Luna

|  Dustin Armstrong |

Para Dustin, estar de joelhos, com a cabeça apoiada no colchão macio, envolto em lençóis de seda vermelha, totalmente entregue a duas dominatrix, era algo que beirava o insano. Mas se fosse para definir o que sentia em uma única palavra, certamente não seria arrependimento. Era libertador.

— Ah... Meu Deus... — um gemido escapou de seus lábios quando o couro do chicote estalou em sua pele, quente, quase queimando.

— Acho que eu não dei permissão para que você gemesse, docinho. — Luna, impecável em seu terno preto, ergueu o braço novamente, a sombra do chicote dançando no ar antes de se abater sobre sua nádega. O som do impacto se misturava ao tremor de prazer que percorria a espinha de Dustin. — Precisa aprender a ser obediente, neném.

— Acho que isso vai ajudá-lo a lembrar, Luna. — A voz de Solis, com seu tom aveludado, soou atrás dele, tão próxima que ele pôde sentir o perfume floral misturar-se ao suor quente de seu próprio corpo.

— Oh, excelente ideia, Solis. — Luna sorriu, girando o punho com destreza antes de mais uma chicotada se espalhar pelas bandas já avermelhadas de Dustin. O grito foi abafado pelo lençol. Se soubesse que sentiria tamanho prazer naquela submissão, teria se aventurado há muito mais tempo.

Um leve estalido de salto preencheu o silêncio entre as batidas do chicote. Um líquido morno escorreu, escorregando pela curva exposta de suas costas, escorrendo até as nádegas. Arrepiado, Dustin arqueou as costas, os braços atados aos tornozelos, vulnerável como nunca. E ainda assim, desejava ver. Ver o que aquelas duas mulheres mascaradas pretendiam fazer.

— Você veio até nós para domar seus impulsos mais destrutivos, docinho... — Luna sussurrou ao seu ouvido, a ponta do chicote roçando de leve sua pele. — É assim que vamos quebrar esse seu jeitinho arrogante. Qual é mesmo a sua palavra de segurança, meu anjo?

Ele respirou, mas a hesitação era evidente. Não tinha certeza se podia responder.

— Está autorizado a falar, querido. — Solis interveio, seus dedos — frios sob a renda da luva — roçaram o contorno sensível de sua entrada. Dustin estremeceu, tentando inclinar o quadril em busca de mais contato.

— Lo-Londres... — murmurou, a palavra escapando rouca, arrancando sorrisos quase ternos de ambas.

— Tão necessitado... — Solis sussurrou, deixando o indicador mergulhar apenas o suficiente para provocar. O toque suave da renda contrastava com o ardor que queimava sua pele pelas chicotadas.

Em segundos, o toque foi substituído por algo mais cheio, firme. A pressão do dildo deslizou para dentro dele, tão macio quanto uma pena — até expandir-se de repente. Um sussurro entre prazer e surpresa escapou de sua garganta. Cada estocada sincronizava-se ao estalo do chicote, uma dança de prazer e dor, sua respiração se tornando mais errática enquanto o objeto pulsava contra sua próstata, arrancando gemidos contidos, cada vez mais altos.

〰〰

| Evanna Francis |

Evanna mordiscava o lábio inferior enquanto a água quente do chuveiro escorria sobre seus ombros. O vapor encobria parte do espelho, mas na memória, tudo ainda era vívido: o jeito como ela e Chloe haviam levado Dustin Armstrong ao limite naquela noite. O êxtase era uma fagulha viva em suas veias.

Tinha consciência de que o despertador soaria cedo, de que ainda precisaria ajudar a mãe na confeitaria antes das aulas, mas por ora, deixava-se perder na lembrança. Fazer aquilo com Chloe era seu pequeno refúgio, sua janela para um mundo onde tudo parecia menos monótono, menos cinza.

Assim que se enfiou na cama, sentiu um peso felpudo se enroscar sob o edredom. Um focinho acinzentado emergiu entre os lençóis.

— Leonard... — suspirou, rindo baixinho. — Seu gato malandro...

Passou os dedos pela pelagem fofa, sentindo o ronronar do bichano vibrar sob sua mão. Leonard era sua constante, seu porto seguro silencioso em meio a tudo.

— Não me olha assim, Leo. — Ela afundou o rosto na fronha. — Eu sei, tenho estado ocupada. Mas quem sabe amanhã?

O gato fechou os olhos, ronronando mais alto.

— Tá bem, você ganha. Mas trate de sumir antes da dona Layla acordar, ou vai ter sermão. E nós dois sabemos que não queremos isso, não é?

〰〰

Na manhã seguinte, Manchester parecia ter se vestido para o Natal. As casas exibiam guirlandas iluminadas, enquanto uma fina camada de neve transformava as ruas num cenário de cartão postal. Para Evanna, aquela era a época mais bonita do ano, mesmo que fosse também a mais caótica para provas, trabalhos e sua rotina na livraria.

