capítulo 3

O Jogo de Sedução

Molly ainda se perguntava se estava sonhando.

Já fazia uma semana desde que aceitara o estágio como assistente de Briana Anderson. Todos os dias, ela entrava no prédio luxuoso da Anderson Enterprises com os olhos baixos, tentando ignorar os olhares invejosos das outras funcionárias. Era apenas uma caloura da universidade, e, de repente, estava na sala da mulher mais poderosa do país.

Mas, o que mais a deixava sem ar, não era o peso da responsabilidade. Era a forma como Briana a olhava.

Não importava se estavam em uma reunião ou sozinhas no escritório: o olhar de Briana sempre estava sobre ela. Fixo, intenso, como se estudasse cada movimento, cada respiração. Era impossível não se sentir despida sob aqueles olhos azuis que pareciam atravessar sua alma.

E Molly… começava a sentir o corpo reagir de maneiras que não compreendia.

Naquela manhã, o escritório estava silencioso. O sol entrava pelas paredes de vidro, refletindo na mesa de mármore onde Briana revisava relatórios. Molly digitava em seu notebook, tentando ignorar a tensão que pairava no ar.

De repente, a voz grave e firme soou:

— Molly.

Ela ergueu os olhos de imediato.

— S-sim, senhora Anderson?

Briana arqueou a sobrancelha, um sorriso de canto nos lábios.

— Senhora Anderson? Eu já disse que não gosto de formalidades. — Levantou-se lentamente, caminhando em direção à mesa de Molly. — Prefiro que me chame pelo nome.

Molly engoliu em seco.

— Briana… — murmurou, o som tão baixo que mal saiu dos lábios.

— Melhor. — A empresária parou atrás dela, inclinando-se para observar a tela do notebook. Sua presença era avassaladora. O perfume sofisticado invadiu o espaço, e Molly sentiu a pele arrepiar.

Briana aproximou-se ainda mais, o rosto tão perto que os cabelos loiros roçaram de leve sua bochecha.

— Você digita muito devagar. — disse em um tom baixo, quase íntimo. — Está nervosa?

— N-não… eu… eu só… —

A mão de Briana pousou sobre a do mouse, encobrindo a mão pequena de Molly. O toque foi suave, mas carregado de domínio.

— Relaxe. — murmurou ao ouvido dela. — Eu não mordo… a menos que me provoquem.

Molly prendeu a respiração, o rosto queimando em vermelho.

— Eu… vou melhorar, prometo. — gaguejou, puxando a mão devagar, mas sem coragem de afastar-se de verdade.

Briana se endireitou, observando-a com um olhar afiado.

— Você é tão fácil de ler, Molly. Cada corar, cada gesto, cada hesitação… É como se sua alma estivesse escancarada.

Molly desviou os olhos, envergonhada.

— E- eu não sei do que está falando.

Briana riu baixo, aproximando-se novamente.

— Claro que sabe. — respondeu com um sussurro perigoso. — Eu vejo o que você tenta esconder. O medo. O desejo. A curiosidade.

Molly quase deixou cair a caneta que segurava.

— Desejo? — repetiu, chocada.

— Sim. — Briana afirmou com tanta certeza que Molly não ousou negar. — Você ainda não entende, mas eu sinto. Seu corpo fala comigo antes mesmo que você abra a boca.

A jovem ficou em silêncio, o coração batendo como louco. Era verdade? Será que Briana realmente lia seus pensamentos secretos, aqueles que nem ela mesma queria admitir?

À tarde, Briana a chamou para acompanhá-la em uma visita ao setor de design da empresa. Todas as funcionárias pararam para olhar quando a poderosa CEO entrou com a jovem estagiária ao lado.

Molly se sentia um alvo. Os olhares eram carregados de julgamento, de inveja, de malícia. Algumas cochichavam, outras a encaravam como se fosse uma intrusa.

Briana percebeu. Claro que percebeu.

De repente, parou no meio do corredor e segurou o braço de Molly, puxando-a suavemente para mais perto de si.

— Erga o queixo. — ordenou em voz baixa.

— O quê?

— Não ouse baixar a cabeça. Você está comigo. E ninguém ousa questionar quem está ao meu lado.

O coração de Molly quase saiu pela boca. Obedeceu, erguendo o rosto, mesmo que as bochechas ardessem em vergonha. Briana caminhava imponente, e Molly sentia-se… protegida. Pertencente.

Mas, no fundo, sabia que aquilo era mais do que proteção. Era posse.

No fim do expediente, Briana a surpreendeu novamente.

— Vamos sair. —

— S-sair?

— Sim. — Briana pegou o casaco e caminhou até o elevador. — Preciso relaxar, e você vem comigo.

Molly não sabia como recusar.

Pouco depois, estavam em um lounge sofisticado, iluminado por luzes suaves e com música ambiente. Briana escolheu uma mesa reservada no canto.

Enquanto Molly se encolhia timidamente na cadeira, Briana a observava com atenção, como se cada gesto fosse parte de um estudo.

— Você não percebe o efeito que causa, não é? — perguntou, segurando a taça de vinho.

— Eu? — Molly riu nervosa. — Eu não causo efeito nenhum.

— Está enganada. — Briana apoiou o queixo na mão e a encarou. — Sua inocência é a coisa mais provocante que já vi.

Molly sentiu o rosto queimar.

— P-por que está dizendo isso?

— Porque é verdade. — Briana sorriu de canto. — E porque quero que entenda uma coisa, Molly: eu não jogo para perder. Quando coloco os olhos em algo… ninguém mais toca.

A jovem desviou o olhar, sem saber se aquilo era um aviso ou uma confissão.

O silêncio pairou por alguns segundos, até que Briana inclinou-se sobre a mesa.

— Você sente também, não sente? — perguntou em um tom baixo e carregado de certeza.

Molly arregalou os olhos.

— Eu… eu não sei…

— Não minta para mim. — Briana estendeu a mão, tocando de leve os dedos da garota. — Eu vejo no seu olhar.

O toque, embora breve, fez Molly arrepiar até a alma. Era como se estivesse prestes a atravessar uma linha da qual não poderia voltar.

— Briana… eu… eu nunca… — tentou falar, mas a voz falhou.

— Eu sei. — interrompeu suavemente. — Nunca se envolveu com uma mulher. Nunca sentiu isso antes. E é por isso que está tão assustada.

Molly ficou em silêncio, incapaz de negar.

Briana sorriu, satisfeita.

— Não tenha medo. Eu não vou te forçar. Mas vou te mostrar… — sua voz baixou, quase como um sussurro íntimo — que ninguém jamais vai te desejar como eu.

Molly tremeu. Cada palavra caía como fogo em seu coração.

Era um jogo. Um perigoso jogo de sedução. E ela já estava presa, mesmo sem saber as regras.

Naquela noite, quando Briana a deixou em casa novamente, Molly encostou-se na porta assim que entrou, o corpo trêmulo.

"Por que eu sinto isso? Por que ela me faz perder o ar?"

Briana, por sua vez, dentro do carro, observava a janela do apartamento simples onde Molly morava.

— Minha pequena Molly. — murmurou, com os olhos semicerrados. — Ainda resiste… mas não por muito tempo.

Ela sorriu, fria e confiante.

O jogo tinha começado. E Briana nunca perdia.

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Comments

Natália 🤍🤞🏻

Natália 🤍🤞🏻

Gostando...🥰🤭

2025-10-18

0

Patricia Eloi

Patricia Eloi

mas capítulo autora

2025-08-21

1

Ver todos

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