Capítulo 5

...⚜️ SOB A LUZ DA LUA...

^^^R O C C O ✧ V I T A L E^^^

A noite estava morna, o tipo de brisa que acaricia a pele sem pressa. O som do mar quebrava em ondas suaves. Caminhávamos lado a lado pela areia escura da Praia, e embora houvesse silêncio entre nós, não era desconfortável. Era necessário.

Lanna tinha aceitado meu convite com aquele olhar perdido. Não parecia saber ao certo o que fazia ali, tampouco se devia confiar em mim. Mas confiou. O tipo de confiança que não vem da razão, mas da exaustão. Quando a dor te suga tanto que o medo parece pequeno.

Ela usava um vestido leve, que balançava com o vento. Os pés descalços afundavam na areia fina, e o cabelo preso num coque bagunçado deixava à mostra a linha do pescoço. Ela ainda carregava o gosto amargo do que tinha visto horas atrás. Eu sentia isso. Estava no jeito que respirava, no modo como andava com o corpo meio encolhido, como se quisesse sumir.

Eu a observei de soslaio. Bonita. Forte, embora quebrada. E havia algo nela que me puxava. Não era desejo apenas. Era uma espécie de pegá-la em meus braços com urgência. Como se ela tivesse algo que eu perdi e nem sabia.

— Você está melhor? — perguntei, mantendo a voz baixa, para não romper o clima da praia.

Ela suspirou.

— Estou menos pior.

Assenti. Caminhamos mais alguns metros antes que ela falasse de novo.

— Desculpa por hoje. Por me meter no seu caminho, fazer você trazer nós duas pra casa como se fossemos duas desequilibradas.

— Não tem nada para se desculpar. Você precisava de ar. E eu também. Então, de certa forma, estamos nos ajudando. E fui eu quem se ofereceu para traze-las em segurança.

Ela me olhou com um meio sorriso, sem força.

— Você sempre fala assim? Como se estivesse sempre no controle?

Dei um riso curto.

— Não é controle. É costume. Cresci cercado de gente que não sabia controlar nem a própria boca, muito menos o destino. Aprendi a falar pouco e agir certo. Quando faço algo, é porque já pensei nas consequências.

Ela franziu o cenho.

— E o que você acha que vai acontecer por ter me trazido pra essa caminhada?

— Não sei. Mas acho que, pelo menos, você vai dormir melhor.

Ela olhou para o céu, onde a lua estava cheia e iluminava o mar. Por alguns segundos, ficou apenas respirando.

— A última vez que caminhei numa praia foi com meu filho, ele tinha uns nove anos. Era uma viagem simples, nada demais. Mas eu lembro que ele pegou um caranguejo e me fez prometer que não deixaria o bicho morrer de fome. Passamos dias alimentando aquilo com pedaços de banana.

Sorri.

— E ele ainda lembra disso?

— Ele é casado agora. Mora longe. A vida engole a gente sem pedir permissão.

Ela parou de andar. Olhou para o mar.

— Eu me tornei uma mulher que eu nunca planejei ser. Não tem nada de romântico em abrir mão de tudo por um homem. Eu fiz isso por medo. Medo de ficar sozinha. Medo de falhar. Medo de não ser amada. Abri mão de tudo por ele.

Dei dois passos à frente e fiquei diante dela. Não a toquei. Apenas olhei.

— Não é covardia sentir medo. Mas deixar que ele mande na sua vida, isso é outra coisa.

Ela me olhou como se eu tivesse aberto uma ferida escondida.

— Por que você está sendo gentil comigo? — perguntou.

— Porque você merece. Mesmo que ainda não veja isso.

Por um instante, o silêncio se alongou. E eu vi os olhos dela se encherem. Não era choro de histérica. Era o choro da alma. Mas ela segurou. Como quem já teve que segurar tantas vezes que esqueceu como é deixar cair.

— Posso te contar um segredo? — ela disse.

Assenti.

— Eu sonhava em abrir uma cafeteria. Nada grande. Um lugar com aroma de pão quente, bolos feitos na hora, jazz tocando baixo. Um cantinho só meu.

— E por que não abriu?

— Porque ele disse que era bobagem. Que mulher dele não trabalha.

Bufei.

— Então você estava casada com um covarde. Porque homem de verdade incentiva o brilho da mulher. Não apaga.

Ela riu. Um riso breve, mas verdadeiro. Me olhou com mais curiosidade dessa vez.

— E você, Rocco? O que faz da vida? Além de salvar mulheres caídas na noite e andar com uma Ferrari?

Inclinei o rosto.

— Digamos que eu administro negociações importantes.

— Isso soa suspeito.

— Sou um CEO importante.

Ela sorriu de novo.

— Você é cheio de mistérios.

Ela olhou para o mar. Ficamos mais um tempo ali, parados, ouvindo as ondas.

— Obrigada por hoje — ela disse.

— Por?

— Por ter aparecido na hora certa. Por ter me ouvido sem julgamento. E por ter me lembrado que ainda existe beleza nas pequenas coisas.

