⚜️ O COMEÇO DO FIM
^^^L A N N A ✧ D I A S^^^
Olhei para a minha amiga, que ainda estava ali, me observando com aqueles olhos esperançosos e fiéis de quem sabia que eu precisava de ajuda, mesmo quando eu ainda fingia que estava tudo bem enquanto reclamava.
Segurei suas mãos por cima da mesa e soltei uma respiração pesada, longa, como se tirasse de dentro do meu peito anos de silêncio engolido.
— Tudo bem, vamos. Nós vamos, amiga — confirmei, com um pequeno sorriso que eu já nem lembrava mais como dar.
Luciana sorriu grande, com os olhos brilhando.
— É assim que se fala, garota! Agente parte amanhã pela manhã. Passo na sua casa, cedo. Vamos lá, se anima! Quando você voltar, as coisas já vão estar mais suaves. A cabeça mais leve. Aí você conversa com ele de novo, quem sabe ele não te escuta, ou pelo menos entende. Vocês estão precisando esfriar a cabeça.
Eu balancei a cabeça, mesmo sabendo que aquele “vocês” já não existia mais. Eu não queria esfriar a cabeça para voltar ao mesmo lugar. Eu queria me encontrar. Me reencontrar. Me redescobrir. Sentir algo diferente de frustração. Algo que me lembrasse que eu ainda estava viva.
Voltamos para casa depois do café. Alberto ainda não havia chegado. Preparei minha mala com calma, dobrando as roupas como se cada dobra fosse uma despedida. Coloquei alguns vestidos leve, biquíni que não usava há anos, o vestido preto que Luciana sempre dizia que realçava minhas curvas e — como se fosse um símbolo de resistência — coloquei na bolsa aquela lingerie vermelha.
Não era mais para ele, é para mim, por mim.
Quando Alberto chegou já na parte da noite. Eu estava sentada no sofá com a TV ligada em qualquer canal. Ele passou por mim, me deu uma "Boa noite" sem olhar nos meus olhos e seguiu para o quarto.
Fiquei ali por mais alguns minutos, olhando para nada, antes de ir para o banheiro tomar banho depois me deitar. Dormi leve, pela primeira vez em semanas e meses.
Na manhã seguinte, o alarme do celular tocou às seis. Tomei um banho, vesti uma calça jeans confortável, blusa de alcinha branca e deixei os cabelos soltos. Apliquei só um pouco de rímel e um batom cor vinho. Eu não queria parecer outra mulher — só queria lembrar que eu ainda era eu.
Quando saí do quarto com a mala de rodinhas, Alberto já estava na cozinha tomando seu café e lendo um jornal.
— Vai embora? — perguntou sem me olhar.
— Vou viajar, preciso ficar fora alguns dias. Agente se fala depois.
Ele não respondeu. Apenas virou a página do jornal.
Saí pela porta com um gosto amargo na boca. Não por ele — por mim. Por ter aceitado tanto por tanto tempo.
Luciana já me esperava no carro com seu inseparável óculos escuros e uma garrafinha térmica de café. Ela sorriu quando me viu.
— Vamos sumir do mapa um pouquinho? Quero ver se meu namorado também não sente minha falta. Aquela bunda de tauba.
— Vamos — respondi, caindo na gargalhada enquanto ela abria o porta malas e coloquei minha mala dentro.
A estrada era longa até Búzios, mas o caminho parecia leve. Conversamos sobre coisas bobas, ouvimos música dos anos 90, rimos das histórias do passado. Aos poucos, eu fui me despindo da mulher frustrada que havia me habitado por tempo demais.
Quando passamos pelo letreiro da cidade depois de 4h de viagem, algo dentro de mim se aqueceu. Era como se eu estivesse entrando em um lugar onde Lanna, a verdadeira Lanna, ainda podia existir.
Luciana havia reservado uma pousada charmosa, com quartos simples, mas de bom gosto. Nosso quarto tinha duas camas de solteiro, uma varanda com vista para a rua de paralelepípedos e paredes brancas decoradas com quadros do mar.
Assim que joguei a mala sobre a cama, ela já estava abrindo o frigobar e tirando uma latinha de espumante.
— Vamos brindar à nova fase — disse, estendendo uma latinha pra mim.
— São dez da manhã, Lu.
— E daí? Hora certa pra recomeçar é agora.
Rimos e brindamos.
O dia passou leve. Fomos à praia, almoçamos frutos do mar em um restaurante à beira-mar e, no fim da tarde, caminhamos pelo calçadão enquanto o sol se punha. Eu me sentia leve. Leve e bonita. Como se algo em mim estivesse se ajeitando de volta ao lugar.
