Matheo Delgado.

Tenho trinta e dois anos e gosto de tudo o que posso controlar: bons vinhos, negócios bem-feitos, projetos que desafiam meus limites e a sensação de vencer sem precisar sujar as mãos, claro que tínhamos gente para quando isso fosse necessário.

Com o Gael Salvatore, construí um império do zero. Arquitetura e construção de luxo, obras que mudaram horizontes e nos colocaram no topo da Espanha e de parte da Europa. Foi trabalho duro, visão e, principalmente, o entendimento de que certas portas nunca devem ser fechadas.

Gael sempre contou histórias, sobre seu ódio deles, da família que matou seu pai, histórias sobre a vida que teve antes, sobre sangue, vingança e lealdades quebradas. Hoje, ele está redimido, casado com a filha do homem que um dia jurou matar. A ironia disso nunca me passou despercebida.

Agora que tudo estava resolvido, ele fixou nossa empresa aqui, eu vim somente conhecer o lugar, não pretendia firmar moradia, não até conhecer a gêmea da esposa dele, aquela mulher com rosto de menina, cara de anjo e corpo de pecado, aquele sorriso de quem é superior, mas aquela boca que certamente ficaria perfeita envolta ao meu pau.

Eu estava na mansão que ele comprou na Itália, um lugar com vista para as colinas, feito para ser mais do que uma casa: era um símbolo de paz. Gael abriu um vinho e se recostou no sofá, relaxado.

— Quero que você fique com ela, Matheo. — disse ele, olhando em volta, como se estivesse oferecendo um presente.

Ri baixo, balançando a cabeça.

— Ficar com ela? Gael, você sabe que eu nunca paro em lugar nenhum, já fomos para Grécia, França, Brasil.

— Sabe que desta vez é diferente. — ele insistiu. — Agora que a vingança acabou, com a família Rossi, quero você ao meu lado, com a nossa segurança, aqui existe algo que poucos têm: proteção. Eles são os mais poderosos da Itália. E, mais importante, são minha família agora.

Olhei para ele, entendendo o peso daquelas palavras.

— E você está feliz. — afirmei.

Um sorriso verdadeiro iluminou seu rosto.

— Mais do que imaginei ser possível. Martina está feliz, e agora, você sabe né… gêmeos.

Assenti, sincero.

— Então você conseguiu. Paz, família… até dois de uma vez.

Gael deu de ombros, mas seus olhos brilhavam.

— Eu mereci, depois de tudo, e eles me perdoaram, fui um monstro que recebeu redenção, agora quero viver isso.

Foi aí que deixei escapar a pergunta que estava na ponta da língua desde que pisei na Itália.

— E Helena?

Ele ergueu a sobrancelha, um meio sorriso surgindo.

— A irmã gêmea da Martina? A outra filha superprotegida de Giovanni Rossi?

— Linda. — admiti sem hesitar. — Linda e… perigosa, sim, a filha protegida, mas isso é só um detalhe, sabe que criamos filhos para viver, e ele sabe a joia que tem em casa.

— Ela é como o vento. — respondeu Gael. — E o vento, Matheo, ninguém controla, ela é oposto da irmã, Helena é fogo.

— Talvez eu não queira controlar. — disse, mais para mim mesmo do que para ele. — Talvez eu só queira sentir, aquele rosto e corpo perfeito, aquele espirito livre.

— Sabe que ela é igual minha esposa né, fico desconfortável te ouvindo falar assim. — respondeu ele.

— Você podia facilitar minha vida, Gael. — falei, girando a taça de vinho na mão. — Marca um jantar, amanhã, ou outro dia… não importa. Só me garante que Helena vai estar lá.

Ele riu, aquele riso que mistura ironia e incredulidade.

— Você acabou de chegar e já quer mexer com fogo, os Rossi são possessivos e ciumentos, mas farei por você, talvez ver Giovanni te socando como fez comigo alegre meus dias ainda mais.

— Não quero mexer com ninguém, quero conhecer a princesa. — corrigi, apoiando o cotovelo no braço do sofá. — Se ela aceitar, eu já tenho um ótimo motivo para ficar na Itália.

— Você não precisa de motivos. — disse ele, ainda em tom desconfiado. — Mas a Helena… é diferente. E não estou falando de beleza, Matheo.

— Eu também não estou falando só de beleza. — respondi, sério. — Mas não vou negar que ela é linda demais para ficar só no primeiro contato.

Gael ficou em silêncio por alguns segundos, estudando meu rosto como se tentasse prever minhas intenções. Depois suspirou e pegou o celular.

— Vou ligar para a Martina. — disse, já discando.

Eu ouvi a voz suave dela do outro lado, e Gael foi direto:

— Amore, vamos fazer um jantar amanhã? Chama a Helena também, Matheo vai estar junto.

Pude ouvir a risada leve da Martina antes dela responder:

— Quer convidar a Helena? Ah Matheo vai estar, ok.

Gael olhou para mim e sorriu, como se tivesse acabado de me entregar uma chave.

— Está feito.

Inclinei a taça em sua direção, brindando.

— À Itália, Gael… e ao motivo certo para ficar.

Naquela noite, decidi sair. A cidade tinha um ritmo diferente quando o sol se escondia, menos formal, mais cru, mais real. Escolhi uma boate conhecida, não pela música, mas pelas conexões que se formavam ali.

A boate estava no auge quando me juntei à mesa deles. Heitor, Leonardo e os outros solteiros da família Rossi riam alto, brindando com copos de uísque e cerveja importada. O clima era descontraído, mas eu sabia que com os Rossi, até diversão era uma espécie de negócio.

— Então, Matheo… — Heitor começou, ajeitando a gola da camisa. — Aqui a gente gosta de festas, dança e boa música. Mantém a mente afiada e o corpo ativo.

— Sem contar as companhias — completei dando um gole na bebida. — É incrível como os solteiros Rossi atraem olhares.

Ele sorri, observando o movimento ao redor. Era verdade. O magnetismo deles não estava só no nome da família, mas na maneira como ocupavam o espaço.

— E você, Matheo? — Leonardo perguntou, com um sorriso curioso. — Solteiro ou comprometido?

— Solteiro. — respondi, sem rodeios. Mas não deixei a frase no ar por muito tempo. — Meus olhos, no entanto, estão fixos em uma certa ruiva deste país.

Houve um breve silêncio. Eles se entreolharam, tinha ficado claro meu interesse, já não era um menino.

— Ruivas, hein? — Heitor sorriu, mas havia um peso ali. — Respeito e segurança são duas coisas que a gente leva a sério, seu amigo fez merda, não repita.

Eu mantive minha postura, firme, sem desviar o olhar.

— O destino sempre traz surpresas, meus amigos, o que me move é além de qualquer vingança.

Leonardo, o futuro líder não tirou os olhos de mim. Avaliava cada palavra, cada gesto, como se estivesse medindo a minha alma.

— Se quiser algo… — disse ele, num tom calmo, quase frio. — Nós devemos saber, não haja pelas costas.

Segurei o sorriso.

— Justo, não esperava menos.

Eles voltaram a rir, o clima voltou a se soltar, mas eu sabia que aquele olhar do Leonardo não tinha sido à toa.

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Comments

Sandra Nobre

Sandra Nobre

já tem a história do Leonardo ???

2025-08-10

1

Ivanilda Santos

Ivanilda Santos

Matheo já foi sondar o terreno kkkk

2025-08-10

1

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

CARAMBA É A IRMÃ DELE ELE S LIGOU LOGO

2025-08-22

0

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