Assenti, discreto.

Ela voltou a caminhar, e eu a acompanhei, observando cada pequeno gesto dela. O modo como cruzava os braços quando o vento soprava mais forte, como parava por alguns segundos pra olhar as ondas.

— Posso te perguntar uma coisa? — ela disse de repente, virando um pouco o rosto.

— Claro.

— Quantos anos você tem?

Sorri de leve. Eu sabia que em algum momento isso viria.

— Vinte e cinco — respondi.

Ela parou por um segundo. Depois, soltou uma risadinha abafada.

— Não parece.

— Porquê?

— Sua mente, seu jeito de falar, de se portar, parece de alguém com pelo menos uns trinta e cinco. Ou mais.

— Isso é um elogio?

— É um espanto. Mas sim, um elogio também.

— Crescer com responsabilidades demais, faz a gente amadurecer antes da hora. — afirmei.

— Você perdeu a infância?

— Perdi a inocência muito cedo. Mas não me arrependo. Hoje, tenho controle sobre quem sou e onde quero estar. E isso é raro nos dias de hoje.

Ela assentiu, pensativa.

— Quando eu tinha sua idade... — ela começou, e depois parou. — Eu tava grávida. Desistindo da minha carreira. Assinando papéis de casamento. E achando que amor era sinônimo de sacrifício.

— Não é — respondi firme.

Ela respirou fundo.

— Você fala com tanta certeza.

— Porque eu já vi o que o amor de mentira faz com as pessoas. E o que o amor de verdade é capaz de curar.

Ela me olhou de novo. Dessa vez, com mais calma, como se estivesse vendo algo além do óbvio.

— Vamos voltar? — perguntei.

Ela olhou para o caminho de volta, depois pra mim.

— Vamos. Mas com calma. Ainda quero sentir a areia nos pés mais um pouco.

Andamos devagar até chegar próximo ao meu carro. A praia ficou para trás. Lanna andava ao meu lado, mais leve do que quando a tirei do seu quarto.

Ela me olhou.

— Boa noite, Rocco.

Sorri de leve.

— Boa noite. Pode me dar um beijo de boa noite? Sou acostumado com isso.

Ela riu.

— Você é muito direto.

— Sou sincero — falei com um leve levantar de sobrancelha, só pra provocá-la.

Ela deu um passo mais perto. Colocou as duas mão no meu peito, subiu na pontinha dos pés e se esticou pra me dar um beijo no rosto. Mas eu virei o rosto no último segundo.

Nossos lábios se tocaram. Primeiro num choque sutil. Depois num encaixe inesperado. A respiração dela prendeu por um segundo.

Ela afastou o rosto com um sorriso envergonhado.

— Você fez de propósito...

— Não sei do que está falando — disse, fingindo inocência, mas me aproximando mais.

Nossos corpos estavam tão perto que eu sentia o calor dela. Uma brisa mais forte passou, levantando os cabelos dela, e eu tive vontade de segurar cada fio entre os dedos.

Ela não recuou. Nem avançou.

— Rocco...

A forma como meu nome saía da boca dela era quase um convite. Um veneno. Um feitiço.

Segurei o rosto dela entre minhas mãos. Ela fechou os olhos antes mesmo de eu tocá-la. Nossos lábios se encontraram de novo — agora com intenção. Com desejo, com a força de quem precisava provar que ainda podia sentir prazer.

Beijei com urgência, sentindo cada parte. Depois ela puxou mas para perto, e tudo mudou. Ficou quente. Intenso. As mãos dela em meu peito, depois nos meus ombros. As minhas escorregando pela cintura dela até encontrar as curvas que o vestido leve deixava adivinhar.

— Você é perigoso — ela murmurou entre um beijo e outro, ofegante.

— Se perca nesse perigo — respondi.

Ela riu contra a minha boca. Eu a beijei de novo.

Encostei suas costas na lateral da Ferrari. Minhas mãos seguraram suas coxas, e ela me deixou encaixar entre elas sem resistência. A respiração estava pesada. A boca vermelha e inchada.

Minha boca encontrou a pele fina do seu pescoço, beijando ali, sentindo o cheiro do seu perfume.

— Isso não vai se repetir, não pode se repetir — murmurou ofegante.

— Não vai — menti.

Voltei a beijá-la, como se aquela fosse a última chance que eu teria.

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Comments

Eliandra Leal

Eliandra Leal

Aproveita gata, ele tá te dando o maior mole, já levasse chifre mesmo, então chifre trocado não dói.,😏😉

2025-07-31

15

Dulce Tavares

Dulce Tavares

aproveita e não chora mas pelo leite derramdo agora tá na hora de olhar pra frente nas coisas que vc vai fazer não no que vc poderia fazer mulher bola pra frente

2025-07-31

2

Dulce Tavares

Dulce Tavares

aproveita e não chora mas pelo leite derramdo agora tá na hora de olhar pra frente nas coisas que vc vai fazer não no que vc poderia fazer mulher bola pra frente

2025-07-31

1

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