Capítulo 3

⚜️ A PRIMEIRA TENTAÇÃO

^^^R O C C O ✧ V I T A L E^^^

Vinte cinco anos.

A maioria das pessoas acha que essa idade é sinônimo de imaturidade, impulsividade, gente perdida entre a faculdade e os próprios medos.

Não é o meu caso.

Aos vinte cinco, eu já vi gente morrer.

Já dei ordens que tiraram vidas, já sentei à mesa com homens que controlam metade do que entra e sai da América do Sul, já fiz dinheiro demais pra idade que tenho. E já aprendi que ficar calado é muito mais eficiente que a violência — embora eu saiba usar os dois.

Meu nome é Rocco Vitale. E por mais que esse nome carregue sangue europeu, minha história começa do lado de cá do oceano.

Nasci no Brasil. Meu pai, Roger Vitale, teve um caso com uma mulher brasileira — linda, rebelde e intensa. Uma mulher que, segundo dizem, foi a única capaz de mexer com ele. Mas ela morreu no parto. E eu, recém-nascido, fui deixado aos cuidados de um homem que nunca soube amar. Mas soube me moldar desde cedo. Meu pai.

Roger me criou no grito silencioso dos poderosos. Nunca me bateu, nunca me abraçou, nunca me disse “eu te amo”. Mas me ensinou a dominar uma sala com um olhar. A medir o tempo certo de agir. A calar a voz dos outros com a minha presença.

Aos dez anos, ele me tirou do Brasil e me levou para Barcelona, onde fui educado entre a elite. Enquanto crianças da minha idade sonhavam em ser astronautas ou jogadores de futebol, eu estudava rotas de contrabando e fluxos de lavagem de dinheiro.

Cresci entre vinhos caros, festas privadas, homens armados e mentiras refinadas. Eu era o mais novo entre meus meio-irmãos, mas fui o único com estômago e cabeça fria o bastante pra carregar o legado da família Vitale depois que Roger morreu. Enquanto isso, meus irmãos se afundavam em drogas e mulheres, eu observava em silêncio, aprendia e esperava minha vez. Hoje sou o único que sobrou da família Vitale, porque eles fizeram tantas merdas, que acabaram morrendo com uma bala na cabeça por máfias rivais. Cacei todos e vinguei a morte dos dois. Mesmo sendo quem foram, eram minha família, eram um Vitale.

Aos dezesseis, fiz minha primeira entrega pesada — armas para um grupo paramilitar na fronteira da Sérvia. Aos dezoito, fui para o Panamá para supervisionar rotas disfarçadas de exportações legais. E agora, aos vinte cinco, voltei ao Brasil — não como o filho órfão de uma mulher esquecida, mas como o homem responsável por um dos braços mais importantes do império que meu pai deixou pra mim.

Estou no Rio de Janeiro há seis meses. Instalado em um condomínio fechado e luxuoso no Joá, em frente ao mar. Vista privilegiada, segurança triplicada e privacidade garantida. Sempre venho a Búzios quando preciso resolver certas coisas. Esse lugar é bom pra negócios que não podem aparecer em contratos.

Minha missão aqui é simples: fortalecer os laços com um grupo de empresários brasileiros que operam em hotéis e empreendimentos imobiliários na costa. A parte visível do negócio é limpa, elegante e charmosa. A parte invisível, essa carrega o cheiro da sujeira que ninguém quer enxergar.

Turismo de fachada. Lavagem milionária. Influência política. Esse é o verdadeiro crime.

Não o que sobe o morro armado, mas o que compra políticos e edita leis por debaixo da mesa.

Eu sou o nome por trás do acordo. O rosto que não aparece. Nada está no meu nome. Tudo está sob o controle dos meus laranjas, meus códigos, meus arquivos trancados em nuvem criptografada. E se alguém ousar atravessar meu caminho, não dura pra contar.

Mas naquela noite, em Búzios, meus pensamentos não estavam no dinheiro, nem nos contratos, nem nas contas. Naquela noite, eu só queria respirar.

Negócios fechados com um velho policial aposentado que trabalha pra mim como informante. Tudo sob controle.

Sentei em um bar qualquer, pedi um Jameson com gelo, me encostei na cadeira e deixei o mundo passar.

