A Proposta de Briana
Molly não sabia se respirava ou se desmaiava. O coração ainda corria uma maratona dentro do peito desde o momento em que entrou naquela sala. O ambiente de vidro, mármore e luxo a esmagava, mas não era isso que a deixava tão sem chão. Era Briana.
A mulher se movia como um predador em sua própria jaula de ouro. Cada passo era calculado, cada olhar era penetrante, cada palavra parecia uma ordem que ninguém ousaria questionar. E agora, Molly estava ali, sozinha, diante daquela mulher que o mundo inteiro admirava e temia.
Briana caminhou até a janela panorâmica. As mãos descansavam nos bolsos da calça social impecável, os ombros retos, a postura de quem já nasceu no topo do mundo. Ela olhava para a cidade abaixo como se tudo fosse apenas uma peça em um tabuleiro que lhe pertencia.
— Sabe, Molly — começou, sem virar o rosto —, milhares de pessoas dariam tudo para estar no seu lugar.
Molly apertou a barra da saia, nervosa.
— Eu… eu não sei se mereço.
Briana finalmente virou-se. Seus olhos azuis encontraram os castanhos da jovem, e Molly sentiu as pernas tremerem.
— Você não merece. Ainda. — disse com a frieza que a tornara temida. — Mas pode aprender a merecer.
Aquelas palavras, embora duras, caíram como um estranho elogio. Molly engoliu em seco, tentando compreender.
— Por que… eu? — ousou perguntar. — Eu sou só uma estudante… existem pessoas muito mais qualificadas…
Briana se aproximou lentamente. O som dos saltos batendo no mármore ecoava como marteladas na mente de Molly.
— Porque, diferente delas, você não está corrompida. — murmurou, parando a poucos centímetros dela. — Seus olhos não me pediram nada. Não vi ganância, não vi falsidade. Apenas medo e inocência. E isso, Molly… é raro.
Molly piscou, confusa, sem saber se aquilo era um elogio ou uma armadilha.
— Mas… eu não sei se consigo lidar com algo tão grande.
O sorriso de canto surgiu nos lábios de Briana.
— Não precisa saber. Basta obedecer.
A frase caiu no ar como uma sentença. Molly sentiu o rosto corar, não entendia por que aquelas palavras soavam tão… perigosas, quase íntimas.
— O-obe… obedecer? — repetiu, a voz trêmula.
— Sim. — Briana inclinou-se um pouco, sua respiração tocando de leve o rosto da jovem. — Obedecer às minhas ordens, aprender com meus movimentos, confiar nas minhas escolhas. É assim que se sobrevive no meu mundo.
O coração de Molly batia tão forte que ela achava que Briana podia ouvir. Nunca alguém havia lhe falado com tanta autoridade, como se a possuísse apenas pelo olhar.
— Eu… eu quero aprender. — respondeu quase em um sussurro, sem perceber que acabara de se entregar.
O sorriso de Briana se alargou, satisfeito.
— Ótimo. Então começamos hoje. —
As horas seguintes foram intensas. Briana a fez acompanhá-la em reuniões rápidas, apresentou-lhe executivos, mostrou como comandava sem jamais levantar a voz — apenas com a presença. Molly se sentia como uma sombra, perdida em meio a tantas informações, mas fascinada com a forma como Briana controlava tudo ao redor.
No fim da tarde, já exausta, Molly pensou que finalmente teria um momento para respirar. Mas Briana não parecia disposta a deixá-la ir tão cedo.
— Vamos jantar. — ordenou, sem dar espaço para recusa.
Molly arregalou os olhos.
— J-jantar?
— Sim. Precisa comer. E eu não gosto de ver quem trabalha para mim desmaiar de fome.
O tom parecia prático, mas havia algo oculto ali. Molly não sabia explicar, mas a sensação era de que não tinha escolha.
O restaurante era o mais sofisticado da cidade, com mesas reservadas para poucos privilegiados. Molly se sentia deslocada com seu vestido simples, enquanto Briana, em um conjunto preto elegante, parecia pertencer àquele lugar de forma natural, como se todo o ambiente fosse feito para exaltá-la.
— Relaxe. — Briana disse, ao perceber a tensão da jovem. — Está comigo.
Foram quatro palavras, mas carregavam um peso que Molly não conseguia ignorar. Está comigo. Como se significasse: “Nada pode te atingir, desde que esteja ao meu lado.”
Durante o jantar, Molly tentou evitar o olhar de Briana, mas sempre falhava. Era como ser puxada por um ímã.
— Você mora com seus pais? — Briana perguntou, cortando seu filé com calma.
— N-não… minha mãe morreu quando eu tinha 14 anos. Meu pai… ele faz o que pode, mas… somos só nós dois. —
Briana a observou em silêncio por um instante, como se gravasse cada detalhe.
— Então você sabe o que é lutar pelo que quer.
Molly assentiu, tímida.
— Sim… é por isso que estou aqui. Quero um futuro melhor… para mim e para ele.
Briana inclinou a cabeça, e seus olhos se suavizaram por um breve momento.
— Ambição pura não me interessa. Mas quando é movida por amor… isso, Molly, é perigoso. —
A jovem não soube o que responder. Sentiu o coração apertar, porque, de alguma forma, Briana parecia enxergar dentro dela.
O jantar continuou, mas a tensão entre as duas só aumentava. Cada vez que Briana falava, Molly sentia que havia um duplo sentido oculto. Cada olhar era como uma carícia silenciosa, cada sorriso era uma promessa velada.
Até que, ao final, Briana segurou a taça de vinho e disse:
— Quero te propor algo, Molly.
A jovem ergueu os olhos, surpresa.
— Algo… além do estágio?
— Além de tudo que você imaginou. — Briana recostou-se na cadeira, mas sem desviar o olhar. — Quero você por perto. Não apenas como estagiária. Mas como alguém que é… minha.
Molly sentiu o ar sumir dos pulmões.
— M-minha?
— Não se assuste. — Briana sorriu de canto. — Não estou falando de contratos ou papéis. Estou falando de confiança. Fidelidade. Quero que você entenda que, ao meu lado, terá tudo. Mas, em troca, será minha e apenas minha.
As palavras ecoaram como um pacto invisível. Molly não sabia se deveria fugir ou aceitar. Mas uma parte dela… uma parte escondida… queria dizer sim.
— Eu… — sua voz falhou. — Eu não sei se consigo…
Briana inclinou-se, prendendo o olhar dela com intensidade.
— Consegue. Eu vou te ensinar. —
Por um instante, o mundo desapareceu. Eram apenas as duas, presas naquela conexão inexplicável.
Molly engoliu em seco, tentando organizar os pensamentos, mas a verdade era cruel: Briana a atraía de uma forma que não fazia sentido. A força daquela mulher a assustava… mas também a fascinava.
E, pela primeira vez, Molly se perguntou: seria amor… ou prisão?
Naquela noite, quando Briana a deixou em casa com seu carro luxuoso, Molly não conseguiu dormir. Deitada na cama simples, encarando o teto, lembrava-se das palavras da empresária.
"Será minha e apenas minha."
Por que aquilo soava menos como uma ameaça e mais como uma promessa que ela queria aceitar?
Do outro lado da cidade, Briana encarava o copo de uísque em sua cobertura, com os olhos fixos nas luzes da noite.
"Minha pequena Molly." — murmurou para si mesma, um sorriso frio surgindo nos lábios. — "Não vou deixar ninguém te tocar. Nunca."
O jogo estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Natália 🤍🤞🏻
👏❤️
2025-10-18
0
Maria Fabiana
Quanta intensidade 🥰
2025-09-21
1