Capítulo 1 – O Primeiro Olhar**
O salão estava imerso em uma penumbra elegante, luzes baixas refletindo nos lustres de cristal e sombras dançando pelas paredes de mármore. O cheiro de perfumes caros misturava-se à fumaça discreta dos charutos, criando uma atmosfera carregada de poder e ameaça. Helena Moretti entrou, os passos suaves ecoando pelo corredor até que seus saltos alcançaram o piso de madeira polida do salão principal. Cada movimento seu parecia medido, quase teatral, mas havia algo nele que escapava do controle: a força de uma presença que não precisava gritar para ser notada.
Ela vestia um longo creme colado ao corpo, o tecido destacando suas curvas de forma natural, sem exagero. O cabelo castanho escuro caía em ondas leves sobre os ombros, e seus olhos — escuros, atentos, implacáveis — varriam a sala com a precisão de quem aprendeu a observar e a medir cada detalhe da própria sobrevivência. Aos dezoito anos, Helena não era apenas bonita; era perigosa por sua percepção e pela forma como conseguia manipular olhares e atitudes sem jamais parecer agressiva. A beleza angelical de sua face contrastava com a força silenciosa que carregava no corpo e nos gestos.
Ele estava lá. Nikolai Volkov. Não precisou ser apresentado para que Helena sentisse o peso do nome que carregava. O homem que se aproximava de sua visão era conhecido por poucos e temido por todos. Alto, ombros largos, postura de alguém que dominava cada espaço que ocupava, Nikolai tinha um rosto que parecia esculpido para intimidação: maxilar forte, nariz reto, lábios carnudos desenhados com precisão quase cruel, olhos negros e sem vida aparente. Cada passo seu exalava perigo, poder e uma frieza que congelava qualquer coragem ao redor. Mas, para Helena, a primeira sensação não foi medo. Foi fascínio, confusão, e, por um instante breve, admiração silenciosa.
Ele já havia visto todas as mulheres que o mundo podia oferecer. Todas. O luxo, a juventude, a sedução, a fragilidade. Tudo. E mesmo assim, naquele momento, Nikolai percebeu que nunca tinha visto alguém como ela. A perfeição dela não era vulgar, não era exagerada. Não era feita para ser desejada de forma crua. Era uma beleza leve, divina, quase intocável. Seu corpo curvilíneo era harmonioso, cada proporção natural e equilibrada. Para um homem acostumado com o poder, para quem tudo podia ser comprado ou manipulado, ela era uma exceção — um desafio silencioso.
Por um instante, o pensamento que ele tentava manter trancado na mente escapou. Imaginou-a de quatro, imobilizada, vulnerável, totalmente entregue. A imagem o fez recuar mentalmente. Ela era perfeita demais para isso, demasiado angelical. Ele sabia que não suportaria vinte minutos com ela na cama. Ela não fora moldada para servir seus desejos; fora moldada para ser uma boneca, uma peça de decoração, um símbolo de poder familiar. Nikolai decidiu então, naquele instante, que não a tocaria. A boneca que fora criada para agradar ninguém seria apenas isso: uma peça silenciosa em sua casa. Nada mais.
Enquanto ele a observava de uma distância calculada, Helena sentiu um calor percorrer-lhe o corpo. Ele não falou com ela, não se aproximou, mas o modo como analisava cada gesto, cada curva, cada expressão, era descarado e intenso. Ela percebeu o olhar dele como se estivesse sob um microscópio, cada detalhe registrado e pesado em sua mente. A sensação era desconcertante, mas, paradoxalmente, agradava-a. Ela gostou da maneira como ele a olhou — com interesse, mas sem complacência, sem subestimar a sua presença.
Quando Nikolai desviou o olhar para conversar com seu pai, Helena sentiu um vazio imediato. Não compreendeu de imediato, mas percebeu que havia se acostumado à intensidade do contato visual, à avaliação silenciosa que carregava mais significado que palavras. Talvez ele não tivesse gostado dela, ou talvez tivesse percebido a diferença entre todas as mulheres que já conhecera e aquela que estava à sua frente. Helena sabia que era diferente. Sabia que carregava algo que não podia ser comprado, ensinado ou moldado — algo que nascia com ela e que a fazia sobreviver nesse mundo cruel e sem compaixão.
Ela se lembrou, de repente, das advertências de Alice, sua irmã mais velha, que não perdia uma oportunidade de humilhá-la sobre seu corpo curvilíneo. “Cuidado, querida irmã, seu marido vai pular a cerca desse jeito. Faça uma cirurgia, cuide-se, não coma nada, engordar é pecado.” Helena riu silenciosamente de tudo isso. Durante anos, aprendera a ignorar tais palavras, a rir delas por dentro, a responder com sarcasmo quando podia. Mas, agora, diante de Nikolai, sentiu que nenhuma crítica externa importava. Ele não se preocupava com o que sua irmã pensava ou com os padrões da sociedade italiana. Ele a observava com os próprios olhos — e isso era mais poderoso que qualquer crítica ou elogio.
