diferente hoje, Molly — comentou uma colega de sala, rindo. — Está com um brilho nos olhos.

Molly corou imediatamente, negando com a cabeça.

— É só… sono — mentiu, abraçando os cadernos contra o peito.

Mas, no fundo, sabia que não era sono. Era Briana. Sempre Briana.

À tarde, quando saiu da aula, encontrou o carro preto de vidros escuros estacionado em frente ao campus. O coração disparou. Já sabia de quem era. A porta abriu suavemente e lá estava ela: Briana, impecável em um vestido justo azul-marinho, óculos escuros e o mesmo ar de soberania que tanto intimidava quanto fascinava.

— Entre, Molly — disse com voz firme, mas carregada de ternura. — Vamos dar uma volta.

Molly obedeceu sem pensar duas vezes. Assim que se sentou, percebeu o olhar penetrante de Briana percorrendo cada detalhe de seu rosto. O silêncio durou alguns segundos, até que Briana quebrou a tensão:

— Você não faz ideia do quanto me deixa intrigada, Molly.

— Intrigada? Eu? — A jovem riu, nervosa, mexendo nos cabelos. — Eu sou… normal.

— Não. — Briana segurou sua mão com firmeza. — Você tem algo que não pode ser explicado. Uma pureza rara, mas ao mesmo tempo uma força que ainda nem percebe que possui. É isso que me prende a você.

As palavras deixaram Molly sem resposta. O coração parecia querer sair pela boca. Nunca ninguém havia falado com ela daquela maneira, como se fosse especial, única.

O carro seguiu até uma casa luxuosa nos arredores da cidade, uma das propriedades de Briana. Era moderna, rodeada por jardins impecavelmente cuidados. Ao entrar, Molly ficou deslumbrada. Tudo ali parecia digno de uma revista: as paredes de vidro, o mobiliário sofisticado, a vista para uma piscina que refletia o céu da tarde.

— Sinta-se à vontade — disse Briana, retirando o casaco e entregando-o a um funcionário que apareceu discretamente. — Este lugar é só nosso hoje.

Molly caminhou pelo espaço, encantada. Tocava as superfícies como se precisasse ter certeza de que eram reais. Quando se virou, percebeu Briana observando-a com intensidade.

— Está com fome? — perguntou a empresária, aproximando-se lentamente.

— Um pouco — respondeu Molly, quase sussurrando.

— Ótimo. — Briana sorriu. — Mandei preparar algo leve. Mas, antes, quero brindar com você.

Pegou uma garrafa de vinho branco e serviu duas taças. Entregou uma a Molly e ergueu a própria.

— Ao destino — disse, com aquele olhar que parecia atravessá-la. — E à coragem de se deixar encantar.

Molly corou, levando a taça aos lábios. O vinho era suave, mas a sensação de estar tão próxima de Briana deixava tudo mais forte, mais eletrizante.

Enquanto jantavam, Briana não tirava os olhos dela. Fazia perguntas, demonstrava interesse em cada detalhe da vida de Molly, desde suas matérias favoritas até os livros que lia. Molly, tímida, respondia aos poucos, mas não conseguia evitar sorrir diante do cuidado da empresária.

— Você merece mais do que essa vida comum que leva — comentou Briana, apoiando o queixo na mão. — Comigo, Molly, você poderia ter o mundo.

A frase ecoou no coração da jovem, despertando algo entre medo e fascínio. Ter o mundo? Isso parecia grande demais. Mas, quando olhava para Briana, acreditava.

Depois do jantar, foram até o jardim iluminado por luzes suaves. A brisa noturna balançava os cabelos de Molly, e Briana caminhava ao seu lado em silêncio, até parar de repente.

— Sabe o que eu mais gosto em você? — perguntou, aproximando-se. — É a maneira como me olha. Você tenta disfarçar, mas seus olhos me entregam.

Molly congelou, sentindo o rosto arder.

— Eu… eu não…

Antes que pudesse terminar, Briana passou a mão suavemente em seu rosto, acariciando sua bochecha.

— Não precisa negar. Eu vejo. E eu gosto.

O coração de Molly disparou. Nunca havia sentido algo assim: uma mistura de medo, desejo e admiração.

— Briana… — sussurrou, quase sem ar.

— Shhh… — Briana encostou o dedo em seus lábios. — Não diga nada agora. Apenas sinta.

E, pela primeira vez, Molly não recuou. Deixou que Briana a envolvesse com sua presença avassaladora, deixou-se levar pela energia intensa que vibrava entre elas. Não foi um beijo ainda, mas um quase. Um fio de eletricidade que as manteve próximas, respirações misturadas, corações em descompasso.

Naquela noite, quando Briana a levou de volta para casa, Molly mal conseguiu dormir. Revirava-se na cama, lembrando de cada detalhe: o toque no rosto, o olhar firme, a promessa velada que existia no silêncio entre as duas.

Estava cada vez mais encantada. E, mesmo sabendo que aquele sentimento era perigoso, que a diferença de idade, de mundos e de experiências poderia se tornar um abismo, não conseguia evitar.

Briana Anderson havia se tornado seu sol e sua tempestade.

E Molly, inocente, já não sabia como viver sem esse caos encantador.

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Comments

Maria Fabiana

Maria Fabiana

Porque parece que vai vir sofrimento a frente 🤔

2025-09-21

1

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