Foi quando eu a vi.

Ainda não sabia o nome. Nem de onde era. Nem o que fazia. Mas algo nela capturou minha atenção de forma imediata. Era como se o mundo inteiro tivesse desaparecido, e só restasse ela no meu campo de visão.

Estava sentada com uma amiga, rindo discretamente de algo. Não era escandalosa. Não buscava atenção. Mas chamava todos os olhares mesmo assim — sem querer. Ou talvez por isso mesmo.

Cabelos longos, castanhos, soltos. Olhos grandes, vivos, mas com uma sombra.

Carregava uma beleza que não se vê mais hoje em dia. Era o tipo de mulher que exala desejo sem perceber. Que viveu coisas. Que não se contenta com pouco. Ela é madura e bonita, fodasticamente bonita.

Tão diferente das meninas da minha idade que costumo encontrar. Tão fora do padrão, tão dona de si mesmo sem saber. E isso me atraiu.

Observei por tempo suficiente pra decorar os gestos. O modo como levava a taça à boca, como cruzava as pernas, como olhava para o nada quando a amiga virava o rosto.

Estudei ela nos mínimos detalhes.

Ela notou que eu a observava, desviou os olhos.

Depois voltou e ficou. Foi o momento em que a amiga puxou ela pra dançar. Tomei o líquido do copo em um gole, levantei sem pressa e caminhei até ela.

Parei diante dela, inclinei o rosto e deixei a voz sair firme.

— Você é a mulher mais linda desse lugar.

Ela piscou devagar. Me olhou como se tentasse entender se era real.

Estendi a mão.

— Me concede essa dança?

Ela pareceu pensar por um segundo. Mas depois aceitou. Sua mão na minha era quente, suave e segura.

E então dançamos.

No meio de um bar de praia qualquer. Com uma música qualquer. Mas nada naquele momento era qualquer coisa.

Ela cheirava a mar e vinho branco.

Tinha o corpo firme, mas sensível ao toque.

E mesmo sem dizer muito, dizia tudo com o olhar.

Desejo, medo, confusão e fome.

Eu sentia o corpo dela se entregar, mesmo que a mente resistisse. E isso só tornava tudo mais delicioso.

Inclinei meu rosto até perto do dela. A respiração dela bateu quente na minha pele.

— Como se chama?

— Lanna — disse.

Lanna.

O nome dela é bonito, forte e combinava com ela.

— E você? — ela perguntou, com a voz baixa.

— Rocco.

Ela arqueou uma sobrancelha. A primeira faísca de provocação que vi.

— Italiano?

Sorri de canto.

— Digamos que venho de longe. E que estou de passagem por aqui.

Ela assentiu. Mas os olhos me diziam que ela queria perguntar mais. Queria saber quem eu era. Porque eu estava ali. O que eu queria.

Ela dançou comigo até o fim da música. Depois, se afastou devagar.

— Foi um prazer, Rocco, mas eu preciso voltar pra minha mesa.

Ela me virou as costas antes que eu pudesse segurar sua cintura.

Mas tudo bem.

Voltei pra minha mesa, não consegui tirar os olhos dela o resto da noite. Vi quando pediu outra taça. Vi quando olhou pra mim de novo — mesmo tentando disfarçar. Vi quando riu, mas depois mordeu o lábio como se se odiasse por isso.

Ela estava tentando se proteger, mas eu já havia invadido. E se tem uma coisa sobre mim que o mundo ainda não entendeu, é que eu não aceito um não. Principalmente quando o que está em jogo é tudo o que meu corpo e minha mente pedem com urgência. E agora, eles só pedem por ela.

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Comments

Sônia Ribeiro

Sônia Ribeiro

Ui tá ficando bom ♥️♥️🔥🔥🔥👏👏👏👏👏

2025-07-31

4

Dulce Tavares

Dulce Tavares

não desiste mesmo Rocco ela também precisa kkkkk

2025-07-31

2

Cristina Santos

Cristina Santos

O Rooco tá ligado no botão CAÇADOR e a caça é a Lenna . O novinho tá puro fogo 🔥 🔥 🔥 🔥 🔥 🔥 kkk

2025-08-02

1

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