CAPÍTULO 4

Capítulo 4 – O Casamento

O grande salão estava imerso em uma atmosfera quase irreal. Lustres de cristal pendiam do teto alto, refletindo a luz suave das velas dispostas em candelabros negros e dourados. Cada detalhe da decoração havia sido pensado para impressionar, intimidar e, ao mesmo tempo, revelar a sofisticação do poder da família Volkov. Rosas negras do Saara se erguiam em arranjos majestosos, entrelaçadas com delicados elementos brancos, criando um contraste hipnotizante que lembrava aos convidados que beleza e crueldade muitas vezes caminhavam juntas.

Os soldados russos, uniformizados e em posição, observavam cada canto do salão com olhos atentos, garantindo que nada fugisse ao controle absoluto de Nikolai. Ele permanecia próximo à entrada principal, vestido com seu terno preto sob medida, a gravata perfeitamente alinhada, os olhos negros e frios percorrendo cada detalhe do espaço. Ao seu lado, Ivan Volkov e Eleonora Petrovna permaneciam silenciosos, cientes da tensão que pairava no ar e da importância daquele momento para o futuro da família.

O silêncio era absoluto. Apenas o som distante do vento batendo nas cortinas e o suave tilintar de cristais quebrava a monotonia. Nikolai respirou fundo, sentindo cada músculo do corpo tenso, pronto para o que estava prestes a acontecer. Ele sabia que, quando Helena entrasse, tudo mudaria. A boneca prometida chegaria ao centro da realidade que ele representava — poder, controle e intensidade.

E então, ela apareceu.

Helena caminhou pelo corredor que levava ao salão, cada passo medido, firme, mas carregado de uma leveza quase etérea. Vestia um vestido de seda branca com toques delicados de marfim, colado ao corpo sem jamais ser vulgar, destacando suas curvas naturais e sua postura elegante. O decote discreto e a cauda longa do vestido conferiam-lhe uma aura angelical, mas havia uma determinação silenciosa em seus olhos que fazia qualquer um hesitar antes de julgá-la apenas pela beleza.

O perfume das rosas negras misturava-se ao aroma suave da seda e da própria pele de Helena. Cada convidado presente sentiu uma súbita tensão ao vê-la, mas nenhum ousou se aproximar além do necessário. Ela não era apenas a noiva; ela era o símbolo de um acordo antigo, a promessa cumprida e, ao mesmo tempo, a incógnita que todos esperavam ver desvelada.

Quando Helena entrou no salão, Nikolai a observou de cima a baixo sem desviar o olhar. Cada detalhe de sua aparência, cada movimento, cada expressão capturava sua atenção de forma que nenhuma mulher antes havia conseguido. Ele já tinha visto mulheres belas, mulheres que dominavam palácios e festas, mulheres que se entregavam sem resistência em seus braços, mas Helena era diferente. Havia nela uma pureza quase inacessível, uma beleza angelical que contrastava com o ambiente carregado de luxo sombrio e crueldade.

Por um instante, Nikolai permitiu-se imaginar a boneca que fora prometida — de quatro, amarrada sobre ligas de couro, vulnerável e entregue apenas a ele. Mas imediatamente reprimiu o pensamento. Ela era pura demais para isso, e ele sabia que não suportaria nem vinte minutos transformando aquele anjo em objeto de prazer. Ela não seria tocada, pelo menos não ainda. A boneca prometida seria apenas isso: a decoração viva do poder que ele representava.

Helena, por sua vez, sentiu seu corpo reagir. Cada passo que dava parecia despertar um arrepio intenso ao perceber o olhar de Nikolai sobre ela. Não era apenas atração; era uma tensão carregada de perigo, respeito e medo. Ela sabia, intuitivamente, que ele não se entregaria facilmente a sentimentos, nem a qualquer gesto de afeto, e ainda assim, algo dentro dela se mexia com a presença daquele homem.

Os convidados começaram a se alinhar discretamente, respeitando o espaço reservado para a entrada da noiva e mantendo distância suficiente para que apenas o poder e a imponência do momento dominassem a cena. Entre eles, russos influentes, aliados da família e poucos italianos de confiança. Todos sabiam que não era apenas uma união formal — era a consolidação de poder, a demonstração de que alianças antigas eram mantidas e que a força dos Volkov não podia ser questionada.

O som de passos suaves ecoou pelo salão, e Helena avançou lentamente pelo corredor central. Cada passo era observado com atenção cirúrgica por Nikolai, que mantinha o olhar fixo, a respiração controlada e o corpo tenso. A boneca prometida estava ali, frente a frente com o homem que a analisava há meses, e cada gesto dela parecia ser interpretado como uma jogada estratégica, ainda que fosse apenas naturalidade.