— Hoje à noite vai ter música ao vivo naquele barzinho que fica na esquina da praça. Vamos? Vai me dizer que vai querer ficar trancada no quarto? — ela provocou.
— Tá bom. Mas não me faz dançar e não me dá muita bebida.
Ela cruzou os dedos no ar e riu.
Voltamos para a pousada, tomamos banho e nos arrumamos com calma. Vesti um vestido estampado, soltinho, com um decote discreto e costas abertas. Nada demais, mas em mim parecia ousado. Um perfume leve. Rímel, blush. Me olhei no espelho e sorri. Ainda existia algo bonito ali.
Chegamos ao bar por volta das nove. A música estava ótima. Voz e violão ao vivo, mesas cheias, drinks coloridos e luzes amareladas que deixavam o ambiente mais íntimo.
Sentamos perto do palco. Luciana logo se envolveu em uma conversa com um grupo de mulheres animadas na mesa ao lado. Eu apenas observei. Sorri, balancei o corpo no ritmo da música e pedi uma taça de vinho branco.
Foi quando senti.
Aquela sensação estranha, como se alguém me observasse.
Levantei os olhos devagar, meio sem querer, e meus olhos encontraram os dele.
Na mesa mais ao fundo, encostado casualmente na cadeira, estava ele. Pele bronzeada, cabelo escuro bem aparado nas laterais e levemente bagunçado no topo. Mandíbula marcada, sobrancelhas grossas, e um olhar que parecia me despir com uma lentidão calculada.
Ele era absurdamente bonito, mas pelo jeito era novinho. Acho que tem seus 20 e poucos anos.
Eu desviei o olhar rapidamente, envergonhada com a própria reação. Dei um gole no vinho e tentei me distrair com a conversa da Luciana. Mas era impossível. Sentia o olhar dele em mim como se fosse uma brisa quente que encostava na pele.
— Você viu aquilo? — sussurrou Luciana, se inclinando até mim.
— O quê?
— O gato ali no canto. Tá te encarando como se fosse jantar. A cada golada de bebida, ele te olha.
— Para, Lu…
— Não tô brincando, é sério.
Não respondi. Só ri e continuei bebendo. Tentei não olhar de novo. Tentei, juro. Mas algo me puxava de volta. E quando meus olhos se encontraram com os dele pela segunda vez, ele sorriu. Um sorriso lento, seguro, provocante.
Um arrepio subiu pela minha nuca.
Era só um garoto. Mais jovem, claramente. Bonito demais pra estar olhando pra mim. Mas ele não apenas olhava — ele me escolhia com o olhar.
Senti a mão de Luciana tocar meu braço.
— Vamos dançar. Agora.
— Lu…
— Não dá mais pra fugir. Vem.
Ela me puxou pela mão até o espaço em frente ao palco. A música era suave, romântica. Um ritmo gostoso de dançar com os olhos fechados. E mesmo constrangida, eu me deixei levar. Balancei os quadris devagar. Fechei os olhos. E quando eu os abri, ele estava em pé.
Veio caminhando devagar. Cada passo dele tinha firmeza, propósito. As pessoas pareciam abrir espaço sem ele pedir. E quando parou a poucos passos de mim, a música parecia ter desaparecido.
— Você é a mulher mais linda desse lugar.
A voz era grave, firme, levemente rouca.
Fiquei muda.
Ele estendeu a mão.
— Me concede essa dança?
Olhei para Luciana. Ela estava de olhos arregalados, mas com um sorrisinho de canto. Dei um passo. Segurei a mão dele. E quando ele me puxou com suavidade para mais perto, percebi: aquele garoto dançava como um homem. Como um homem que sabia o que queria.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Dulce Tavares
ele sabe o que quer se joga mulher aproveita esse final de semana como nunca depois é só dá os papéis do divórcio para o boiola do seu marido sem sal pra mim já é um ex
2025-07-31
6
Maria Cruz
Bunda de tábua 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
Eu e minha colega de trabalho apelidamos um colega no trabalho de BUNDA NAS COSTAS 🤣🤣🤣🤣🤣
2025-08-06
0
Maria Sena
Nossa, tô me vendo na pele da Lanna, só que a 20 anos atrás, vivi mais ou menos o que ela tá vivendo. Aos olhos de alguns é loucura, mas é uma sensação única, a pessoa se sente viva, bonita, é surreal. Não se trata do outro ser mais jovem, mas sim ser vista, valorizada, se sentir viva.
2025-08-02
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