O ambiente ao redor continuava vibrante. Homens conversavam em grupos fechados, mulheres murmuravam sobre vestidos e alianças, a música baixa de jazz atravessava o salão. Mas para Helena e Nikolai, o mundo parecia ter se reduzido à distância que os separava, aos segundos em que se cruzavam em silêncio, às intenções não ditas que cada um podia perceber no outro.
Helena percebeu, enquanto o observava, que havia uma simetria na escuridão dele e na luz dela. Onde ela carregava angelicalidade e pureza, ele carregava perigo e frieza. Mas não havia hostilidade em seus olhos, apenas interesse e curiosidade. E essa curiosidade a desafiava, despertando uma sensação que ela ainda não sabia nomear: algo entre fascínio e temor, uma atração silenciosa que não pedia permissão.
Nikolai, por sua vez, mantinha-se atento a cada gesto. Observava como ela se movimentava, como segurava a taça de cristal, como respirava levemente enquanto desviava olhares de outros homens. Cada detalhe reforçava a impressão de que ela não era como todas as mulheres que já havia visto, todas aquelas que se tornavam peças de decoração em sua cama. Helena era real, e isso o confundia, o provocava, mas também o mantinha em alerta. Ele ainda não sabia se a curiosidade se transformaria em interesse ou desprezo, mas algo dentro dele o impedia de se aproximar.
Ela caminhou lentamente pelo salão, os olhos ainda fixos em Nikolai por breves instantes antes de desviar o olhar para outras figuras presentes. Ele percebeu, mas não se moveu. A tensão silenciosa se prolongou, carregada de expectativas e possibilidades. Ambos sabiam, sem dizer uma palavra, que aquele momento era apenas o início de algo que nenhum deles poderia prever.
Helena pensou novamente nos avisos de Alice, no contrato antigo, na promessa feita pelo pai de vendê-la para aquele homem. Mas, paradoxalmente, ao vê-lo, não sentiu raiva nem medo imediato. Sentiu algo mais profundo: reconhecimento. Talvez fosse a curiosidade, talvez fosse a atração que não precisava de consentimento, talvez fosse apenas a percepção de que aquele homem representava algo maior do que ela poderia compreender.
Nikolai voltou seu olhar para o pai de Helena, falando em russo baixo, mas cada gesto seu era observado de perto. Helena percebeu que ele não era apenas frio; era calculista, perigoso, e consciente do impacto de sua presença. Mas, ao mesmo tempo, ela sentiu que não precisava temê-lo ainda. Ele a avaliava, ponderava, mas não a atacava. Não ainda.
E foi nesse instante que Helena compreendeu uma verdade fundamental: ela não seria a boneca que seu pai planejou para ele. Ela poderia ser controlada, treinada, moldada, mas seu espírito permanecia livre. E, talvez sem perceber, Nikolai também começava a entender que aquela boneca prometida não era como todas as outras.
O salão continuava seu ritmo, as conversas e risos ao redor pareciam distantes, irreais. Apenas eles existiam, entre olhares longos, pensamentos proibidos e intenções não declaradas. O primeiro encontro não trouxe palavras, não trouxe toques, não trouxe promessas. Trouxe apenas o reconhecimento de uma conexão silenciosa, carregada de tensão, poder e perigo.
E enquanto Nikolai se afastava, caminhando para se aproximar do pai de Helena, a jovem sentiu um vazio inesperado, como se algo tivesse sido tirado dela sem que soubesse. Ela se lembrou, novamente, de todas as advertências, das críticas, dos padrões impostos, e percebeu que nenhuma regra externa poderia definir o que aquele homem representava para ela — ou o que ela representava para ele.
O primeiro encontro terminou sem diálogo direto, sem aproximação física, mas com a certeza de que ambos haviam se visto de uma forma que nenhum outro poderia entender. Helena sabia que aquele homem seria um desafio, um enigma a ser decifrado. Nikolai sabia que aquela mulher era diferente de tudo que ele já tivera diante dos olhos. E, no silêncio daquele salão luxuoso e sombrio, algo começou a se formar — algo que nem a luz, nem o poder, nem a promessa poderiam apagar.
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O encontro deles, termina com eles se distanciando fisicamente, mas mantendo o **peso do primeiro olhar**, deixando a tensão e a expectativa para os próximos encontros.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Mavia Dantas
o furacão e a tempestade junto no mesmo lugar
2025-08-16
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Mavia Dantas
só em pensamento está desse jeito imagina toca/Angry//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/
2025-08-16
1
AUTORA💕_💕ATENA
🤣🤣🤣🤣🤣 vdd tomara que eu consiga fazer um hot decente agora kkkkk porque sou péssima em hot kkkkk
2025-08-16
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