...⚜️ ENTRE VINHOS...
^^^L A N N A ✧ D I A S^^^
Bebi. Bebi mesmo.
Mesmo dizendo para a Lu que não deixasse isso acontecer. Mesmo tendo prometido a mim mesma que não viria pra essa viagem pra esquecer a vida afundando o fígado em álcool. Mas não foi culpa dela. Não foi.
Era pra ser só uma noite leve. Música, risadas e um vinho ou outro. Mas bastou uma notificação para tudo desmoronar de novo.
Uma mensagem de um número desconhecido. Sem texto. Apenas uma imagem. Depois, vieram os vídeos.
Eu sabia que não devia abrir. Mas abri. E vi.
Vi meu marido — ou o que ainda restava dele — deitado com outra mulher na cama onde eu dormi por mais de vinte anos.
Ela estava nua, montada nele, como se fosse dona. Como se aquele corpo que um dia foi meu estivesse há tempos sob o comando de outra. E eu assisti. Assisti cada segundo, como quem se tortura por dentro.
Não senti raiva. Senti um buraco.
Como se tudo o que restava de mim tivesse sido puxado por um ralo invisível. Mesmo sem amor, mesmo sem desejo, ainda era meu marido. Ainda era meu nome ligado ao dele. E ver aquilo, me destruiu.
— Lanna, apaga isso, agora — disse Lu, tentando tirar o celular da minha mão.
— Já vi. Não tem como desver.
— Você não devia se importar com esse traste. Foi você quem pediu o divórcio, lembra? Não deixa ele te abalar.
Assenti. Mas a dor não veio com lógica. Ela veio com peso.
Lu pediu outra taça de vinho. Eu aceitei. Depois outra. E mais outra. Perdi a conta.
Ela me abraçava, falava coisas engraçadas, tentava me distrair, mas eu não conseguia parar de ver aquelas imagens queimando minha mente. Meu estômago embrulhado, meus olhos pesando. A música do bar soava distante, como se estivéssemos num mundo paralelo.
— Vamos, pediremos um Uber e vamos descansar um pouco — disse ela, já meio trôpega, mas ainda lúcida o suficiente pra me puxar da cadeira.
Pagamos a conta, e ela pediu ao rapaz do bar pra chamar um Uber. Eu mal conseguia manter os olhos abertos. Meus pés doíam, minha cabeça girava, e minha dignidade escorria junto com o suor da testa.
Foi então que ele apareceu. Rocco.
— Eu levo vocês — disse ele, a voz baixa e firme, sem espaço pra discussão.
— Não precisa, moço... — Lu tentou recusar, mas tropeçou nas próprias palavras.
— Eu insisto.
O carro dele estava estacionado na frente do bar. Uma Ferrari vermelha, brilhante sob a luz amarela do poste. Aquela máquina parecia deslocada da realidade — assim como ele.
Rocco abriu a porta com a naturalidade de quem tem o mundo aos pés. Lu entrou cambaleando e caiu no banco de trás, já soltando um:
— Nossa, esse banco é mais confortável que meu sofá.
Segundos depois, estava roncando.
Ela era pior que macho pra roncar.
Sério. Se tivesse um campeonato de ronco, ela ganhava fácil. Dei risada sozinha, o tipo de riso que vem quando a alma tá cansada demais pra chorar.
— Pode entrar — disse ele, me olhando.
Fiquei parada por alguns segundos. Meu corpo dizendo sim. Minha mente gritando não. E minhas mãos loucas para puxar aquela desvairada de dentro do carro e irmos caminhando. Mas eu entrei. Me sentei no banco do carona, ainda tonta, ainda em choque.
Ele entrou e ligou o carro. O ronco do motor foi tão sensual quanto a voz dele. Não sei explicar. Aquele carro parecia um prolongamento do homem que o dirigia. Potente. Perigoso. Silenciosamente letal.
— Qual o endereço? — perguntou ele.
Revirei os olhos, procurando alguma lucidez. Lu, ainda de olhos fechados, murmurou algo:
— Rua das Palmeiras... pousada número onze... não sei o resto, ele descobre.
— Já sei onde é — disse ele, como se tivesse um GPS instalado na alma.
A viagem foi silenciosa. O rádio tocava algo suave. O carro parecia deslizar sobre o asfalto. Meu corpo leve, minha cabeça flutuando. Olhei pela janela, tentando organizar os pensamentos, mas tudo estava bagunçado demais.
Senti o olhar dele sobre mim.
— Você tá bem?
— Não — respondi, sincera. — Mas vai passar.
— Foi por causa daquilo que recebeu no celular?
Virei o rosto pra ele, surpresa.
— Como sabe?
— Eu vi sua reação. Seu olhar mudou. Seu cheiro também.
— Meu... cheiro?
Ele assentiu, sem tirar os olhos da estrada.
— Pessoas mudam de cheiro quando estão com raiva, com medo ou com dor. Você ficou amarga de repente.
Tive vontade de rir. Aquilo era loucura. Mas ele disse de um jeito tão natural, tão certeiro, que me fez engolir seco. Será que ele é um alienígena? Não, talvez seja um vampiro que lê mentes.
— Você é sempre assim? — perguntei.
— Assim como?
— Intenso. Intimidador. Invasivo.
Ele sorriu, um riso bonito e atraente.
— Só quando me interessa.
Desviei o olhar.
Eu estava bêbada, mas não burra. E aquele homem... era perigoso demais pra ser ignorado.
Chegamos à pousada. Ele desceu, deu a volta no carro e abriu a porta pra mim. Cavalheiro demais. Confiante demais. Do tipo que assusta.
Lu ainda dormia como um urso hibernando. Ele a pegou no colo com facilidade, como se ela fosse leve como pena. Subimos as escadas, ele carregando minha amiga como se fosse a coisa mais comum do mundo.
— É esse o quarto? — perguntou.
Assenti. Ele abriu a porta com o cotovelo, entrou e a deitou na cama.
— Agora sim, silêncio absoluto — disse, rindo baixo.
Sorri também, sem forças pra falar nada. Entrei logo depois e sentei na ponta da cama.
Ele se virou pra mim.
— E você? Vai conseguir dormir?
— Não sei.
— Quer que eu fique?
A pergunta ficou suspensa no ar.
Parte de mim queria gritar não.
A outra queria pedir que ele deitasse do meu lado. Só pra eu sentir que ainda existia alguma coisa viva em mim.
Mas respondi:
— Não precisa.
— Quer caminhar um pouco pela praia? Talvez lhe faça bem. — ele convidou. — Não vou lhe fazer mal algum, garanto que sou um ótimo guia.
Eu ri, e depois de pensar por alguns instantes, eu aceitei o convite.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
claudia gomes
to pensando aqui quem poderia ter enviado fotos e vídeo da traição do marido pra ela. quem foi Naira? diga por favor!
2025-08-02
3
Gigliolla Maria
esse marido dela não presta .pq não deu o divórcio a ela
2025-07-31
10
Maria Sena
O safado não quer dar o divórcio a ela pra pagar de bom moço diante da família. Pra ele é comido ter uma mulher obediente, escrava, dependente. Assim é mais fácil pra ser humilhada. Os olhos da família do marido quem é errada é a mulher, sempre. O homem é o senhor certinho, principalmente se é o provedor da casa.
2025-08-02
3