Rogério a conduziu até a mesa reservada no fundo da boate.
A cada passo, Isabela sentia como se estivesse entrando numa armadilha invisível.
O homem não se levantou quando ela parou diante dele. Apenas levantou o olhar, e foi como se o ar ao redor perdesse a temperatura.
— Sente-se, Isabela — disse ele, como quem não faz um pedido, mas dá uma ordem.
Ela ficou parada.
— Como sabe meu nome? —
Um canto da boca dele se ergueu, mas não era bem um sorriso.
— Sei muito mais do que isso.
O tom era calmo, porém carregado de uma certeza que fez seu estômago revirar.
Ela puxou a cadeira, mais para mostrar que não tinha medo do que por vontade de obedecer.
— Então vai me dizer quem é? Ou prefere continuar com esse teatrinho?
Ele inclinou-se para frente, os olhos fixos nela.
— Sete anos, Isabela. Sete anos… e você ainda franze a testa do mesmo jeito quando está tentando entender alguma coisa.
Um arrepio percorreu sua nuca.
Ela não se lembrava daquele rosto, mas a frase mexeu com um lugar na memória que preferia manter trancado.
— Acho que está me confundindo com outra pessoa.
Ele se recostou, tranquilo.
— Não, não estou. — Pausou, e então acrescentou com frieza calculada: — E eu vim para cobrar algo que me pertence.
Isabela soltou uma risada incrédula.
— Me pertence? Eu não pertenço a ninguém.
Ele apenas a observou, como se tivesse todo o tempo do mundo para desmontar suas defesas.
— Você vai mudar de ideia. Principalmente… quando perceber que posso dar a Sofia tudo o que você não consegue.
O nome da irmã nos lábios dele foi como um soco no peito.
Isabela recuou, encarando-o com desconfiança e raiva.
— Como sabe da minha irmã?
O olhar dele não vacilou.
— Eu sempre soube de vocês, Isabela. Sempre.
.....
O som abafado da música não escondia o peso do silêncio entre eles.
Isabela apertou as mãos no colo, forçando-se a manter a voz firme.
— Então, o que quer de mim? Se veio aqui para me assustar, parabéns, está conseguindo.
Lorenzo girou devagar o copo à frente, sem beber um gole.
— Quero algo simples. Você.
Ela piscou, surpresa pela franqueza.
— Vai ter que ser mais específico, porque não estou à venda.
Ele se inclinou novamente, aproximando o rosto ao ponto de ela sentir o leve aroma amadeirado do perfume dele.
— Não estou falando de uma noite, Isabela. Estou falando de… um acordo.
— Acordo? —
— Casamento. — Ele disse como se fosse a palavra mais banal do mundo. — Você vai ser minha esposa.
Ela riu, mas sem humor.
— Você é louco.
Lorenzo não reagiu.
— Eu não ofereço promessas vazias. Sofia teria as melhores escolas, roupas, médicos… e você nunca mais precisaria trabalhar aqui.
O nome da irmã na boca dele, outra vez, a fez sentir um nó no estômago.
— Você não tem o direito de falar dela.
— Tenho, sim. — A voz dele baixou, quase um sussurro. — Porque sei de cada noite que você chorou achando que ela não perceberia. Sei quando a conta de luz atrasou. Sei quando você deixou de comer para que ela tivesse mais no prato.
Isabela sentiu o sangue sumir do rosto.
— Você me espionou?
— Eu… cuidei. — Ele corrigiu, sem remorso. — Mas agora quero algo em troca.
Ela se levantou, as mãos trêmulas, mas o olhar firme.
— Eu não sou uma dívida que você pode cobrar.
Lorenzo ergueu o olhar, frio.
— Não. Mas é uma escolha que você vai fazer. E quando olhar para a sua irmã, vai entender que eu sou a única opção que lhe resta.
Isabela virou-se para ir embora, mas sentiu o peso do olhar dele a seguir até desaparecer no corredor.
E, estranhamente, teve a certeza de que aquela não seria a última vez que ouviria a palavra “acordo” sair dos lábios dele.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Fatima Gonçalves
QUEM DEVE É ELE A VIDA DOS PAIS DELA A FAMÍLIA COMPLETA DELA
2025-08-14
0
Salete Michels de Gracia
Ué o que ela deve pra ele? não seria o contrário?
2025-08-13
0