Presa Ao Teu Nome

Presa Ao Teu Nome

capítulo 1

O Primeiro Olhar

Briana Anderson nunca passava despercebida. Onde colocava os pés, olhares se voltavam, comentários se levantavam e até o ar parecia se alterar, mais pesado, mais denso. Talvez fosse por sua altura imponente, talvez pelo salto fino que batia contra o chão como um anúncio de poder, ou talvez por aqueles olhos azuis gélidos, que pareciam despir a alma de quem ousasse cruzar com eles. Aos trinta anos, já era uma lenda no mundo dos negócios. Dona da Anderson Enterprises, um império multimilionário que englobava desde tecnologia até moda de luxo, ela era considerada a mulher mais jovem a conquistar tanto poder sozinha.

Fria. Calculista. Imbatível. Assim a descreviam os jornais e as revistas de negócios. Mas, naquela manhã, em meio ao auditório lotado de jovens universitários ansiosos para ouvi-la, Briana sentia algo diferente. Não era nervosismo — não combinava com ela. Era outra coisa, algo que ainda não conseguia nomear.

Ela ajeitou a jaqueta preta impecável sobre os ombros e subiu ao palco, deixando os flashes das câmeras se perderem em sua silhueta elegante.

— Bom dia. — Sua voz soou firme, autoritária, como um chicote no silêncio. — Sou Briana Anderson, e espero que estejam preparados para ouvir verdades que talvez ninguém nunca tenha tido coragem de dizer a vocês.

O auditório reagiu com murmúrios, fascinado.

Entre tantas pessoas, um par de olhos castanhos brilhou diferente. Na quarta fileira, sentada com a postura ereta e as mãos nervosamente entrelaçadas no colo, estava Molly Welstton. Dezoito anos, caloura do curso de Gestão Empresarial. Filha de uma costureira e de um motorista de ônibus. Uma garota simples, que havia conseguido bolsa de estudos por mérito acadêmico.

Molly nunca tinha visto alguém como Briana de perto. Já tinha lido matérias, assistido entrevistas, mas nada se comparava à imponência daquela mulher diante dela. O coração da jovem disparava, não apenas pela admiração, mas por algo que não sabia explicar. Os olhos de Briana, frios e distantes, por um breve instante encontraram os dela. E foi como se o mundo tivesse parado.

Briana sentiu um arrepio estranho percorrer sua espinha. Os olhos daquela garota eram diferentes. Não havia ambição neles, não havia malícia. Apenas pureza. Inocência. Algo que ela nunca tinha visto no mundo de tubarões em que vivia. E, de repente, tudo que dizia no palco perdeu parte da importância, porque ela se pegava voltando o olhar para a quarta fileira, para aquela menina de cabelo castanho preso em um coque desajeitado e uniforme simples da universidade.

Depois da palestra, enquanto os alunos se aglomeravam para tentar um autógrafo ou uma foto, Molly ficou para trás, tímida demais para se aproximar. Apertava os livros contra o peito, sentindo-se invisível em meio à multidão. Até que uma voz grave e feminina ecoou atrás dela.

— Você não vai vir pedir nada? —

Molly congelou. Virou-se devagar e quase deixou os livros caírem. Briana estava parada ali, alta, imponente, olhando-a com uma sobrancelha arqueada.

— E-eu… não… eu só… — gaguejou, sem saber o que dizer.

Briana sorriu de canto. Não um sorriso simpático, mas um sorriso curioso, intrigado.

— Qual o seu nome?

— Molly. Molly Welstton. —

— Molly… — Briana repetiu devagar, como quem prova um vinho raro pela primeira vez. — Você estuda Gestão Empresarial?

A garota assentiu, quase sem ar.

— Bom. — Briana se inclinou levemente, reduzindo a distância entre elas. — Vai precisar de bons exemplos, e eu odeio desperdício de potencial.

Molly franziu o cenho, confusa.

— D-desperdício?

— Sim. — Os olhos de Briana brilharam. — Você tem olhos de quem ainda acredita no impossível. Isso pode ser esmagado por pessoas erradas… ou pode ser moldado pelas pessoas certas.

Molly não entendeu direito, mas sentiu um calor estranho subir pelo corpo.

— Está interessada em um estágio na Anderson Enterprises? — Briana perguntou de repente, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

O queixo de Molly quase caiu.

— E-eu? Um estágio? Lá? —

Briana riu baixo.

— Não, claro, eu estava oferecendo para a garota atrás de você. — Ironizou, cruzando os braços. — É claro que estou falando com você.

Molly corou.

— Eu… eu não sei se… se eu seria capaz.

— Eu decido quem é capaz. — Briana cortou, séria. — Pense bem. Não é uma oferta que eu faça duas vezes.

E, antes que Molly respondesse, Briana lhe entregou um cartão preto com letras douradas e se afastou, deixando um rastro de perfume caro e a sensação de que o chão tinha sumido sob os pés da jovem.

Naquela noite, Molly não conseguiu dormir. Segurava o cartão entre os dedos, como se fosse um bilhete mágico para outro mundo. O nome “Briana Anderson” brilhava em dourado. O que aquela mulher tinha visto nela?

Do outro lado da cidade, na cobertura luxuosa de um arranha-céu, Briana encarava a taça de vinho em mãos, mas seu pensamento estava preso nos olhos castanhos de Molly. Que diabos aquela garota tinha feito com ela? Era só uma estudante. Uma menina. Inocente demais para o seu mundo.

Mas Briana sabia de uma coisa: quando queria algo, conseguia. Sempre.

E Molly… já era dela.

Dois dias depois, Molly se apresentou no imenso prédio espelhado da Anderson Enterprises. Usava uma saia simples e uma blusa branca, tentando parecer mais madura do que era. Seu coração batia forte demais.

Foi recebida por uma secretária elegante, que a conduziu até o 40º andar. As portas do elevador se abriram, revelando uma sala envidraçada com vista para a cidade inteira. No centro, atrás de uma mesa de mármore, estava Briana.

— Veio. — disse a empresária, sem levantar.

Molly assentiu, nervosa.

— Ótimo. — Briana ergueu o olhar, atravessando a garota de uma forma que a fez corar. — A partir de hoje, você será minha assistente estagiária.

— A-assistente…? —

— Sim. Vai me acompanhar, tomar notas, aprender. Não confio meu tempo a qualquer um. — Briana se levantou, contornando a mesa. — Isso significa que estará sempre perto de mim.

Molly engoliu em seco. Havia algo naquela presença que a sufocava e, ao mesmo tempo, a atraía.

Briana se aproximou lentamente, parando tão perto que Molly podia sentir seu perfume envolvente.

— Uma última coisa. — A empresária murmurou, com voz baixa e firme. — Quando eu chamo algo de meu, ninguém toca. Entendeu?

O coração de Molly disparou. Ela não sabia se Briana estava falando de trabalho… ou dela mesma.

— E-entendi. — respondeu, sem coragem de encarar aqueles olhos azuis intensos.

Briana sorriu de canto, satisfeita.

A partir daquele instante, Molly não era apenas uma estagiária. Era algo mais. Algo que Briana protegeria com unhas e dentes. Algo que já começava a se tornar uma obsessão.

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Comments

Natália 🤍🤞🏻

Natália 🤍🤞🏻

Começando a ler...❤️
estou gostando 🤭

2025-10-18

0

Erca Tovela

Erca Tovela

interessante
estou amando

2025-10-14

0

Isabel De Fátima Jesus

Isabel De Fátima Jesus

Estou gostando

2025-08-19

1

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