Ivan sussurrou algo para Eleonora, mas Nikolai não desviou o olhar. Ele observava cada nuance do corpo de Helena, cada expressão no rosto dela, cada gesto que ela fazia inconscientemente. Era um teste silencioso de caráter, força e presença. Ele não precisava falar; o silêncio já transmitia a mensagem de que ele estava no controle absoluto.

A boneca prometida finalmente chegou ao centro do salão. Nikolai respirou fundo, sentindo a tensão aumentar. Cada flor negra parecia mais intensa, cada reflexo de cristal mais brilhante. O ambiente estava carregado, quase sufocante, mas ao mesmo tempo irresistível. Helena ergueu o queixo levemente, mantendo a postura elegante, consciente de que estava sendo analisada pelo homem mais poderoso que jamais encontrara.

O juiz de paz entrou, um homem discreto e neutro, ciente da importância do evento, mas consciente de que qualquer deslize poderia ter consequências indesejadas. Ele começou a cerimônia com formalidade, mas a atenção de todos estava direcionada à noiva e ao noivo. Nikolai permaneceu impassível, observando Helena com olhos frios, mas atentos. Cada palavra dita pelo juiz, cada gesto feito por Helena, cada movimento do ambiente era absorvido pelo homem que entendia de poder, manipulação e estratégia como ninguém.

Helena sentiu o peso do olhar dele, mas manteve a postura, consciente de que não poderia demonstrar vulnerabilidade. Ela havia aprendido, desde criança, que a força não estava apenas no corpo, mas na presença, na maneira de se portar diante daqueles que detêm o poder.

A cerimônia seguiu seu curso. Palavras formais, assinaturas e promessas eram feitas, mas havia algo mais profundo acontecendo no silêncio entre Nikolai e Helena. A tensão, a atração, o medo e o respeito se misturavam, criando uma atmosfera elétrica que nenhum convidado ousava quebrar.

Quando o juiz pediu para que Nikolai colocasse a aliança no dedo de Helena, ele estendeu a mão de forma precisa, calculada. Helena sentiu um arrepio ao tocar a mão dele, mas manteve os olhos firmes. O toque foi breve, quase clínico, mas carregado de significado: o poder, a união e a promessa estavam selados ali, sem necessidade de palavras doces ou gestos afetivos.

A aliança de ouro com aparador de diamantes brilhou sob a luz dos lustres, refletindo a opulência e a intensidade do momento. Helena sentiu o peso da joia no dedo, mas também a responsabilidade que agora carregava: a de ser a boneca prometida, a mulher ao lado de Nikolai, e a peça de um jogo muito maior do que ela poderia imaginar.

Ivan e Eleonora observaram em silêncio, compreendendo que aquele momento era mais do que uma união; era a demonstração de poder, a consolidação de alianças e a confirmação de que cada detalhe havia sido cuidadosamente planejado.

Quando a cerimônia terminou, Nikolai não sorriu, não se aproximou, não disse uma palavra. Ele apenas manteve o olhar fixo, avaliando Helena com intensidade. Ela respondeu com a mesma firmeza, consciente de que aquele homem não seria conquistado por gestos comuns, mas apenas pelo entendimento silencioso do que significava estar ao lado dele.

O silêncio foi quebrado apenas pelos soldados, que começaram a organizar a saída dos convidados e a preparar o salão para a celebração subsequente — uma recepção restrita, luxuosa e carregada de poder, apenas para os mais próximos da família e aliados de confiança.

Helena respirou fundo, sentindo a tensão diminuir ligeiramente, mas consciente de que aquele era apenas o início de um novo capítulo. Ela havia cumprido seu papel formal: agora era a esposa de Nikolai Volkov. Mas o jogo de poder, controle e desejo que se desenharia dali em diante estava apenas começando.

Cada passo dado naquele salão refletia o equilíbrio delicado entre beleza, poder e perigo. Cada flor negra, cada detalhe branco, cada reflexo nos cristais contava uma história de luxo, sofisticação e crueldade. Helena havia entrado no mundo de Nikolai, e ali, entre sombra e luz, entre tensão e respeito, ambos começavam a escrever uma história que nenhum dos dois esqueceria.

O casamento estava selado. Mas a verdadeira prova, aquela que mostraria se Helena sobreviveria e se adaptaria ao homem que a observava com olhos de predador, ainda estava por vir.

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Comments

💕Iris Braga💕

💕Iris Braga💕

espero que ele quebre a cara
ele se acha demais
e que ela mostre para ele que ela não é uma boneca e sim uma mulher para se apaixonar 💕❤️❣️

2025-08-16

5

MEDUSA

MEDUSA

tá porra a seu desgraçado tu vai vira cachorro ainda viu

2025-08-20

0

Mavia Dantas

Mavia Dantas

Don

2025-08-16

1

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