Dentro da Sweet Francis, o cheiro doce das tortinhas de frutas se misturava ao café fresco. Evanna ajeitava os arranjos de bolos na vitrine quando sua mãe se aproximou, rindo.

— Seria pedir demais guardar uma tortinha para sua filha favorita? — provocou Evanna.

— Claro que não, Evy. — Layla afastou uma mecha do cabelo castanho da testa da filha. — Mas seria pedir demais que não trabalhasse até tarde naquela livraria hoje?

— Mãe, eu já expliquei. A livraria ajuda a pagar meu crédito estudantil. Qualquer extra é bem-vindo.

— Eu sei, querida. — A mulher suspirou, indo até a porta para ajeitar a placa de “Aberto”. — Mas que vida é essa? Quando vou ganhar um genro? Preciso mimar alguém além de você, Bonnie, seu pai e George!

Evanna revirou os olhos, preparando-se para responder quando ouviu o inconfundível som de saltos ecoarem na entrada. Chloe entrou com a habitual elegância, terninho de corte impecável, o batom vermelho um convite discreto ao escândalo.

— Bom dia. — Chloe sorriu, tirando as luvas enquanto Layla se apressava a atendê-la.

— Bom dia, Senhora Parker! — Layla sorriu de volta, animada, já preparando o café duplo e o brownie de amêndoas que Chloe pedia todas as manhãs.

— Já pedi para me chamar de Chloe, Layla. — Chloe disse com um tom suave.

— Oh, querida, é complicado. Além de cliente, é a chefe da Nanna — Layla lançou um olhar divertido à filha, que apenas estreitou os olhos, suspirando. Chloe riu.

— Mãe... sem apelidinhos, por favor — murmurou Evanna, de braços cruzados atrás do balcão.

— Não somos estranhas, Nanna — retrucou Chloe, piscando para ela.

— Aqui está seu pedido, querida — disse Layla, entregando o copo fumegante e o pacotinho de papel. — Um dia traga seu marido e seu filhinho para um chocolate quente. Nanna vai adorar.

Evanna suspirou. Se Layla soubesse o que acontecia nas noites de terça e quinta… certamente não estaria convidando a família Parker para tortinhas.

Chloe pagou, agradecendo com um sorriso polido. Ao sair, Evanna foi atrás, segurando a porta.

— Você deveria achar outro café para frequentar, Senhora Parker.

Chloe virou-se, a risada silenciosa brilhando nos olhos verdes.

— Talvez devesse. Mas começar meu dia vendo você assim… é deliciosamente satisfatório, Nanna.

Evanna virou os olhos, as bochechas levemente coradas.

— Vá se foder.

— Essa é a ideia — devolveu Chloe, antes de sumir pela rua.

⚫⚪〰〰⚪⚫

| Dustin Armstrong |

Morar sozinho em outro país era uma liberdade quase perigosa — e Dustin a usava bem. Não devia satisfações a ninguém, muito menos à mãe, uma CEO ocupada demais tentando driblar o tempo com clínicas de estética e jantares de negócios. Seu pai, bem… esse existia apenas em fotos antigas.

Festas, bebidas, sexo e luxo eram os remendos que ele usava para tapar os buracos da sua solidão. Funcionava — na maior parte do tempo.

— Você tá no mundo da lua, vadia. — A voz de Pâmela o tirou dos devaneios. Estavam na última aula de Legislação, os olhos dele presos a nada.

— Estou divagando — murmurou, ajeitando a postura.

— Divague depois. Quero saber da sessão de ontem. — Pâmela cruzou as pernas, o olhar curioso e malicioso. — Você fez suspense o dia todo.

— Não vou te dar detalhes. Você enlouqueceu? — Ele se levantou assim que o professor deu a aula por encerrada.

— Acha mesmo que eu não aguento? — Pâmela riu, pegando as apostilas. — Já fizemos coisas bem piores, Dus. Não seja pudico.

— Você é estranha.

— Por isso você me ama — rebateu ela, jogando os cabelos para o lado ao avistar um alvo interessante. — Olha lá quem vem vindo…

Alex Parker aproximava-se pelo corredor, falando ao telefone. O professor era a perfeita personificação de charme maduro — cabelos loiros já com fios grisalhos, olhos azuis, terno impecável. Dustin precisava admitir: o homem era mesmo atraente.

— Bom dia, Professor — disse Pâmela, sorrindo com sua pose mais sedutora. Alex retribuiu o sorriso, piscando um olho.

— Bom dia.

Quando o professor sumiu pelo corredor, Dustin sacudiu a cabeça, divertindo-se.

— Você realmente não presta.

Pâmela deu de ombros, orgulhosa.

— E é por isso que somos amigos.

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